Uma visão de Cuba

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo promoveu no dia 5 de dezembro a palestra " Os Rumos da Profissão em Cuba", ministrada pelos jornalistas cubanos Ariel Terrero Escalante e Mariel Acosta Damas.

Os meios de comunicação são em todos os governos aliados ou inimigos. Quando livres de qualquer censura, o que é muito difícil, conseguem passar para seu público uma linguagem real e isenta de preferências. No Brasil, as grandes empresas de mídia, são privadas, com um forte poder econômico e social de decisão sobre as massas. Talvez seja por isso que, segundo os jornalistas, todos os meios de comunicação da ilha são públicos, e neles não há propaganda comercial. Quem comanda a mídia, tem o poder.

Ariel Terrero Escalante relatou que o jornalismo cubano enfrenta problemas como qualquer país do mundo, também têm "tropeção". Salientou que a imprensa cubana tem a liberdade de veicular quais são as preocupações da população, e tem também seus altos e baixos com melhores e piores momentos.

Assim como no Brasil lá também é exigido o diploma para jornalistas, com curso de 5 anos, com o exercício regulamentado pelo Comitê Nacional de Periodistas em Cuba. Aqueles que têm os conhecimentos práticos fazem curso para trabalhador com noções teóricas.

Quando questionados se há liberdade de expressão, se os jornalistas podem se opor ao sistema, se a imprensa cubana é amordaçada, Escalante prontamente respondeu que Fidel é um líder nato e que muitos turistas se surpreendem quando visitam Cuba. "Temos muitos problemas mas não são problemas que se imaginam. Espaço existe para editor, leitores emitem denúncias e se publicam."

Maribel Acosta acrescentou que na tv também há espaço de livre acesso para as opiniões da população, com os problemas que são polêmicos.

"Há no Brasil mais repressão à imprensa que em Cuba, pois um país deste tamanho onde a mídia é controlada por apenas cinco grupos, isso é repressor!." Neste momento a platéia presente se manifestou aplaudindo a jornalista com comentários: 'Não temos liberdade de imprensa, temos liberdade de empresa'.

Maribel afirmou que toda a sociedade cubana funciona normalmente, e o governo procura transmitir à população os valores mais importantes que é a confiança em si mesmo. As linhas editoriais se adequam às conjunturas de cada periódico e não se publica nada que atente contra a revolução cubana, não são 'pró-yankee', fora isso todos os temas podem ser editados.

Com relação à juventude Cubana a jornalista disse que há uma preocupação de formação cultural, humanista e ideológica, defendendo a identidade a partir de um mundo globalizado.

A grande busca pela profissão de jornalista em Cuba, segundo Maribel é embasada em prestígio social, respeito, aventura, possibilidade de estar em toda parte, defendendo o mundo, espetáculo e humor.

Como todos os jornalistas do mundo, os cubanos também têm a batalha de confirmar informações. Suas fontes são a Oficina Nacional de Estatística, Reuters, AFP, centros de estudos, culturais, históricos que são fontes de informação importantes para os periodistas.

Com relação à profissão de Relações Públicas e Publicitário, fica difícil imaginar estas profissões que teoricamente são voltadas para vender bens e serviços em um país socialista. Ariel Terrero afirmou que Cuba é um país em transição, tem consumidores e uma economia que tem relações mercantis.

A publicadade comercial, de acordo com Maribel Acosta, não está nos meios de comunicação mas há muita publicidade de bem público como campanhas contra doenças, ambientais. Diferente do Brasil, não há propaganda política que antecede as eleições.

Os jornalistas cubanos pregam uma maior interação entre os jornalistas da América Latina. " Precisamos nos integrarmos mais com palestras, e intercâmbios que se concretizem em projetos que ajudem a todos", frisou Maribel.

Para Maribel Acosta a grande dificuldade da economia cubana é o impacto do bloqueio à Cuba, o que dificulta o acesso a mecanismos internacionais de financiamentos e também intercâmbio de intelectuais entre EUA e Cuba.

Para fechar a entrevista aos cubanos, ficou a questão: O que representa as Eleições dos EUA para Cuba?

Segundo Ariel Terrero esta foi a pergunta que mais ouviu desde que chegou ao Brasil. "Depende muito de que os EUA tomem a iniciativa. A crise americana é uma prioridade e creio que a América Latina e Cuba são questões secundárias para BaracK Obama. Se o presidente americano eleito cumprir com a promessa de diminuir a limitação, será benéfico para Cuba. Mas Hillary Clinton não é muito favorável", finalizou o jornalista.