Boa Vontade TV entrevista a filha do imortal Austregésilo de Athayde

A equipe da Super Rede Boa Vontade de Comunicação esteve no dia 3 de abril, sexta-feira, no bairro nobre do Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro, no Instituto Cultural Austregésilo de Athayde, tombado recentemente pelo patrimônio cultural. Para conhecer um pouco da história do Casarão, como é conhecido, e da figura histórica do dr. Austregésilo, filha do patrono, a escritora Laura Sandroni, concedeu uma entrevista para o programa Boa Vontade Cultura, da Boa Vontade TV.

Logo no início, a entrevistada e sua filha Clara Sandroni, cantora e diretora do Instituto, agradeceram pela entrevista. Laura Sandroni iniciou contando sobre a trajetória do seu pai, dr. Austregésilo de Athayde e de seus 94 anos de vida como jornalista, escritor, relator da Comissão dos Direitos Humanos, na ONU e presidente da Academia Brasileira de Letras.

Nascido em Caruaru, Pernambuco, dois meses depois, foi com os pais e seus 10 irmãos para o Ceará, onde o pai foi aprovado como juíz. Aos sete anos foi estudar em um seminário, onde permaneceu até os 17 anos, mas o reitor o alertou que não tinha vocação religiosa, devido ao seu espírito perguntador, querendo explicações racionais para todas as coisas. Com isso, despertou a sua vocação para o jornalismo. Ele prosseguiu em Fortaleza, ensinando Latim, Português em colégios, que eram as matérias do seminário que ele tinha desenvolvido muito além da capacidade da oratória.

Dr. Austregésilo sempre teve um jeito enorme para se comunicar tanto por escrito, quanto verbalmente. Mas ele tinha muita vontade de vir para o Rio de Janeiro. Todas as pessoas que almejavam fazer carreira, em qualquer setor, queriam vir para a Corte, como era chamada na época. Veio finalmente, no Rio de Janeiro, para a casa de um tio, o professor Antônio Austregésilo, que era um médico neurologista conhecido, acadêmico também e, em seguida, conseguiu o emprego de tradutor na agência de notícias United Press Association.

A sra. Laura prossegue falando que foi nessa época, na casa do tio, que seu pai conheceu Assis Chateaubriand e da amizade que os uniu, na compra do primeiro jornal, O Jornal, que seria o início da rede de comunicação dos Diários Associados, com uma carreira fantástica, trazendo a televisão para o Brasil, a revista Cruzeiro, o Jornal do Commercio, que foi o último comprado pelo Chateaubriand, e seu pai dirigiu até morrer. Como a entrevistada disse: "Era o braço direito do Chateaubriand, embora tivessem ideias diferentes, nunca brigaram como amigos, e sempre gostaram de trabalhar juntos na mesma empreitada".

A entrevistada relatou também passagens em que seu pai foi exilado para Lisboa, depois sua ida para Buenos Aires, onde pôde se casar com Maria José, sua mãe, a aquisição do Casarão no Cosme Velho, em 1942, e de sua luta pela democracia e pelos Direitos Humanos. Contou ainda sobre a sua ida à França, onde foi um dos relatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Em 1948 meu pai recebeu um convite, formulado pelo Raul Fernandes, que era o ministro das Relações Exteriores, para representar o Brasil, junto com outras personalidades, quase todas do Itamaraty. Meu pai era o único que não era diplomata de profissão, e sim, jornalista, e representaram o Brasil na terceira reunião da ONU, que ia acontecer em Paris, a partir de setembro de 1948, e especificamente, para a Comissão que redigiria a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Mais tarde passou a se dizer Direitos Humanos. Mas, meu pai teve um papel importantíssimo na ONU. A presidente da Comissão era a sra. Eleanor Roosevelt, esposa do presidente norte-americano, Franklin Roosevelt, que era a maior simpatia, papai teve uma ótima relação com ela, e trabalhou muito junto com um francês chamado René Cassin. Ele era importantíssimo e trinta anos depois ganhou o Prêmio Nobel da Paz, pelo trabalho na Declaração dos Direitos do Homem, e fez questão, lá na Suécia, quando recebeu o prêmio, de dizer que queria repartir esse prêmio com um brasileiro, Austregésilo de Athayde, que, com ele, escreveu a Declaração. Era uma coisa da qual papai se orgulhava muito. Há uma carta do presidente Jimmy Carter, anos depois lembrando isso, e dizendo que papai era então, o único signatário vivo, da declaração".

A chegada à Academia Brasileira de Letras

Em 1952, ele foi eleito para a ABL, onde se dedicou muito e ocupou todos os cargos de diretoria até que em 1958 foi eleito presidente da Casa de Machado de Assis, permanecendo no cargo durante 35 anos, até falecer. Sempre com visão pragmática, de futuro, construiu o enorme prédio ao lado do Petit Trianon, para alugar os andares, e ajudar na sustentação da Casa. Atualmente, o jornalista Cícero Sandroni, esposo da entrevistada, é o presidente da ABL.

Finalizando a entrevista, a equipe da Boa Vontade TV, transmitiu o abraço fraterno do Diretor-Presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, à família Sandroni, e ainda relembrou a antiga amizade do dr. Austregésilo de Athayde com a LBV. Vale lembrar que no Conjunto Ecumênico da LBV, em Brasília/DF, há um auditório com o nome do imortal, por ter sido eleito o primeiro presidente de Honra da construção do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV. A entrevistada confirmou dizendo: "Ele sempre teve amizade com a Legião da Boa Vontade. Agradeço muitíssimo o abraço. Eu que agradeço a oportunidade de divulgar o Casarão e de lembrar essas coisas tão bonitas da vida do meu pai".

A entrevista completa você confere na Boa Vontade TV, canal 23 da Sky. Para outras informações, ligue: 0800 77 07 940.

Serviço:

Instituto Cultural Austregésilo de Athayde, Rua Cosme Velho, 599

Cosme Velho — Rio de Janeiro/RJ — Telefone: (21) 2265-2536.