Relato 65) - Santo Daime: Igreja Terra do Sol - Círculo Sagrado - (28/10/2023)

NOTA: Esta igreja fica em Mairiporã-SP (@terradosolreal) , tem seus fundamentos na doutrina do Santo Daime, mas não é filiada ao Cefluris (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra). É uma igreja independente, com calendário próprio e liberdade para inserir estudos em outras linhas, com o sagrado sacramento.

 

Este trabalho foi realizado na força de Shiva, Krishna, entre outras Deidades. Depois foi aberta a Gira de Ciganos.

Gratidão pelo aprendizado que recebo nesta valorosa casa

 

Neste link disponibilizei a letra e áudio dos hinos de abertura e encerramento do trabalho

 

Fui só, pois minha esposa por enquanto não quer participar destes trabalhos mais fortes.

Passei a semana toda pensando neste trabalho.

No sábado, dia do trabalho, um medo muito forte veio à minha consciência (sei que este medo não é meu) e "eu" falei para a esposa, quase chorando:

"Acho que não vou neste trabalho. Estou com medo"

Ela disse:

"Medo do que!" (não perguntando, mas afirmando)

Perfeita ela. A sabedoria do feminino em manifestação.

Veio no meu rosto aquele Sorriso, que não é deste mundo e falei "É. Medo do que!"

Se ela tivesse falado algo diferente disto eu não iria neste trabalho (e talvez nunca mais).

O daime é um Caminho duro (não que seja duro, mas não é fácil se manter nele)

O Caminho é fácil, leve, amoroso, gentil... rsrs. A gente é que é cabeça dura mesmo. Resiste a nossa Verdadeira Natureza e... sofre... desnecessariamente.

Falar é fácil depois, rsrs.

Mas na hora da trança... para sair dela... rsrs

 

Bem, vamos ao relato.

A igreja Terra do Sol tem como base a Doutrina do Santo Daime, mas tem calendário próprio e a liberdade para inserir seus próprios estudos.

Neste trabalho, denominado "Circulo Sagrado", o estudo seria direcionado à linha do Oriente (Reis Magos, Krishna, Shiva, entre outras Deidades), e depois seria aberta a Gira de Ciganos.

Este trabalhou já foi feito algumas vezes, mas eu nunca tinha ido.

O formato deste trabalho é diferente: ao invés de cadeiras todos se acomodam em esteiras, colchonetes, sacos de dormir...

Levei apenas duas almofadas: uma para colocar no chão e sentar e outra para colocar nas costas, para não encostar na parede fria.

Como de costume, saio de casa uma hora antes do ínicio do trabalho, que estava programado para iniciar às 20:00

Cheguei na igreja por volta de 20:20 e já tinha bastante gente.

Passei no livro, depois me acomodei ao lado da casinha do despacho do daime, onde poderia encostar na parede e ter uma boa visão do trabalho (acho isto importante pois se eu fraquejo, procuro me firmar em quem está firmado rsrs)

Passado algum tempo uma irmã conhecida veio e me disse que lá do lado feminino tinha esteiras e alguns cobertores, então peguei uma esteira e um cobertor e forrei o chão, para que eu pudesse me acomodar melhor.

Mas preferencialmente estas coisas devem ser trazidas pelo irmão, já que lá pode não ter para todos (na próxima vez vou trazer).

No chão havia este desenho lindo, feito parte com pintura no chão e parte com feijões, lentinha, arroz e outros grãos... um primor.

Atrás do altar, em frente à casinha do despacho foi acesa uma pequena fogueira, cercada por paralelepípedos,

Cinco irmãos estavam indo tomar daime pela primeira vez (acho bem legal isto, dá mais ânimo para seguir em frente).

Agora sim, vamos lá, rsrs

O trabalho começou por volta das 22:00

O comando da casa avisou que o primeiro despacho do daime seria feito na casinha, e os próximos seriam servidos onde estávamos.

Não rezamos 3 Pai Nosso e três Ave Maria, como ocorre no trabalho da doutrina, mas foram feitas outras orações, com todos em pé, em círculo.

Fila para o daime, e como eu estava logo ao lado da casinha seria o primeiro, mas sempre cedo o lugar para os músicos, pois eles tem que voltar ao seu posto, para iniciar o trabalho.

Quando é trabalho da doutrina também me posiciono após os fardados da casa, pois eles também tem as suas obrigações.

Daime daquele bem apurado mesmo. Copinho cheio.

Voltei para o meu lugar e me acomodei.

Foi distribuída uma seleção impressa dos hinos de introdução e encerramento (áudio e letra nos links no inicio do relato)

Cantamos os hinos de introdução (alguns eu não conhecia)

Após uns 20 minutos, bem antes do que costuma acontecer, a força veio chegando.

De repente chegou de uma vez, tomando conta do corpo e consciência. Mergulhei na luz e deixei a Força assumir. Minhas mãos trabalhavam, conduzidas pelos seres divinos.

Quando tocou o hino "Aguia piou", da Madrinha Nonata, eu já não existia mais, era a Águia, o beija flor, os pássaros, a floresta.

A Força aumentou muito e estavam sendo cantados mantras para Krishna.

De repente, Ele assumiu. Com os olhos semicerrados Ele olhava o ambiente através de mim. Todo o ambiente estava diferente, ondulando.

Ele no meu corpo, gentilmente sentou de lado, sorriu, fez algumas coisas com as mãos, depois fez uma reverência, alongando o corpo e espalmando as mãos no chão.

Me deixei ao seu comando mas... quando Ele faz menção de levantar e andar pelo salão, titubeei e deixei passar um julgamento se aquilo era apropriado.

Aí já era. Desconectei totalmente do plano divino, enjoeei e fui lá para fora fazer limpeza (vomitar). Mal cheguei lá fora e já fiquei de joelhos no chão.

Não é passar mal, é deixar o mal (o seu) passar através de você.

Depois de um tempo olhei em volta e vi que um irmão observava. Acenei e ele veio oferecendo auxílio e papel higiênico

*** Compreendi depois que perco a conexão por causa de dúvidas quanto ao comando do ser que assume a consciência. O ego passa e julga sutilmente o comando do ser. Sabemos que ele (o ego) morre de vergonha de se expor assim. ***

Fui lá para fora, deixei sair isto e... meu Deus...

Um ser enluvou totalmente meu corpo e consciência. Era O Guardião do Trabalho que estava prestes a iniciar (a Gira de Ciganos).

Era enorme, forte e poderoso.

De vermelho e negro, com capa e chapéu. Eu sentia tudo isto, suas roupas, o chapéu, sua energia.

Enquanto todos estavam lá dentro em seus trabalhos individuais, transfigurado sobre mim este ser ficou um bom tempo na frente da igreja, andando (as vezes dando ligeiras corridinhas) daquele jeito costumeiro de um Exú de Lei.

Quando chegava na lateral da igreja ele dizia "Aqui eu não posso", como se tivesse uma barreira invisível de onde ele não passava.

Mas... se eu observava (julgava) o que ele estava fazendo, enjoava (mas não saía nada no plano físico).

Eu estava morrendo de sede, mas não queria entrar na igreja para não incomodar os irmãos, que também estavam em trabalho.

*** Sabemos que esta sede, vontade de fazer xixi, é só uma distração do ego, que evita a todo o custo o o verdadeiro trabalho espiritual.***

Fui em uma torneira e tomei um pouco de água. Fiquei um tempinho nesta: toma um gole de água, faz um pingo de xixi.

Quando aquele ser percebia que o ego dava uma trégua ele vinha com tudo de novo, fazendo o seu trabalho.

Teve uma hora em que eu estava de joelhos no chão e ouvi acima de mim:

"Levanta soldado, o que você está fazendo parado aí?"

Em outro momento eu estava lá fora de joelhos aí uma moça parou ao meu lado e ofereceu ajuda.

Disse "Calma, respira..."

Estava de vermelho e negro, e nem sei se era uma das irmãs em trabalho de pombogira (que já estavam sendo chamadas) ou se era uma visão do astral.

Estendeu a mão e dise "Vamos, eu te levo".

Eu consegui falar "Acho que não consigo"

Ela disse "Claro que consegue"

Na hora em que peguei na mão dela... já entrei de uma vez no astral, rodopiando pela grama.

Passei ao lado dela, que gargalhava lindamente.

Depois perdi a conexão outra vez e fiquei ali de joelhos, mas não tinha nada para colocar para fora.

Consegui voltar para dentro da igreja, mas não consegui entrar em trabalho.

Fiquei ali deitado, enquanto minhas mãos trabalhavam em mim, na região do peito e barriga. Eu estava totalmente entregue.

Vez ou outra me aprumava e começava a me entregar a estas forças, mas logo voltava a deitar. Estavam sendo cantados mantras para Shiva.

Um irmão veio servir o segundo despacho do daime. Ele perguntou se eu estava bem. Só consegui balançar a cabeça negativamente.

Ele perguntou se podia servir só um fiozinho de daime. Depois de relutar um pouco assenti com a cabeça.

Me sentei e tomei um fiozinho do daime, agora em copinho plástico descartável.

Daime bem apurado e com fibras do material. O gosto impregnou na minha boca e não saia de jeito nenhum.

Tive que ir tomar um pouco de água.

Sempre deixo a garrafa de água longe de mim, para a mente não ficar o tempo todo com sede e atrapalhar o trabalho.

Quando a força deste daime chegou, percebi uma presença familiar, da estória desta vida atual. Senti que era a energia do meu pai aqui na Terra, que de um jeito firme e amoroso dizia algo como "Se firma, levanta, você consegue"

Em algum momento tive que ir para fora da igreja de novo, pois fiquei enjoado. Fiquei lá fora de joelhos e nada de limpeza, então voltei para dentro da igreja.

Quando entrei e sentei, ouvi daquela voz "Quer voltar lá para fora e vomitar?". Apenas consegui dizer que não.

Pontos para pombogiras, que logo se manifestaram pelo salão.

Ouvi de uma delas, não diretamente, mas de uma voz que quase vejo se formar no ar a minha frente:

"Vamos, coloca seu pé aqui dentro (da gira) um pouco. Vamos descarregar isto aí"

Mas não consegui ir.

Ela disse "Consegue ao menos sorrir?". Aí me senti dando um sorriso horrível e forçado, rsrs.

A voz veio outra vez e desta vez consegui me sentar e chegar mais perto da gira.

O dedo indicador da mão direita desenhou no chão uma cruz, como que abrindo uma porta. A mão esquerda colocou meu pé esquerdo dentro da gira e consegui entrar.

Mal entrei e já fui tomado pela suas energias. Subi no salto e dei uma volta acanhada pelo salão.

*** Não tenho vergonha da energia delas. É muito lindo. É que desta vez eu não estava conseguindo participar mesmo. ***

Consegui ficar um pouco dentro da gira, mas logo voltei a sentar.

O trabalho foi se encaminhando para o final.

Cantamos os hinos de encerramento, todos se levantaram novamente em círculo e fechamos o trabalho.

Cumprimentei os irmãos, e agradeci pela ajuda na hora do aperto, rsrs

Guardei as coisas que peguei da casa (esteira, cobertor), peguei uma cadeira e fiquei quietinho no meu canto, ainda vibrando no astral e recebendo as instruções:

"Todo trabalho é o que tem que ser"

"Isto não foi uma derrota! O entendimento sobre ela é a Vitória"

 

Nos dias seguintes compreendi muitas coisas:

Os seres divinos me disseram:

"Neste estudo você aprendeu muitas ferramentas para te colocar na Presença de Deus, no Abrigo Secreto do Altíssimo, e no dia a dia você faz uso delas, mas lá no trabalho quando o medo chega (e este medo não é seu, é da consciência coletiva) você o aceita,  perde a conexão com o astral, não utiliza nenhuma delas...

Sua atenção fica totalmente cega e perdida no medo, que não é seu, mas você o aceita...

Já ensinamos que você não é obrigado a aceitar sequer um pensamento que venha de fora desta Presença. E é bem fácil identificar qualquer coisa que não venha "de dentro". 

Você pode recusar. Não lutar contra, mas recusar. Isto o que o Mestre quis dizer com "Não resista ao mal" e "Guarda a tua espada"

Suas ferramentas:

Observe a sua respiração, isto te coloca na Presença de Deus, fora da mente e do medo.

Preste atenção no hino, ouça o que ele está lhe dizendo.

Sorria. Mesmo forçado, este sorriso te faz lembrar desta Presença e Ela chega sorrindo aquele Sorriso que não é deste mundo (e não é mesmo).

Questione o que está acontecendo. O que é este medo? Sei que não sou eu, e nem é meu.

Recuse o medo. Gentilmente diga "Não, obrigado. Eu não aceito você, pois você não é poder" e "Nenhum poder teria você se não te fosse dado de cima"

Ou simplesmente afirme "Deus É". Isto varre qualquer medo para o lugar de onde veio. Do nada"

Lembre sempre disto quando o medo vier assolar o seu estado de consciência, seja no trabalho com o Daime ou no seu dia a dia."