Aula 9 - Redes Organizacionais

Organização em Redes

A organização, no contexto da perspectiva de redes sociais, entendidas como o conjunto de atores sociais e as relações ou ligações sociais entre esses atores, parece relacionar-se com a teoria institucional e a abordagem econômica estudadas nas duas aulas mais recentes. Os padrões de relações entre os atores de uma rede, os aspectos da cultura, e os objetivos e estruturas sociais e atividades econômicas, permitem entender a formação, a reprodução e a transformação das redes como alianças sociais entre empresas que se inter-relacionam. Assim, conforme o modelo do construcionismo estruturalista, pode-se entender a organização em redes (de empresas) como uma construção social de instituições econômicas.

Sob o aspecto econômico, a formação de redes entre empresas pode ser entendida como uma forma de flexibilidade do processo de organização, caracterizada por um novo arranjo de dos fatores produtivos da firma. As conexões entre as firmas dependem das condições do contexto econômico, e da existência de uma estrutura social de grupos (conexões entre famílias importantes, redes de contatos interpessoais dos principais líderes) que as possa sustentar. A complexidade desse processo exige capacidade de coordenação e cooperação para manter a articulação entre as atividades, pois a lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos de produção. Para obter eficiência como benefício da flexibilidade das redes, a organização dinamiza cada elemento de sua estrutura interna para produzir-se também internamente com uma forma organizacional cujo sistema de meios é constituído pela intersecção de segmentos de sistemas autônomos de objetivos, ou seja, em rede.

Sob o aspecto institucional, a organização se produz não apenas buscando eficiência, mas principalmente em razão dos efeitos simbólicos da estrutura adotada, e os modelos de organização são produzidos pela interação da cultura, história e instituições, porque os ambientes institucionalizados prescrevem e condicionam suas estruturas e desenvolvimento. E há fatores estruturais, culturais, simbólicos e discursivos, com papel causal de ideais, crenças e valores nos processos sociais, que são os mecanismos através dos quais essas relações são reproduzidas e reconfiguradas ao longo do tempo. Com o processo atual de transformação e emergência de um novo sistema tecnológico, que acompanhou a crise do modo de produção em massa, surgiram vários modelos e sistemas organizacionais que prosperaram ou fracassaram de acordo com sua adaptabilidade a vários contextos institucionais e estruturas competitivas. As organizações que incorporam em suas estruturas formais os elementos racionalizados legitimados socialmente, seja construindo pontes culturais, compartilhamento de informações, ou empreendimentos cooperativos, conseguem maximizar sua legitimidade e aumentam seus recursos e sua capacidade de sobrevivência. Por isso, como a lógica organizacional das redes é um princípio legitimador elaborado em uma série de práticas sociais atuais, pois a solidariedade orgânica de um sistema social está na interação das relações sociais objetivamente definíveis, então as funções e os processos dominantes na atual era da informação passam a ser organizados em torno das redes. Assim, as organizações cujas redes alcancem mais domínios institucionais relevantes têm maiores chances de sobrevivência, assim como as formas organizacionais cujo modelo organizacional está inserido em sua cultura e em suas instituições.

Assim, a organização dos atores se produz em redes múltiplas inseridas em seus ambientes institucionais. Uma estrutura social com base em redes é um sistema em equilíbrio dinâmico e propenso à inovação, pois as redes são instrumentos apropriados para uma cultura de desconstrução e reconstrução contínua. O estruturalismo construcionista afirma a possibilidade de que os objetivos e inspirações dos atores dentro de uma rede, e conseqüentemente, da rede em si, podem ser complexos, polivalentes e determinados historicamente. Dentro da atual economia informacional, as redes de empresas concretizam essa cultura do momento histórico, incorporando práticas sociais legitimadas. Sendo assim, a organização em redes pode ser vista como uma construção social de instituições econômicas.

Uma questão que poderia incentivar o debate sobre o tema seria:

Pode-se entender que o sentido da organização em redes se produz a partir da ação social que se explica por uma relação entre a racionalidade (neste caso, referente a aspectos econômicos) e a legitimidade (neste caso, referente a aspectos institucionais)?

20/05/2008

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Conceito: "A"

Notas de Aula:

Castells é sendo comum, mal fundamentado.

Abordagem de redes, quantitativa, é a dominante.

Exemplo: Multidisciplinaridade dos programas de pós-graduação.

A produção científica se dá a partir de interações.

Redes já analisam as relações entre os indivíduos, que não haviam sido abordadas/teorizadas antes.

Mas o negócio é saber COMO representar, seja o que for!

Granoveter é A referência da abordagem econômica de redes.

A rede só faz sentido se considerada no seu contexto.

"Estilo" orientado a objetivos ou ocasional (acaso).

Abordagem analítica de redes é para T.O., mas também existem abordagens prescritivas (utilitarismo das relações sociais), formação de redes de empresas...