Sob domínio das Forças das Trevas

O livro “Leviatã” de Thomas Hobbes é dividido em quatro partes, sendo que a quarta parte é dedicada a comentários sobre o Reino da Trevas.

No capítulo XLIV o autor se refere a Satanás como o “príncipe deste mundo” e aos que estão sob seu domínio como “filhos das trevas” em oposição aos “filhos das luz”.

Ele diz também: “Pois dado que Belzebu é o príncipe dos fantasmas, habitantes de seu domínio de ar e trevas, filhos das trevas e estes demônios, fantasmas, ou espíritos de ilusão, significam alegoricamente a mesma coisa. Posto isto, o reino das trevas, tal como é apresentado nestes e outros textos das Escrituras nada mais é do que uma confederação de impostores, que para obterem o domínio sobre os homens neste mundo presente, tentam por meio de escuras e errôneas doutrinas, extinguir neles a luz, quer da natureza, quer do Evangelho, e deste modo desprepará-los para a vinda do reino de Deus.”.

Não importa se acreditamos em Deus e no Satanás, nós temos a capacidade de “materializar” qualquer entidade espiritual através de nossos atos, basta que orientemos nossas atitudes de acordo com as que “doutrinas” que elas representam.

Qual é a diferença se existe ou não o Satanás se nós nos dedicarmos a praticar atos que invariavelmente leva ao sofrimento de algumas ou milhões de pessoas, como já aconteceu em várias épocas da História da Humanidade pela ação de psicopatas que governaram países? Os atos desses governantes que levaram à morte ou sofrimento dezenas de milhões de seres não estavam de acordo com o propósito das Forças das Trevas, sendo elas fictícias ou reais? O fato de ainda haver povos subjugados pelo Comunismo e uma guerra sem sentido em andamento entre Rússia e Ucrânia não é ação do Grande Mal? Termos um presidente que apoia ditaduras e um psicopata que é responsável pela morte de talvez mais de 150 mil pessoas, entre soldados russos e ucranianos e civis ucranianos não é sinal que ele está a serviço das Forças da Trevas? E seus milhões de seguidores não seriam “filhos das trevas”?

Para completar o ciclo da maldade, esses “filhos das trevas” praticam um ativismo no qual eles cobram dos “filhos das luz” um comportamento sem máculas, absolutamente impecável enquanto prosseguem decididos nas suas pautas materialistas e destrutivas.

Eles dizem a todo momento que os religiosos não seguem os próprios ensinamentos, que as igrejas tem padres e pastores que praticam pedofilia, roubam e enganam os fiéis, etc.

Ora, somos todos imperfeitos e consequentemente nossas instituições também o são, mas tomar exceções como regra é evidente exercício de má-fé e esta sim, é uma constante nos “filhos das trevas”.

Porém, em última análise fica fácil distinguir os que estão de um lado e os que estão de outro, pelo simples comportamento de se mostrar preocupação com o aperfeiçoamento material e espiritual e amor a verdade ou como disse Thomas Hobbes, visando “por meio de escuras e errôneas doutrinas, extinguir neles a luz, quer da natureza, quer do Evangelho, e deste modo desprepará-los para a vinda do reino de Deus.”.

Quanto ao “reino de Deus”, ele não precisa ser exatamente o paraíso perfeito com o qual muitos sonham, basta por enquanto que ele seja um Brasil onde as Forças da Trevas não prevaleça sobre os “homens de boa vontade”, como está acontecendo agora.

As pessoas que acreditam em Deus com certeza também acreditam que Ele não está aprovando a atual situação do país e os que não acreditam na existência Dele mas que mesmo assim podem ser chamados de “filhos da luz”, também não devem estar felizes nesse momento.