LÍNGUA PORTUGUESA, UM AMOR DE MÃE...



A Língua Portuguesa contém a mesclagem de suas origens e seus adicionamentos que a prática e o tempo no convívio aprimoraram... A cada dia esta linguagem adquire mais e mais vida e encantamento. Os regionalismos não a prejudicaram... Nem a prejudicam... Com o passar do tempo incorporam e inflamam novas formas, novas estéticas e sentimentos.

Em sua forma prioritariamente representa para, logo em seguida, significar... Meste mister dignifica e amplifica a dimensão da poética... Este é o ponto em que o Lingüista Ferdinand Saussure, na sua obra Curso de Lingüística Geral, no Capítulo dos Signos, lhe confere o galardão do múltiplo e uno.

Portugal, país de origem da Língua Portuguesa, a mundializou a partir do séc. XVI repassando historicamente sua língua pátria, também aos aos brasileiros. Na atualidade Brasil e Portugal já ultrapassam duzentos milhões de locutores. Desses, oitenta e cinco por cento são sul-americanos.

Nesta distribuição geodemográfica da Lingua Portuguêsa o Brasil ocupa o primero lugar em implantação. Em segundo lugar vem a implantação européia. A terceira é a africana. africana (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe); a quarta, residual, é asiática (Timor e Macau).A soma dos lusófonos, não brasileiros, é reportada em apenas quinze por cento do total de aproximadamente duzentos e trinta milhões de pessoas.

A posição de um idioma é definida pelo seu carácter de língua materna, mas também pelo seu uso veicular, ou seja, como língua segunda de comunicação para populações cuja língua materna é outra.Do ponto de vista demográfico, as principais línguas veiculares são o mandarim e o hindi. É o caso, em menor escala, do português em Angola e Moçambique.

È uma realidade de multiplicidade e unidade, que tem resistido a revoluções, guerras, assintonias de toda sorte, influenciando culturalmente mas não ameaçando esta forma de linguagem, que se mantém, mesmo ostentando pequenas diferenças entre oralidade e escrita em diversas regiões do mundo.

Unidade que produz beleza e união, com relativização das diferenças, do respeito às diferenças. Um relacionamento que, no contexto deste exemplo magistral que é o espaço de comunicação nos diferentes sites lusofonos o qual, comprova e demonstra ao nível das relações, das artes e da metalinguagem “... humanismo e humanidade...criatividade e delírio espiritual .” (Henrique Pedro- Luso Poemas).Realçando o sentimento da língua, numa abordagem poética livre, é possível perceber um sentimento nativo incorporado a linguagem...

“Venho brincar aqui, no português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. (…)
a língua que eu quero é essa que perde a função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente alçando o vôo. Meu desejo é desalinhar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a vida tem, é idimensões?”
Mia Couto

O poema do Mia Couto expressa um exemplo de constrangimento envolvendo a pulverização étno-linguista que ocorre na implantação africana e na implantação asiática. Nesta vertente de considerações, relativas aos problemas que atingem a Língua Portuguesa no mundo, alguns lingüistas opinam que o crioulo se aproximará cada vez mais do português (COUTO,1991).

Este processo de descrioulização, amplamente conhecido dos investigadores de línguas crioulas, pode constituir mais um fator para reforçar, por exemplo, um prognóstico otimista para o português na Guiné-Bissau, entre outros em igual situação, tornando possível a preservação da Língua Portuguesa nesta importante parcela do mundo lusófono.

Segundo o Observatório de Relações Exteriores – ORE (investigação participada por Helena Moreira), há entre três a quatro mil línguas faladas no mundo. Apenas uma dúzia delas tem, por razões demográficas e geopolíticas, dimensão mundial. A Língua Portuguesa neste grupo, ocupa a sexta posição.

Considerações xenófobas, vertentes de várias nacionalidades, não conseguem destituir a Língua Portuguêsa o mérito, de sua condição múltipla e integradora. Portanto a denominação, “Língua Mulata”, “Negra”,“Monhé”, ou tantas metáforas mais, ainda que num contexto não discriminatório, não lhe confere o espaço de sua legítima amplitude.Entre a oralidade e a escrita ou entre as falas e a língua não ocorre uma transferência imediata, mas um entre–lugar, como propõe Homi Bhaba, ou um vão da voz, segundo Terezinha Taborda (no livro de mesmo nome),

Toda a construção da espécie humana, se justifica na linguagem... Sua linguagem é o seu ninho, seu aconchego, seu porto seguro. Defender a língua pátria, este espaço social sagrado e abençoado, é dever, é honra e mérito.No entanto a Língua Portuguesa não pode estar contida no vocábulo “nativa”, não se pode aprisioná-la em um único espaço, podando-lhe sua real amplitude.

Políticas de ensino da Língua Portuguesa nos países lusófonos e no mundo devem ser implementadas e estimuladas. À propósito tem-se na atualidade a notícia “internética” (*)obre o Instituto Machado de Assis, que “será implantado este ano.
Terá a orientação do Instituto Camões (órgão do Governo Português, responsável pela difusão da língua portuguesa e da cultura portuguesa no Mundo).”

Segundo a mesma fonte, “o instituto vai se voltar para políticas de ensino da língua no Brasil e no Mundo, cabendo a ele também difundir e incentivar a pesquisa do idioma, a nossa língua portuguesa. Além da parceiria com o Instituto Camões, forte aliado na difusão do idioma, também participam do projeto o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Cultura (Minc), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a Acadêmia Brasileira de Letras...”

Estudiosos desta matéria (*) como Ana Paula Robles/Formadora da Instituto Camões/Responsável pelo Centro de Língua Portuguesa em Bissau, * Luís Fonsea, embaixador de Cabo Verde (último posto na ONU), é, desde 2004, o secretário-executivo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – criada em 1998) In Jornal da Letras Artes e Ideias,9 a 22 de Maio de 2007/Espaço online de Relações exteriores/Janus 1999-2000/ Palop – Paises de Língua Oficial portuguesa; Entre outros, que se constituíram as fontes para serem estabelecidas estas argumentações temáticas.

Tais pesquisadores e entidades centram suas análises em pontos coincidentes desta temática com dualismo exacerbados.São várias as polêmicas que surgem quando amiúde reflete-se, com maior profundidade...

Língua lusa versus língua oficial ;Língua Portuguesa escrita versus Língua Portuguesa Oral; Português língua segunda Versus Português língua materna; Elite política versus elite Intelectual...... etc Isto se torna muito mais acentuado nos paises minoritários na história demográfica implantada ou em transição.

No texto de *Simone Caputo Gomes/ Palestra proferida no Instituto Internacional da Língua Portuguesa em 7 de Maio de 2007 cita que Boaventura Cardoso também escreve a história de seu país, com concepção de valorização a oralidade da lingua, a respeito do uso da língua.

O conto “Gavião veio do sul e pum”, com invulgar apuro estilístico, tem seu ápice na cena em que o grande avião (gavião) torpedeia terras e gentes angolanas. A repetição da onomatopéia (PUM, PUM, PUM …), a rima, enfim, os artifícios da linguagem poética combinados com as expressões nativas orais acopladas à escritura literária, veiculadas na fala infantil e miméticas da sua visão de mundo, comporão o quadro dramático da guerra em Angola.

Esta é a forma e contexto em que a Língua Portuguesa recria pelas falas das culturas em seus universos autóctones, ancestrais, pinta sem tela, nem aquarela, um perfil próprio na oralidade e ritual dos usos e costumes arraigados no seio cultural daquelas humanidades.

Sim!A Língua Portuguesa “encerra uma incontornável mensagem de futuro.”, como afirma o Poeta Luso Henrique Pedro. Sim. Compete a todos os lusófonos zelar por sua unidade e multiplicidade. Homens e mulheres, raças e credos, reunidos, nela contidos... Brilhando e fazendo a nação lusófona irradiar luz... Irmãos que trabalham, amam e se emocionam amparados pela Língua Portuguesa, um amor de Mãe...

Ibernise Indiara(GO)Brasil.11 de Janeiro de 2008