AO SELMO VASCONCELLOS DO JORNAL ALTO MADEIRA, Porto Velho, RONDÔNIA

ENTREVISTA PARA SELMO VASCONCELLOS DO JORNAL ALTO MADEIRA, Porto Velho, RONDÔNIA, em 06.03.2010:

* Nadir Silveira Dias

Muito grato e honrado, Selmo, pelo convite para esta entrevista em seus veículos de comunicação, digitais, e o impresso Jornal Alto Madeira. Além das fotos, seis poemas, encaminho anexo extrato do currículo e a minha livrografia, conforme a sua solicitação.

SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades, além de escrever?

NADIR SILVEIRA DIAS - Eu sou um homem comum. Um homem que precisa exercer todos os papéis que a sociedade alinha como próprios para cada gênero. E disso nunca fugi, nunca desgostei. Nem do meu, nem do gênero alheio. Sou dono de casa, pai de família, proprietário, contribuinte desse decrépito sistema tirano de governo, forçado consumidor desse apaniguado sistema econômico chancelado pelo governo da vez. Sou também advogado, jurista, poeta, escritor, pesquisador, musicista, historiólogo, periodista e pensador, editor, dirigente de Diretorias jurídicas de academias e entidades culturais. Sou estudioso, cientista social e cientista político, e, necessariamente, ainda portador de muito e muito controle para evitar diariamente as provocações ou prejuízos causados por pessoas malsãs, existentes em todo o canto, de um modo que se apresente o mais polido possível. Infelizmente, os prejuízos que essas pessoas nos impõem raramente são evitados. Além disso, sou apartidário e ecumênico. Eu sou do Sul / Gaúcho brasileiro / Americano, sim senhor!

SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?

NADIR SILVEIRA DIAS – Não sei precisar, senão com os próprios bancos escolares (nas classes, banco mesa), no tão bom e extinto Curso Primário, concluído em 1962. Nele o objetivo era a formação do indivíduo, tanto com as matérias de ensino quanto com as matérias formativas de interesse agregado: Trabalhos manuais, música, e prática esportiva. Nas redações, então denominadas composições, eu me saía muito bem, e ainda era chamado para ler na frente da classe (turma), as composições de outros colegas que ainda não se dispunham a fazê-lo, por vergonha ou indecisão. Nesses cinco anos, são três primeiros lugares em final de ano, cujos troféus – livros carinhosamente dedicados pelas professoras, tenho-os comigo com muito carinho. De qualquer modo, descobrir palavras e o seu significado, para mim sempre foi algo muito comum, corriqueiro, muito normal. Dicionário era um dos meus apelidos. Dicionário, porém, apenas consegui comprar em 1970 e hoje já possuo vários. E nem sempre está lá a palavra que ensejou a sua procura.

SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados dentro e fora do País?

NADIR SILVEIRA DIAS – São onze livros publicados como autor, seis organizados de poesia e prosa, oito como editor, e neste ano de 2010 mais seis serão publicados como autor. Ainda não publiquei livros fora do País, senão alguns poemas em livro coletivo editado no Uruguai. São eles:

Garantias Locatícias Doutrina Jurídica 14x21 72 pp. Fev 2010 ISBN 978-85-7978-012-7

Vermeil 2009 Poemas 14x21 56 pp. Set 2009 ISBN 978-85-7537-106-0

Fiança sem Outorga Conjugal: Causa de Nulidade, Anulabilidade ou Ineficácia? Doutrina Jurídica 14x21 70 pp. Jul 2009 ISBN 978-85-7810-478-8

Benfeitorias em Imóveis (Mejoras): Aspectos Gerais Doutrina Jurídica 14x21 110 pp. Jul 2009 ISBN 978-85-7810-477-1

Direitos do Locatário versus Direitos do Locador Doutrina Jurídica 14x21 192 pp. Jul 2009 ISBN 978-85-7810-476-4

De(s)caminhos (In)sanos Poemas 14x21 42 pp. Jul 2009 ISBN 978-85-7810-475-7

Palavras de Abril Livro de Homenagem ao Autor Poesia, Contos e Crônicas 14x21 272 pp. Mai 2008 ISBN 978-85-89873-76-5

Satírico & Afins Sátira Minidicionário 10x15 72 pp. Out 2004 ISBN 85-89401-18-9

Nadir Silveira Dias & Amigos Livro de Homenagem ao Autor Poesia e Prosa 14x21 130 pp. Dez 2001

Locação de Imóveis Comentada em Locuções e Verbetes Doutrina Jurídica 16x23 280 pp. Nov 1999 ISBN 85-7348-098-X

Rastros do Sentir Poemas Reunidos 14x21 136 pp. Out 1997

Seguem-se, ainda em março, creio: Servidor Público, Jurisprudência,14x21 Fev 2010, e Voraz Encanto, Poemas, 14x21 Mar 2010

SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesia?

NADIR SILVEIRA DIAS – Tenho dito, Selmo, que a poesia ou qualquer texto ou manifestação é a exteriorização do que possui no íntimo, na alma, aquele que a expressa, que a expõe. E o disparador, o gatilho que enseja esse iniciar da produção é algo muito pessoal. Uns dizem que precisam fumar, outros, beber vinho, tomar café, outros ainda, precisam se recolher para um lugar calmo, outros mais, estar sem fazer nada para surgir a inspiração para a poesia. Para mim, não. Eu não preciso de nada disso. Eu produzo quando produzo: Caminhando pela Avenida Borges de Medeiros, antes de dormir, à mesa durante a refeição, no bar, na praia, no lar, bebendo vinho, café, ou não. Por isso, Selmo, não me animo a enunciar um impacto que propicie atmosfera ou se situe como mais propícia ou capaz de produzir poesia.

SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira?

NADIR SILVEIRA DIAS – Considero-me um péssimo ledor porque leio mais devagar do que gostaria e nem sempre termino de ler o livro iniciado. Isso, porém, agora já sei que não é coisa minha: É mais ou menos comum, o que, de qualquer modo, não me deixa feliz. Queria ler mais! Por isso mesmo, tenho dito que os escritores que eu mais tenho lido e apreciado são dois conhecidos filólogos: Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira e Antonio Houaiss. Dentre tantos outros, além de Brian Weiss, impossível não referir os seguintes, entre muitos, Gonçalves Dias (1823-1864), Casimiro de Abreu (1853-1927), Olavo Bilac (1865-1918) e Pablo Neruda (Neftali Ricardo Reyes - 1904-1973). Também recordo de repentistas nordestinos, bem declamados pelo estimado Tio “Theo” e das trovas e modinhas cantadas por minha mãe, além das poesias contidas nas letras vertidas das ondas do rádio pelo cancioneiro nacional, português, regional, e espanhol, ouvidas com minha mãe adotiva, Aidê Pires, seguindo-se o gosto pelas canções italianas, francesas, alemãs e nativas. Aprecio os simbolistas, especialmente Alceu Wamosy (1895-1923), em nosso meio, ainda que mais parnasiano que simbolista, segundo a crítica e a sua Poesia Completa (1994). É impar o simbolismo vertido no célebre soneto “Duas Almas”, obra pela qual se tornou mais conhecido o alferes-poeta uruguaianense, falecido em Santana do Livramento dez dias depois de ferido no Combate de Ponche Verde, nos campos de Dom Pedrito, em 03.09.1923. E aprecio não menos os naturalistas, e Émile Zola (1840-1902), sua expressão maior. E também a expressão nacional desse segmento: Júlio César Ribeiro Vaughan (1845-1890), mineiro, de Sabará, na sua mais celebrizada e polêmica obra, “A Carne” (1888), em que isso se verifica de forma poética, doce e ardentemente complicada: a vida e morte fluindo juntas, compassadamente, no cadinho graúdo das mazelas humanas. De qualquer modo, a narrativa em prosa ou versos é fundamental. Sem ela o etéreo se sobrepõe ao real. E a beleza, assim como a verdade, precisa estar expressa na poesia, especialmente na poesia, pois ela, verdade, não está afastada do “Princípio Poético” (1850), de Edgar Allan Poe (1809-1849), por sinal, traduzido por Júlio Ribeiro (Assassinatos da Rua Morgue), obra que deu início ao moderno conto policial. Aliás, como poeta, Poe é um homem à parte, como novelista e romancista, é único no seu gênero, nas palavras de Charles Baudelaire (1821-1876) que, juntamente com Stéphane Mallarmé (1842-1898), foram os responsáveis pelo reconhecimento do gênio de Edgar Allan Poe, primeiro fora dos Estados Unidos.

SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?

NADIR SILVEIRA DIAS – Bueno, Selmo (Como dizemos na fronteira), conselho parece não ser coisa boa. Fosse bom, ninguém dava, vendia, ninguém pedia sem oferecer preço, e seguiria, sim, porque pagou por ele. Eu, por mim, sempre incentivo os novos com o lema, com o tema que move o mundo: Trabalho, trabalho e depois, trabalho. Não sendo vedado por lei, faça o que quer fazer: Prepare-se buscando conhecer bem o que quer fazer, estude, e comece. E continue. Você não vai demorar para começar a ver os resultados. Dentro de você. Fora, talvez!

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http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2010/03/nadir-silveira-dias-entrevista.html

* Jurista – Escritor – Poeta – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 18/03/2010
Reeditado em 12/12/2011
Código do texto: T2146048
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