Relato 64) - Santo Daime: Igreja Terra do Sol - Gira de Primavera (na mata), com hinário "O Livrinho do Apocalipse - Pad. Valdete" - (24/09/2023)

 

NOTA: Esta igreja fica em Mairiporã-SP (@terradosolreal), tem seus fundamentos na doutrina do Santo Daime, mas não é filiada ao Cefluris (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra). É uma igreja independente

 

Meu próximo trabalho seria só no dia 15/Outubro-Gira de Erês, mas quando vi no instagram (terradosolreal) que neste trabalho seria cantado o hinário do Padrinho Valdete, na hora eu já sabia que iria, rsrs

Este hinário é lindo, poderoso, mas bem difícil de ser cantado.

 

O trabalho estava marcado para iniciar às 06:00 (isto mesmo: 06:00 da manhã de Domingo!, rsrs)

Acordei às 04:00, saí de casa às 05:00 e cheguei na igreja às 06:10.

Eu não tinha este hinário em papel, mas tinha lá para vender, que bom. Dei a minha contribuição e comprei dois hinários, um para mim e outro para minha esposa.

Eu nunca tinha feito um trabalho lá na clareira, não conhecia esta parte da igreja.

Estava assim: a fogueira no centro, as cadeiras em volta, o altar com muitas frutas, o despacho do daime mais acima, os músicos e as puxadoras aos pés de uma pedra enorme, com uns 3 metros de altura.

Cheguei apenas na hora do trabalho, mas os irmãos mais ativos desta irmandade passaram o sábado organizando tudo. Muitos pernoitaram dentro da igreja.

Imagina, limpar a clareira e o acesso a ela, levar tudo lá para baixo: cadeiras, instrumentos e tambores, o altar e as frutas, o sacramento e os copos, bebedouros/agua, e tanta coisa mais...

Formosos soldados da Nossa Rainha, um dia espero fazer parte deste pelotão.

O trabalho começou às 06:40, com o Astro Rei já chegando por entre as árvores.

3 Pai Nosso, 3 Ave Maria e estava aberto o trabalho.

O daime foi servido em uma plataforma acima da clareira, embaixo de duas tendas.

Primeiro copinho cheio, como sempre.

Cantamos uns 5 hinos iniciais e depois entramos no hinário do Padrinho Valdete.

Não estudei a fundo este hinário, por isto cantei baixinho, no estudo. 

Depois de algum tempo a força veio chegando, a princípio devagarinho, mas dependendo do hino, vinha com tudo.

Eu já não conseguia mais cantar. Coloquei o hinário de lado.

Chegou a hora da Verdade, rs.

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Já me perguntaram como é quando a Força chega.

Vou dizer como acontece comigo, por minhas próprias experiências.

A Força é carinhosa, compreensiva, gentil, mas no ápice Ela vem mostrar que você não o que você acredita ser.

E não dá para a Força ficar dialogando com a mente, pois a mente é totalmente antagônica à Força.

Por isto a Força chega chegando mesmo, fazendo limpeza se for necessário (não é passar mal, é deixar o mal passar por você).

E se você não se rende... sofre... desnecessariamente.

O melhor a fazer é calma-mente observar a respiração, isto coloca a mente um estado de ausência e o divino pode tomar conta da consciência.

Fica tranquilo... o retorno é garantido. Entregue-se à sua Verdadeira Natureza.

Apenas... Observa.

Claro que às vezes dá um medo lascado, kkkk. Mas presta atenção no hino, ouve o que ele está te dizendo. Observa o Divino se manifestando como você.

Que grande ilusão é uma consciência à parte da Consciência de Deus, rsrs.

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Bem, continuando..

A Força chegou com tudo, me elevando para outros planos da consciência.

É até engraçado: sinto o corpo formigando, o coração acelera, a respiração fica muito curta, Aquilo vai se apossando da minha consciência, tomando conta "de mim".

Neste ponto não existe mais "mim", rs. Só existe Ele, o Onisciente, o Onipotente, o Onipresente.

Comecei então a entrar naquele estado de dispersão: sinto mente e corpo se desfazendo em nada, se misturando com aquele infinito mar de energias.

A mente perguntou: "Onde estou eu?". A resposta foi "Que eu? Só há um Eu. Você deve estar falando de você. Você só existe para você"

Foi só querer entender e comecei a enjoar de leve, mas me firmei nos hinos e voltei para o Verdadeiro Eu.

Comecei a trabalhar mas tive que me levantar e ir buscar forças em uma árvore. Era uma bela árvore, com as raízes à mostra (ali já soube que ela seria utilizada no trabalho)

Quando toquei nela e fechei os olhos já me misturei com tudo. Árvore, terra, sol, lua, estrelas, viajei pelo cosmos.

Voltei para o meu lugar e continuei trabalhando no astral.

Foi anunciado então o segundo despacho do daime. Só que desta vez os fiscais viriam até cada um e serviria o sacramento em copinho plástico de 50 ml.

Eu estava trabalhando ainda, mas consciente do ambiente. Quando chegou na minha vez, o irmão que despacha o daime serviu meio copinho (eu sempre pedia menos neste segundo despacho), mas o ser que estava atuando em mim pediu para ele encher, rsrs

Tomei o daime e devolvi o copinho.

Voltei para o meu lugar e continuei trabalhando no astral.

Não foi fácil segurar a Força deste segundo daime, mas me firmei e segui trabalhando.

Em algum momento cantaram este hino, bem no ápice da força

 

O Princípio E O Meio # 11

Eu sou o significado

Deste mundo existir

Sou o princípio e o meio

Nunca posso ser o fim

 

Só transformo e utilizo

O que está ligado em mim

Porque eu sempre começo

E como posso ser o fim

 

Bendito louvado esteja

Quem está ligado em mim

 

Eu sou o Onipotente

Sou a Luz incandescente

Que brilha neste jardim

 

Eu protejo os meus filhos

Mas para não ter empecilho

Tem que estar bem ligado em Mim

 

Que poder desceu sobre mim. Eu era todo este infinito mar de energias, que não tinha começo e nem fim.

Esta Força me levou a andar por todo o terreiro. De olhos abertos eu não via nada em suas formas como as veria com os olhos humanos. Tudo estava diferente, brilhando. Nada parecia real. A qualquer momento parecia que aquilo tudo iria se desfazer.

Quando ia voltando para o meu lugar, começou o hino abaixo:

 

As Seguranças Do Céu # 12

Papapapaparuê

Papapapaparuá

 

Vou chamar neste terreiro

Ogum da Mata Ogum do Mar

Também vou chamar aqui

As seguranças do Céu

 

São Miguel, São Gabriel

Junto com São Rafael

Para vir nos ajudar

A seguranças do quartel

 

Para só poder entrar

As falanges que vem do Céu

E não poder penetrar

As falanges de Lúcifer

 

Para isto é preciso

Sermos soldados fiéis

Para poder merecer

A seguranças do Céu

 

Voltei a caminhar pelo terreiro, totalmente transfigurado para estas forças.

Antes de chegar ao meu lugar passei por aquele árvore e o ser que estava atuando através de mim se abaixou e colocou alguma coisa aos pés da árvore.

Quando começou o trabalho o Sol estava filtrado pelas árvores ao redor, mas em determinado momento parece que grudou no firmamento, rsrs.

Comecei a me incomodar com o sol forte, pensei em mudar de lugar mas não consegui sair dali.

A mente querendo água a toda hora, dizendo que estava muito sol (engraçado, ela não se importa com o sol escaldante na praia, kkkk)

Olhei as puxadoras, os músicos, todos a maior parte do tempo de frente para o sol, e me firmei na Firmeza deles.

Permaneci sentado, imerso e disperso pelo astral, trabalhando de acordo com os hinos que eram cantados.

Em determinado momento percebi que o cruzeiro (cruz do Santo Daime) que levo no pescoço, quebrou.

Peguei por baixo da camisa e vi que uma trave da cruz (a maior, de baixo) havia se soltado.

Recebi instrução para não colar novamente. Assim o cruzeiro ficou apenas com a trave menor (a de cima). Coloquei no pescoço novamente e desde então uso assim.

Terminou o hinário do Padrinho Valdete e começou a gira

Neste momento, saem os músicos entram os tambores.

Assim que começou já fui para o meio da gira, trabalhando nas força de Oxossí e seus caboclos

Depois começou a defumação e quando cantaram o ponto abaixo, fui tomado pela forças destas duas bruxas (bruxas mesmo, rsrs)

 

"Vejo duas bruxas

Sentadas lá na fogueira

Queimando Alfazema/Alecrim/Santa Maria

Pra defumar floresta inteira

 

Vejo duas bruxas

Sentadas la na fogueira

Queimando Alfazema/Alecrim/Santa Maria

Pra defumar

 

Defuma defuma

Defuma essa erva santa

Chamo as ancestrais

De dentro dessa planta

 

Defuma defuma

Defuma essa erva sagrada

Para abrir os caminhos

Da nossa caminhada"

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Olha só, o terreno onde foi feita a clareira não é plano. Trabalhei a gira inteira subindo e descendo por aquele terreno.

Quando terminou o trabalho ( e mesmo em casa, ou nos dias seguintes) parece que o corpo nem se submeteu a tamanho esforço.

Mas é como diz o hino "Deus é quem me domina, em Deus é que eu tenho fé, porque Ele é quem me determina, e É quem me mantém em pé"

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Trabalhei em todas as linhas, e todas elas iam olhar "a coisa" que aquele ser colocou aos pés da árvore (com os olhos físicos eu não via nada, mas sabia que tinha alguma coisa ali)

Atuado por estes seres o corpo dançava, trabalhava, fazia gestos intrincados com as mãos, em outros momentos a consciência se elevava mais, a Coisa pegava mesmo e eu era conduzido para mais perto da fogueira.

Mas quando começou pontos para o povo das águas, a Força me retirou para fora da gira, em um lugar na clareira que parecia ter sido preparado para este momento: uma cabaninha formada pela mata, com três pedras.

Fiquei sentado ali, apenas observando, imerso no mar de energias do povo d'agua.

Quando começou os pontos para a linha da esquerda "eu" me levantei e fui até o despacho tomar mais um pouco de daime. Pedi na primeira risca.

Voltei para o terreiro e comecei a trabalhar na linha da esquerda. Trabalhei bastante com nossos amigos Exús.

Na chamada das pombogiras senti suas energias, sua alegria. Trabalhei com elas também, o tempo todo andando de "salto alto", kkkk.

Que lindas... quanto amor....

Aos poucos a Força foi se esvaindo, mas eu ainda estava com um pé no astral, rsrs

Terminou a gira, e os músicos se posicionaram para cantarmos os hinos de encerramento.

Trabalho concluído, missão cumprida.

Terminou às 12:30

Entre alguns recados a direção do trabalho informou que:

- As frutas do altar eram para ser consumidas

- As irmãs mais ativas da casa iriam fazer um almoço para todos (que primor esta corrente...)

- Para ajudar, seria importante que todos levassem ao menos a sua cadeira até a igreja e os que pudessem que ajudassem a levar o restante das coisas.

Quanta coisa tinha para levar lá para cima, mas eu não estava em condições de ajudar.

Fiquei ali sentado por uns 30 minutos, recebendo instruções do astral e aproveitando o restinho da força. Depois fui no altar, peguei uma maça e comi.

Peguei então umas 4 ou 5 cadeiras e comecei a subir o morro. Meu Deus, para descer foi fácil, mas é um morro mesmo, rsrs

No meio do caminho achei que não ia conseguir, mas pedi força para o caboclo e senti ele tipo se acoplando em mim, aí ficou leve, rsrs.

Alguns irmãos jã estavam se servindo do almoço, preparado com amor pelas meninas.

Que primor... pena que não consegui comer.

Fui embora por volta das 14:00.

Cheguei em casa, tomei um belo banho e almocei.

Depois do almoço deitei um pouco mas não dormi.

Na segunda fui trabalhar e passei o dia como em um sonho, rsrs.

 

O que Isto faz com o meu dia a dia? Já não existo mais. Isto Vive "a minha vida"

Isto tem muito mais capacidade de cuidar de tudo bem melhor que eu faria. Então... para que querer viver à parte Disto? Lutando contra Isto?

Que grande confusão em que a humanidade se meteu, rsrs. Mas não quero mais ser vítima deste engano milenar.

Já não me sinto mais no corpo. Observo com interesse este Eu fazendo tudo, rsrs. É lindooooo.