A GRIFE DO HOJE, O MICO DO AMANHÃ

O presente ensaio, é apenas um ponto de vista.

Hoje, comemoramos o dia INTERNACIONAL DA MULHER, e obviamente o dia nos será, embora como qualquer outro, um dia especial.

Especial porque assim o criaram.

Aguardem, senhores homens, o seu dia também chegará, é só uma questão de tempo...para a devida logística da estratégia de marcketing do comércio.

ENQUANTO ISSO...RENDAM-SE A NÓS. E preparem os bolsos...

Então, ontem fui convidada para um evento em comemoração ao “nosso” dia, numa elegante casa aqui de São Paulo, que concentra as grifes mais conhecidas do mundo.

Que lugar maravilhoso para se ter um “cartão corporativo”...sem limite de crédito!

Não há mulher que não se encante com o belo, e com algumas “coisinhas”, todo homem sabe disso...e as mulheres também. Tudo normal, até aí.

Foi a primeira vez que lá estive, e serviu-me como laboratório de “ensaios” sobre a nossa condição humana.

Um fato é verdadeiro: Somos vários Brasis, realmente.

Enquanto a televisão mostrava o programa de incentivo ao PAC, em meio a tanta problemática social , cujo aterramento do buraco “é bem mais embaixo”, (tarefa para um exímio engenheiro civil), ali naquela casa de grifes, uma verdadeira ilha da fantasia dentro da nossa triste realidade, tive a clarividência de que o atual sistema econômico do mundo, que caminha cada vez mais para a concentração da renda;e diante da crescente explosão demográfica do planeta, a miséria provavelmente não terá solução.

Não precisa se ser expert em economia para tal dedução.

O mundo quer assim. Os poderes são construídos para a perpetuação das diferenças gritantes.O resto é blá, blá, blá!

Mas meu foco é para a vaidade, aquela extrema, que também habita nossa condição humana, e que gera a terrível distribuição da renda no mundo, gerenciada pela ganância dos governos, pela sede ao poder, que nada resolve e que apenas alimenta as injustiças sociais.

Todos temos direito à dignidade, ao conforto, ao belo, aos “mimos” e eu, de forma alguma sou contra tais direitos. Afinal...sou mulher!

Mas o que enxergo é que vivemos muito bem, sem algumas extravagâncias e desperdícios que levam ao desequilíbrio das balanças sociais em todo o mundo.

O EQUILÍBRIO É FUNDAMENTAL EM TODOS OS ASPECTOS DA VIDA COMUM E EM SOCIEDADE.

Percebo que aonde tem demais...falta a alguém.

Deve ser por isso que a vaidade está listada como um dos pecados capitais.

É “capital”,mesmo...literalmente.

Mas o meu título também foca a sedução das grifes!

Pois bem, fiz um breve retrospecto de algumas grifes, inclusive nossas, que já caíram no esquecimento, algumas marcas infantis, de acessórios, modelos de automóveis, enfim, coisas que já foram motivo de “grandes” sonhos de consumo, e que já foram enterradas.

Tudo realmente tende a virar sucata.É como se o dinheiro apodrecesse pelo tempo.

É grife enquanto houver interesse de alguém, que assim o seja! Depois, vira mico!

Mas a vaidade , sempre corre em busca das cascas, e quando descasada e nua, quase nunca se segura nem no tempo e nem no espaço.

E acaba por mostrar o cenário que estava escondido. que nem sempre é tão "chique".

Porque a grife, é comunicação visual...mas virtual.

É fantasia, é efêmera.

Existe sem existir!

Quando satisfaz o desejo, logo busca pelo próximo ato de consumo, senão correrá o risco de se esvaziar. E como deve ser tedioso o vazio...

Tenho para mim, que num ato de consumo, podemos traçar o perfil do nível de consciência que um consumidor tem de si e do seu entorno, do mundo que o cerca.

Olhei para uma manequim da vitrine, e voltei os olhos para mim.

Os nosso tecidos, acreditem, eram do mesmo “barro”, porém de "essências" distintas.

Vestiam olhos diferentes, "etiquetas " diferentes, consciências diferentes...vidas diferentes, enfim...mundos totalmente distintos!

O barro sempre cairá no esquecimento...o tempo os puirá...voltará ao pó da terra.

A essência ficará, e haverá um dia no qual sobrepujará as vaidades.

Porque o “fim” sempre chega. É prêmio do tempo para tudo!

Sei que igualdade é utopia.

Mas quem sabe o mundo acorde e entenda que dignidade é possível a todos, e que tão somente ela, nos colocará na verdadeira situação de conforto e felicidade...coletivos!

Enquanto isso, viva o DIA INTERNACIONAL DA MULHER!

Que sejamos “chiques”, dentro daquilo que temos de mais precioso: A força do nosso essencial UNIVERSO FEMININO...que enfeita a vida!

Que possamos nos enxergar "nuas", sem grifes!- e apreciar o nosso cenário.

E por falar em fantasias...torçamos para que o PAC dê certo!