**** Os números dizem tudo: ****

2421 Textos publicados no Recanto, destes 685 Textos eróticos. ( 822189 leituras.)


537
Áudios, destes 188 eróticos. ( 298617 ) audições.

38
e- livros, 3759 leituras.

E 6 livros publicados.


 
    A série : “ Literatura Licenciosa na Internet, entrevistas", tem o prazer de entrevistar:

        Eliana Santana, a Profa
 
       http://www.elianasantana.recantodasletras.com.br/
 
 


     Eliana, a priori poderia nos falar quem é a Profa? Trata, tão somente, de uma personagem ou existe mais da Eliana do que se pode observar em um primeiro momento?
        
     Profa é alguém que curte a vida da forma como é possível, acreditando que todos os obstáculos serão sempre vencidos, nos trazendo grandes ensinamentos.

     A Profa tem como codinome, alguém que representa a sua verdade, seus sentimentos, suas ações de forma clara, mergulhada de cabeça, como acredita ser importante para se viver intensamente.


     Desta forma, Profa e Eliana se completam, pois na fantasia gráfica existe boa parte do que entende necessário para ser feliz. 

       
     
De que forma nasce um conto, um poema? Qual é a raiz do seu texto? Enfim, qual é o seu método de produção?
            
     O escrever é inerente ao mundo letrado, logo acredito que todos tenham essa habilidade, da mesma forma que entendo ser poeta, todos aqueles, que por ausência de grafia, tem nas palavras o dom de reproduzir suas criações orais.


     O concatenar de idéias parte sempre do desejo de expressar algo, cujo momento define a linha, o segmento a seguir. Tudo surge sempre do comprometimento proposto. Escrever, pensar para o outro, é acima de tudo, ser esse outro, estar querendo ouvir, ler o que nosso “eu” deseja, transformando-o em seu leitor.


     A produção nasce primeiro do desejo, depois dos momentos oportunos para que ocorra e poetizar é deixar que a alma fale por si mesma. É conversar com seu interior, pois ele certamente terá uma forma quase mágica não só de lhe inspirar, mas de colocar no papel a sonoridade das paixões.


     Não tenho um método específico, visto que escrevo, entendo, quase que naturalmente, falo comigo mesma utilizando o papel, o teclado, mas respeitando o que eu gostaria de ouvir, ler, se fora eu um leitor ou ouvinte. Acredito que ser o outro é a melhor forma de atingir o seu leitor, pois assim você o respeita ao mesmo tempo em que consegue lhe agradar. Por vezes, nasce um conto, um poema de uma simples imagem, uma palavra, de uma reação corporal, que dou vida enriquecendo de detalhes. 

 
      Escrever sobre um tema tão polêmico e ao mesmo tempo mostrar-se aos leitores é sem dúvida admirável. De que forma você encara essa exposição e a não exposição dos outros autores? Essa exposição já te causou algum tipo de problema?

        
     Obrigada. É verdade, meus contos, poesias, eróticas ou não, são bastante claros, autênticos no quesito sentimentos, ações, desejos e verifique que sempre sou parte do enredo. Expor-me não me agride de forma alguma, ao contrário não me faz incoerente. Não gosto de obscuridade, não aceito o falso puritanismo, e sempre hei de defender a verdade do nosso corpo.


     Entendo que as pessoas se soltam umas mais, outras menos, mas tenho convicção que se estamos no planeta terra, não chegamos trazidos pela cegonha, mas sim da relação carnal dos nossos pais ou de uma relação sexual qualquer.


     O que mudou um pouco, diria que foi a liberdade de se escolher esses pares, a quebra de paradigmas, outros olhares, um melhor conhecer do seu corpo, desejo entrelaçando com outros corpos, nada mais que isso. 


     Logo, se esconder dizendo que só o outro faz você não, é cair na vala comum da hipocrisia, da falsa moralidade. Os leitores gostam da autenticidade, buscam inclusive nos seus autores audácias, inovações, diferenças, quase que se transformando, no momento da leitura, naqueles personagens ali representados e acredito que é exatamente isso, que o leitor inteligente busca nos contos, nas poesias, enfim na leitura, independente do segmento literário.


     Aqueles que não se expõem respeito o estilo, mas tem pouco da minha admiração, pois creio que lhe faltem verdades, não possua erotismo e sim o pornô pelo pornô, que não vejo como sendo a linha da minha escrita. Na escrita não tive problema algum, talvez no Recanto, as imagens, pois até lá possuem carolas de plantão, mesmo tendo eu postados meus textos respeitando o local da categoria erótico. Não gostam do estilo, dizem ser amantes da “boa” leitura, mas estão sempre de plantão, tecendo criticas pelas críticas. As imagens de posto, certamente as incomodaram um pouco, afinal elas conseguem fazer sexo vestindo camisa de força. Patético, imperdoável, mas carolas existem até na internet.  

     
     
Eliana, eu uso o nome de uma personagem (Narceja), preservo a minha privacidade porque acho que é uma escolha de cada autor (fazê-lo ou não), e porque minha profissão não permitiria tal exposição, teria minha vida particular invadida.

     Escrevo literatura erótica como obra de ficção, como outra categoria qualquer da literatura. Não necessariamente precisaria viver, ou sentir tudo o que escrevo, uma vez que por detrás de um texto (de qualquer categoria ficcional) há muita pesquisa. 
     
     Concordo com você que o leitor inteligente procura uma obra autêntica, todavia no erótico esse "autêntico" pode, por vezes, ser mal interpretado em razão do tema em questão, haja vista que a partir de um texto erótico poderia ser associado o texto ao escritor.

     De certo, este fato já não ocorre em outras categorias literárias, podendo o escritor manter-se "afastado" do texto. Deste modo, como você vê o leitor de literatura erótica? 

 
     Penso ser interessante essa questão de privacidade, concordo no que diz e respeito todas as demais. No meu caso eu estive à mostra até pouquíssimo tempo, não tinha a preocupação do anonimato.


     Contudo, não podemos deixar de perceber que a sociedade é impiedosa em muitos sentidos e olhando por esse lado, resolvi mudar de postura e hoje não estou tão exposta como pouco tempo atrás.


     Quanto ao leitor de textos erótico, os classifico extremamente inteligentes, desprovidos de hipocrisia, amantes da vida, pois só mesmo quem conhece bem o seu corpo e suas sensações, pode bater no peito e dizer sou feliz.

Diria mais ainda, o leitor de eróticos tem a sensibilidade à flor da pele, tanto é verdade que desfruta da fantasia claramente, muito bem assimilada a um corpo que está bem consigo mesmo.

     Então eu afirmo que o leitor de eróticos é maravilhoso, pois está mais interessado em viver aquela leitura no detalhe que mais lhe prende, pois seu corpo vive deliciosamente essas sensações e é diferenciado, pois sai da leitura comum e quebra paradigmas.


     Dos inteligentes recebo elogios, relatos gostosos das sensações que viveram ao ler meus textos, são carinhosos comigo, escrevem para me parabenizar, agradecer, por vezes, contam que compartilharam meus textos em roda de amigos, outros dizem que se reúnem para fazerem leituras prazerosas, sempre tem aqueles que aceitam meus textos como sugestão de uma noite de amor diferente, em época de férias, feriados prolongados sempre tem aquele que conta ter vivido alguns de meus textos na íntegra com a namorada, com a amiga, com grupos maiores de amizades, enfim, isso é encantador, estimulante é muito gratificante.

 
    
 Eliana, com que idade começou a escrever erótico e quais motivos levaram-na a escolher um tema tão polêmico?
        
     O meu mundo na escrita literária é recente, na verdade o primeiro erótico surgiu em dois mil e seis, no Recanto da Letras, depois de veredar por outros segmentos, como bem mostra a minha página neste site.


     Escrevi muita coisa sem nunca ter publicado nada, escrevia para preencher o tempo, para conversar comigo mesma, mas em outro estilo. Editei dois livros infanto-juvenis, outro de contos no qual quase tudo ali sou eu mesma, minha vivência de menina pobre, com muitos problemas de aceitação familiar, outro poético em parceria com pessoas muito bacanas do Recanto das Letras, participei de coletâneas literárias, mas a questão erótica foi mesmo nesse site.


     Na verdade, por ser muito autêntica, percebi que minha escrita não tinha o agrado dos leitores do Recanto. Eu lia muito a quase todos, admirava alguns e comentava inúmeros. A recíproca não era verdadeira. Um dia por inspiração, exatamente em janeiro de dois mil e seis, em plenas férias, postei a minha primeira poesia erótica. Pronto, foi aí que descobriram a minha “existência” dentro do Recanto. Por desafio, escrevi outra, “sucesso”, então entendi que para eles sou melhor falando do erotismo.


     Sou uma pessoa de mente muito jovem, vivencio a juventude o tempo todo, romântica por excelência e por isso escrevo com muita naturalidade, sendo sempre personagem, até porque assim você não expõe ninguém, pois amigos todos nós temos e vivemos em uma sociedade, logo os personagens amparados na minha pessoa, apenas completam o enredo.

     Quanto à idade! Amo dizer que já completei meio século e não envelheci, mas acumulei viveres diferenciados, que hoje são meus referenciais.

 
       Eliana, qual a razão de escrever? 
          
     Escrevo por que gosto de criar, independente do que crio. Escrevi muitos desabafos, choros na minha trajetória de vida, claro que esses eram forma de registrar descontentamentos, não literaturas, mas gosto das palavras, então as coloco no papel, no site, entre outros.


     Acredito que tenho certa facilidade dentro de alguns segmentos. Veja você que minha dissertação de mestrado, fiz quase que toda pautada na minha vivência profissional, apenas me respaldando em autores para não ficar no “achismo”, mas escrevi quase trezentas páginas com muita facilidade.


     Agora escrever por lazer, como faço no Recanto, atende meu desejo de grafar, mas também sou cobrada por leitores de estar postando mais e mais textos e isso me deixa muito lisonjeada, logo em respeito a eles vou escrevendo e cada vez mais comprometida com eles. Fico muito feliz quando recebo e-mail solicitando que eu escreva sobre este ou aquele tema, com mais audácia, quase que retratando fielmente uma cena real. É prazeroso, então penso que escrevo com prazer para os prazeres dos leitores. 

  
    
 Como se dá o processo de escrever por encomenda dos leitores? Você simplesmente cria o enredo a partir da sugestão do leitor? Como se dá essa forma de criação?
            
     O prazer de escrever no meu caso é tão grande, agradar o leitor é tão bom, e como trocamos e-mails eles solicitam alguns temas e de imediato encima da solicitação devaneio e o texto surge como que um passe de mágica.

     Escrever para mim é isso, permitir que eu flua de dentro para fora, sendo o mecanismo dessa verdade meus dedos no computador. A verdade disso é que o texto nasce tão logo eu recebo o e-mail. Tenho necessidade de saciar os desejos de meus leitores, não gostaria de ficar esperando se estivesse no seu lugar, então eu o respeito e crio quase que imediatamente e na mesma proporção, os agradecimentos também vêm rápidos. 

 
      Quando nascem os títulos dos seus textos?      
             
     A última preocupação que tenho é com título, não me prendo muito a ele na hora de escrever, assim me permito passear livremente na criação. Depois de pronto, revisado, é nesse momento que surge uma idéia e faço dela o título, ou simplesmente de acordo com a imagem que seleciono, por exemplo, dou o título, muitas vezes, pinço uma palavra, expressão do próprio texto. 

 
     Em que gênero pode ser classificado os seus textos, eróticos ou pornográficos? É possível afirmar que existe essa divisão de categorias?
             
     
Como disse, vejo meus textos eróticos. Sou quase sempre personagens deles e faço comigo, com os personagens,
ações românticas explicitas de todo ser sexuado, desprovidos de hipocrisias, mas vivendo intensamente a relação sexual.

     Nosso corpo é uma viagem de possibilidades, explorar cada uma delas é uma opção de cada ser, que pode e deve utilizar da melhor forma possível como ações românticas que valorizam suas relações cotidianas. Não acredito que seguremos uma relação pelo estômago, como diz o velho ditado popular, mas principalmente pelo abastecimento poético, romântico, explícito nas nossas relações sexuais, basta observarmos que elas afomentam todas as relações entre quatro paredes. 

            
     Creio que exista sim uma diferença entre o erótico e o pornográfico. A pornografia é banalizar a ação sexual, descomprometida do ato romântico, é agredir a poesia que possa existir dentro de toda a intenção de ser poético, ser desrespeitoso com seu corpo ou com o do outro, principalmente não concatenando as palavras que bailam na junção poética. Observe que texto pornográfico é muito agressivo, feio e nos dá a sensação de vazio. 

 
      Você é, sem dúvida, a escritora mais lida da categoria no recanto, a que pode ser atribuído esse sucesso?
 
            Não sei se sou a escritora mais lida, mas sei que agrado esses leitores inteligentes. Acredito que escrevo literalmente o que o leitor desse estilo gosta de ler, o quê adoraria por em prática todas as noites, mas muitas vezes, não possui uma companheira que compartilhe de seus sabores, logo proporciono uma possibilidade a mais de prazer, mesmo que seja vivendo essa fantasia na solidão da sua leitura.

     Penso que como tenho o hábito de ilustrar meus escritos, acredito que isso ajuda e muito a fantasiar, a cativar o leitor. Acredito que todo mundo gosta de uma bela cena, de uma boa ilustração, que tire a frieza da tela do computador e proporcione ao leitor estimulado pelas imagens atingir mais rapidamente o ápice das intenções ali descritas
.
  
     Quais suas raízes literárias? O que você gosta de ler?                            
           
     
Leio de tudo, como ainda continuo fazendo outros cursos universitários, passeio por Bourdieu, Rousseau, Romances de Machado de Assis, Guimarães Rosa, notícias populares, enfim não tenho problemas com o que ler, creio ser úteis todos os estilos, pois são ricos e nos permite parodiá-los. O ler é inerente ao ser letrado e quando se lê pela distração não pode estar preso a uma única raiz. A versatilidade ainda é a alma de todo sucesso e na leitura não será diferente. 
 
      Eliana, você se sente realizada como escritora?      
           
     
No Brasil realização como escritora são para poucos. Tenho algumas obras publicadas, mas não sobrevivo da escrita, pelos menos não aquela no papel. Não sou Lygia Fagundes, Jô Soares, Bruna Surfistinha, e mais uma meia dúzia.

     Sou alguém que ousou colocar no papel umas histórias infanto-juvenis, contos de ficção, poesias que extrai do fundo meu “eu” interior, mas muito longe da realização que todo escritor gostaria. 

 
 
       Qual a sua relação com o Recanto das Letras?      

     Por incrível que pareça não me lembro exatamente quem me indicou o Recanto, mas confesso que rapidamente me adaptei a ele. Minha primeira postagem se deu no dia 26 de novembro de 2005.


     Vejo como um site fácil de manusear, possui autores muito interessantes, leitores inteligentes e um rol de amigos extremamente gostosos. Não citaria ninguém para não magoar, não me considero boa de memória e eu ficaria muito triste se esquecesse de pessoas incríveis, que troco e-mail todos os dias.


     Contudo, tem uma pessoa que a considero mais que especial, escritora de uma sensibilidade ímpar e que também é muito querida no Recanto. Falo da Juli, pessoa linda por dentro e que transmite em tudo que escreve a verdade da vida carregada de sensibilidade, pureza, em cada vocábulo. Eu a admiro muito.  

 
  Eliana Santana, como Profa, qual foi a sua maior alegria como escritora?

     Como Profa, me surpreendo todos os dias, pois a alegria de viver me deixa fértil, embala meus dedos, meus neurônios e contempla minha sensibilidade, mas como Profa minha alegria maior se deu, quando depois de algum tempo participando do Recanto e lendo textos muito bons, sonetos que eu adoro e creio ser o estilo mais difícil de escrever, cliquei nos textos eróticos e li muita coisa interessante e me propus a escrever o primeiro erótico da minha escrivaninha.

Dois dias depois, as leituras foram se duplicando cada vez mais e em uma semana atingi a casa das mil leituras. Fiquei surpresa, muito feliz e percebi que poderia fazer a diferença, no Recanto. 
 
     Eliana, você já possui vários livros publicados, tornando-se, tanto pela postura, como pelo vasto material literário que possui, uma profissional. Você se considera uma profissional na arte de escrever?

     Não tenho essa preocupação de rotular-me como profissional ou não, mas com algumas obras depositadas na Biblioteca Nacional, não tenho como negar esse fato. Escrevo porque gosto, me dá prazer oferecer prazer a leitores inteligentes, que não tem medo de saírem do lugar comum, que lidam muito bem com a sexualidade, que fantasiam seus ideais e brincam deliciosamente com seu corpo ou apenas com a sua fantasia .


     Escrever é isso, entrega total para leitores fantásticos, então o prazer se multiplica e a arte de escrever floresce naturalmente. 

  
     Você já escreveu em outros sites de contos eróticos, ou sua obra é apenas encontrada no Recanto das Letras e em seu site?

     Estive experimentando outros sites, mas confesso que não me adaptei ao seu estilo, no sentido de manuseá-lo. Não gosto de coisas complicadas, elas tiram meu prazer, então acabei ficando só mesmo no Recanto e no meu site. Penso que aqui tenho o meu público que tanto respeito, o site é tranqüilo, logo fui ficando.

  
     Há algum tema na sua literatura erótica que você não escreva? 

     Não tenho preconceito algum e jamais seria incoerente, mas por gostar muito de animais, não vejo com bons olhos sexo com animais.


     Vejo cenas deste porte com certa restrição, algo agressivo, estranho para minha ótica. Acredito que os animais estejam em outras esferas e não precisamos disso para sermos felizes sexualmente. 

 
     Quais os escritores do Recanto que você mais admira e por que?

     A Juli é fantástica, por sua sensibilidade, sutileza e pelo poder de síntese sem desconstruir a idéia central. Um poeta muito gostoso de ler e de se divertir é Wramoss, tem quadrinhos que retratam a vida no campo, tem frases com título de duplo sentido e ao ler ele vem com uma bela sacada, outro poeta, esse mais do erótico é o Vincent Benedicto que não tem pudor, hipocrisia e escreve lindo, mas as carolas do Recanto, certamente, o cansou, tanto que a tempo ele não posta mais.  São pessoas lindas que sabem o que querem escrever, tem compromisso com seu público e tem a simpatia na ponta dos dedos. 

  
 
    Em se tratando de escrever, você considera ter existido algum progresso neste plácido interregno?

     Eu não sei o que você chama de progresso, ou em que sentido você esteja perguntando, mas nada é estagnado, tudo é mutável e escrever para saciar desejos, trocas mútuas, sempre trará progresso, crescimento de alguma forma, porque nada estaciona no tempo. 

 
     
O que é o amor para você?
       
     É a expressão da verdade do seu “eu” interior, é sentimento puro desprovido de sensações mesquinhas, é perder o chão com o suspiro do amado, é flutuar no mundo das aspirações, pois só quem ama corre atrás de seus reais desejos, amorosos ou não. 

  
     
Você tem mais de 600 poesias e está a par da poesia brasileira. Quem você citaria da nossa poesia, por que?

     Falar de poesia é falar de vida, sonhos, momentos fortes, desejos, delírios. Então, citar um ou outro é difícil, pois, embora não pareça o país tem poetas lindos, encantadores Vinicius de Morais, Clarice Lispector, Castro Alves, Olavo Bilac entre tantos outros fantásticos, mas mal lidos.


     No Recanto um poeta, sonetista, que eu me encantei foi Kolemar Rios. Seus sonetos são de extrema beleza, singeleza que ao término da leitura eu queria sempre curvar-me diante da poética. Mas infelizmente o Recanto perdeu inúmeros poetas bons, o que foi uma pena. Sinto saudades de muitos deles, fiz uma linda amizade e aprendi muito com eles. 

 
     Como escritora, o que você almeja? 

     O reconhecimento do mundo editorial o que não é nada fácil em um país de cartas marcadas, de poucos privilegiados, de ausência de investimentos em cultura, enfim, um país que pouquíssimo lê.


     Então, para quem gosta de escrever e aceita outras possibilidade para ter o seu público, e esse sempre muito fiel, temos os sites que nos abrem as portas, para que possamos não morrer frustrados, visto que também o mundo editorial escrito, é seleto e não aceita o estilo erótico como linha de publicação.


     No fundo, poucas pessoas perceberam que sexo existe desde que mundo é mundo e que ele está aí para nos fazer feliz, para que possamos nos relacionar melhor, desfrutar das delícias que nossa carne produz, por último reproduzir.

Fazer sexo não é pecado e inovar sua execução é dever do ser humano inteligente, que se ama e se doa por inteiro. Sexo não tem que estar, necessariamente, atrelado a casamento, porque sexo é troca, é liberdade, é desejo, é comungar das mesmas necessidades desprovidas de obrigatoriedades 
 
       Eliana, acrítica constrói? Você já foi influenciada positivamente ou negativamente por uma crítica?
                        
     
A crítica sempre foi muito importante e tem os dois lados, aquele que constrói, depois de uma reflexão sobre o tema proposto, logo provoca mudanças importantes ou simplesmente reforça o que foi dito ou escrito anteriormente, levando o autor a retomar o assunto em questão com maiores explicações e posicionamentos que irão clarear as idéias ou aquelas críticas desconectas, que além que nada acrescentar, deixa claro o nível de ignorância, desconhecimento sobre a intenção do autor ou sobre o tema proposto, como também pode vir com a intencionalidade da agressão pela agressão, essa então é triste, porque nada é mais desagradável do que lidar com pessoas frustradas, revoltadas e que ousa despejar suas mágoas, seus fracassos no sexo.

     Viram falsas beatas por desilusão, frustração, rejeição e o desamor toma conta do seu “eu”. Vejo a crítica como um momento de retomada, uso-a para rever ou acrescentar detalhes, mas não sem antes fazer uma reflexão de quem critica, a qualidade de quem critica e com que intencionalidade surgiu a crítica.


     Feita essa análise, nunca tive o menor problema em recuar, rever, reconsiderar, embora, modéstia parte, tenho recebido muito mais elogios do que crítica propriamente dita, mas vindo com respeito eu aceito todas. 

 
      Quais os livros que você já escreveu? 
            
     
Tenho trabalhado muito com leitura e construção de textos. Penso ser de extrema importância para o cidadão ter essa habilidade melhor desenvolvida, partindo do pressuposto que todo individuo é leitor por excelência, vive no mundo das letras, dessas necessidades. 
           
     Escrever deveria ser um ato comum de todo cidadão, mas infelizmente, os tabus, os medos, o não querer se expor de forma alguma, impede muitos de colocar no papel, qualquer gênero literário, optando por ficar apenas na condição de leitor, o que é uma pena, pois quem lê muito poderia estar construindo textos maravilhosos. 

           
     Contudo, a de ressaltar que no Brasil editar livro é muito caro e requer uma boa dedicação se quiser um trabalho com qualidade. Exatamente por isso, tenho somente cinco obras publicadas e voltadas para gêneros que não compromete o público algum. 

           
     A primeira obra que publiquei e que foi para a Bienal tem o titulo (Fadas e Enigmas) que contempla a garotada infanto-juvenil; (Cidade dos Sinais) é uma obra que tem o espírito de conscientizar jovens e adolescentes, que ao seu lado pode ter alguém muito especial, por exemplo, os deficientes visuais. 

            
     O enredo é maravilhoso e narra uma cidade toda adotando uma família que tem filhos com essa deficiência e comungam de ações exemplares; (Lições de Vida) são cinco contos que são verdadeiras narrativas que deixam exemplos de perseveranças, de ir buscar cada passo de uma vitória; (Resquícios) obra esgotada e que chama de “representante do Eu”, pois é a expressão de muitos momentos que vivi, é a exaltação do meu “eu” interior. 

           
     Fiz uma viagem voltada para dentro de mim enfocando diversos temas e acredito que foi muito bom editar essa obra até para fazer um balanço de tudo que já havia vivido até então; (Paixão Adolescente) também esgotada, foi uma obra que desenvolvi com um grupo de adolescentes como incentivadora de construção de textos. 

           
     Eu quis sair literalmente da fala para a prática e saiu uma obra fantástica, os pais desses adolescentes se incumbiram de esgotar a edição em menos de dois meses; (Um Presente para Você) esse foi muito especial, porque tenho como parceiros, a poeta Juli do Recanto das Letras e Rogério Miranda outra pessoa muito forte com um versejar muito interessante. 

           
      Entre essas obras todas, participei de muitas antologias poéticas, publiquei artigos em alguns sites, revistas específicas, enfim, estou sempre envolta com o mundo das letras. 

                  
       Eliana, você tem 537 áudios de várias categorias literárias, 188 áudios eróticos. Como se dá o método de criação dos áudios? É mais difícil criar um áudio erótico do que de outra categoria, ou não existe essa diferença para o interpretar poético?
           
     
Áudio é algo que precisamos ter cuidado redobrado, pois chega ao ouvinte de forma mais direta e com uma carga emocional muito maior. Ler um texto é muito diferente que ler ou interpretar uma poesia.
           
     A poesia requer alma, viver com forte emoção aquilo que está diante de sues olhos, é interpretar cada verso, é conversar com a poesia, é transpassar ao ouvinte emoções que o incomode emocionalmente. 

           
     Confesso que é muito mais difícil a poesia no áudio que na grafia pura. Se tratando de áudio erótico a preocupação é maior pelo fato do erotismo exigir algo diferenciado. Você está mexendo com libido, com desejos, reações e você tem uma intencionalidade muito maior. 

           
     Por outro lado conhecer pontuação e empregá-la corretamente é parte fundamental em um áudio, pois é exatamente o ler, interpretar pontuando corretamente que irá lhe permitir brincar com as sensações eróticas. 

           
     Se tudo isso não for muito bem colocado e não tiver também (o que não é bem o meu caso) uma voz agradável, certamente o áudio ficará bem prejudicado. Assim, eu diria que a poética erótica, requer muito mais do autor e transformá-la em áudio exige acima de tudo muita sensibilidade. 

           
     Não podemos esquecer que o leitor-ouvinte de eróticos está procurando algo mais, está querendo sentir outras emoções e muitas vezes, usa esse recurso auditivo para fisicamente satisfazer-se sexualmente. 

                 
       Eliana, que conselho poderia oferecer aos novos escritores que tentam se aventurar no mundo da literatura erótica, alguma sugestão a ser seguida?

     É difícil você aconselhar alguém, eu daria pequenas sugestões, como usar a sensibilidade  traduzida em palavras.

Escrever o que o público desse estilo quer ler ou ouvir, ir fundo nos desejos, se transportar nessas emoções, viver cada palavra que for grafando e não usar palavrões desconexos.

     Não podemos confundir determinadas palavras do cotidiano sexual e substituí-las por palavras agressivas, feias, que não valorizam o ato sexual. Palavras do estilo erótico não podem ser confundidas com estilos pornográficos, que é outra coisa.

 
 
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