O autismo é um discurso?
Nietzsche (1882/1993) escreveu na Gaia Ciência, aforismo 58, Só se pode destruir como criadores:
O nome das coisas importa infinitamente mais do que o que elas são. A reputação, o nome, a aparência, o valor, o peso e a medida habitual de uma coisa - que na origem são apenas o erro, o arbitrário com o qual a coisa se encontra revestida, como com uma roupa perfeitamente estranha a sua natureza e a sua pele -, a crença em tudo isso, transmitida de uma geração à outra, vai pouco a pouco constituir o próprio corpo da coisa; a aparência do começo sempre termina por se tornar essência, e funcionar como essência! Que loucura pretender denunciar essa origem, esse véu nebuloso do delírio de aniquilar o mundo tido por essencial, na sua assim dita "realidade"! Só os criadores podem destruir. Mas não esqueçamos o seguinte ponto: é bastante criar novos nomes, apreciações, verossimilhanças para criar com o passar do tempo novas "coisas" (Nietzsche, 1882/1993).
Como se nomeiam as coisas do que aquilo que elas são?
Como é que se nomeou algo de "autismo"?
Nietzsche, Friedrich (1882). A Gaia Ciência. [S.l.: s.n.]