Foto: Paulo Lima - Nascer do Sol em Atibaia

ROTINAS, RELACIONAMENTOS E DIFERENÇAS


Complementando o dito no ensaio anterior, estes textos não tem a pretensão de oferecer nenhuma fórmula pronta para solução de qualquer problema. Vale muito a reflexão e o pensar sobre os atos cotidianos. Você, se assim o quiser, pode contribuir comigo e, certamente, agradecerei.
Grande abraço. Paulo Lima
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ROTINAS, RELACIONAMENTOS E DIFERENÇAS

Ao acreditar que nossas atividades, mesmo que aparentemente rotineiras e sem fins específicos, são improdutivas e sem valores evolutivos, estamos rompendo com o fluxo vital que deveríamos manter com o universo.
Até concordo que, em certos momentos da vida, parece que tudo está errado. Tudo o que fazemos, parece não ter a menor possibilidade de dar certo. O horizonte que se descortina à nossa frente parece nebuloso e sem vida. Reafirmo o que disse, parece. Pois estes momentos, tão comuns em nossas existência, são grandes desafios que recebemos para o nosso crescimento, se assim o quisermos.

Paremos um instante!
Isso. 

Por um pequeno instante olhemos, sinceramente e com profundidade, os atos de nossas vidas. 

Parece um grande teatro a céu aberto? 
Permitamo-nos lembrar de momentos em que dedicamos alguns minutos em conversas edificantes sobre os atos e atitudes de nossas vidas. Não raro, encontraremos poucos. Permitamo-nos então, questionar como conduzimos nossas vidas até este ponto sem falarmos de nossos sentimentos, de nossas atitudes, dos nossos amores, da felicidade que carregamos em nossos peitos e da alegria que temos em viver.
Podes, neste momento, achar que isto tudo é pieguice, que são balelas que um maluco resolveu transformar em texto e que não deves dar atenção a isso!
Ok, se assim achas, tens todo o direito.

Permita-me, agora questionar algumas pequenas coisas. 
- Quais tem sido os assuntos das tuas conversas, nestes últimos dias? 
- O que tens procurado? 
- Quais os programas de TV que tens assistido? Aliás, é que mais tens feito?
- Falas somente de moda e de status social? 
- E com teu par, tens conversado ou tens trocado pequenas frases, as vezes monossilábicas? 
- E amor, tens feito? 
- E, se tens feito, o fazes com gosto ou por obrigação? 
- Para que quereis um companheiro ou companheira?

É. Vou parando por aqui, pois os questionamentos são muitos e posso ficar, juntamente com você, o dia e a noite toda sem parar de elaborá-los. Bem, não há vantagem nenhuma nisto, todos sabemos quais são nossas dores e nossos amores, não é verdade?

Voltemos para o nós!

Muitas vezes, em nossos dias, somos cobrado a ter posturas quase santificadas. Não nos permitem a dúvida, quem dirá o erro. E, o pior de tudo isso é que aceitamos este papel e agimos diariamente como marionetes do sistema, repetindo a lição que outros aprenderam. Nenhum mal nisso, desde que, gradualmente busquemos um pouco mais de consciência em nossos atos. 
Em tudo na vida devemos primar pela busca do bom senso. Não existem fórmulas para a solução dos nossos desafios. Como sabemos é necessária dedicação, perseverança e, principalmente, coragem. Coragem para falar de assuntos que povoam nossa cabeça e o nosso espírito e  que muitas vezes ficam guardados em nosso coração. O crescimento também acontece na troca.
É certo que muitos assuntos que permeiam nossos dias, permanecem incólumes, sem solução, se é que há solução imediata para eles. Mas, mais importante que o assunto é, a relação que estabelecemos com nossos pares. O deleite de poder trocar experiências com quem divide o mesmo teto conosco é algo imensurável.
Veja, é muito fácil cair na famosa e tão denunciada, rotina. Ela recebe, praticamente, toda a culpa de rompimentos, relacionamentos que não deram certo. Mas, o que é rotina?
Segundo o dicionário Aurélio, rotina é “o caminho percorrido e conhecido, em geral trilhado maquinalmente, rotineiramente.” Há algo, nesta frase que devemos atentar. A palavra, maquinalmente, utilizada, denota algo mecânico, impensado, automático ou ainda um ato que independe da ação humana. Esta definição de maquinal, demonstra o quanto a rotina pode distanciar-nos do verdadeiro relacionamento.
Na condução da vida, criamos a ilusão de que já conhecemos, profundamente, nossos pares. Passamos a vida inteira, sem sequer consultar nossos sentimentos sobre eles e achamos que já os conhecemos. Esquecemos, porém, que mal sabemos pronunciar nossos próprios nomes.
Há uma oportunidade de extrema importância e, muitas vezes esquecida por nós. Há uma possibilidade de descoberta que deve ser considerada. A própria e do companheiro ou companheira.
Pensemos! Nenhum ser humano é igual a outro. Isso não é novidade. E, é aí que a grande oportunidade surge. A diferença. O outro existe para o nosso aprendizado. E, a responsabilidade por isso é nossa, nunca do outro.
A diferença nos torna iguais, pois somos igualmente diferentes. Aceitar a diferença, não é submeter-se e ser um agente passivo na relação. É compreender e compartilhar os reais motivos que levam o par a ter determinado comportamento ou pensamento.
Não. Não é necessário aplicar técnicas terapêuticas em um ou outro para se entrar em contato com a realidade do companheiro ou companheira.
Ouça. Há, no relacionamento, uma descoberta a ser realizada, há uma alma a ser resgatada, há um ser suplicando para tornar-se conhecido e, ele é muito mais do que um corpo. E esse ser, essencialmente, somos nós mesmos.