Salvador Picuinha, entrevista o palhaço Inflação.

Direto do picadeiro da Algazarra Brasil.

Salvador Picuinha: Kika, minha flor do agreste, é esse cidadão com cara de fome. Ele é o entrevistado de hoje?

Pô , você me prometeu as Paniketes – Caracas! Mas como diz minha amiga Lady:

_ Se tão pagando.

Abre o áudio que eu vou entrar na sala.

_ Bom dia! Alô criançada, hoje tem marmelada?

Desculpe-me Inflação. Não resisti. Cresci assistindo o Arrelia, o Bozo e a vovó Mafalda.

Palhaço Inflação: É como eu sempre digo, a alma do palhaço é o sonho e o sorriso de uma criança. Bons tempos.

Salvador Picuinha: Você ficou com lágrimas nos olhos. O que te emocionou? As lembranças do passado ou as mudanças no comportamento infantil.

Palhaço Inflação: As duas. Um dia; fui um grande artista, fazia shows todos os dias, estava sempre estampando as manchetes dos grandes diários – época de ouro – o presidente era o Sarney. A oposição engrandecia o meu nome, me dava “status” , hoje a situação é outra e os mesmos dizem que não existo, que estou acabado, só me restou a clandestinidade das gôndolas de supermercado. Quanto ás crianças, realmente o sonho circense esta morrendo. Elas estão perdendo a inocência muito cedo.

Salvador Picuinha: E o que você tem feito para sobreviver?

Palhaço Inflação: Infelizmente nada. Vou lutando, com a ajuda de amigos, antigos admiradores, colaboradores interessados. Outro dia saímos eu e o meu cachorro PAC.

Fui caminhando e observando a população, ninguém parece me reconhecer, entretanto, aonde o PAC chega, virá festa. Fico ali, meio esquecido e o PAC lá, até as autoridades brincam com ele.

Também tentei um improviso, com shows relâmpagos nos semáforos, não deu certo. A concorrência é desleal; eram tantos miúdos com o olhar triste e de pés descalços. Fui embora depois de ouvir de um motorista: _ E ai palhaço, vai ver se a sua mulher não ta armando a barraca do domador.

Salvador Picuinha: Depois disso você desistiu e foi ganhar dinheiro com o PAC.

Palhaço Inflação: Não. De forma alguma, minha índole não me permitiu, embora, as propostas surjam a todo o momento. Tem muita gente querendo tirar uma casquinha do PAC. Uns querem apenas aparecer, outros, já falam logo em dinheiro graúdo, oferecem vantagem. To fora!

Salvador Picuinha: Inflação a clandestinidade te assusta?

Palhaço Inflação: Não. Mas me magoa muito, pois, a situação de hoje me usou bastante no passado. Agora, dizem que sou apenas um reflexo sobre controle.

Salvador Picuinha: (risos) Inflação, você é uma piada. Gostaria muito que meus ouvintes e leitores vissem a tua cara.

Opa! Kika segura o PAC, que ele esta fugindo.

Espera Inflação, a entrevista não terminou.

Palhaço Inflação: Volta aqui meu lindo. Vem com o papai, vem.

Salvador Picuinha: Pronto. Agora fiquei sozinho, a cambada correu atrás do PAC.

Como era mesmo a fala daquele filme, “tem que fazer rir, se quiser sorrir”...

Kikaaaa... Kika, corta o áudio.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 28/07/2008
Reeditado em 28/07/2008
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