ENTREVISTA ACADÊMICA COM O FUNDADOR DO JORNAL OPINIÃO, ORCEDINO WENCESLAU

Orcedino, como surgiu o jornal Opinião, em qual cenário ele surgiu e como?

O jornal Opinião surgiu no ano de 1979. Eu e o Alaor Bernadino da Gráfica Goianésia. Conversando, chamei-o para fundar um jornal em Goianésia, ele topou naquela época. “Nós vamos fazer o jornal?” “Vamos”, conversando fomos procurar matéria, patrocínio, isso tudo, e quando nós vamos e o nome? Isso e uma coisa que temos que descobrir o nome, e eu liguei para um amigo meu chamado Albertino, lá em Jaraguá, colega meu de CELG, e perguntei para ele. “Albertino, eu queria que você me desse uma opinião, pro nome de um jornal que eu estou montando aqui”. “Ah! Você já falou o nome, OPINIAO”. Mas quando nos fomos editar o jornal, lá em Goiânia, chegando lá o cara falou. “Já existe um jornal Opinião”, mas vou te dar uma idéia, você põe Opinião de Goianésia, e nós colocamos Opinião de Goianésia. Nisso, nós tínhamos uma reunião com o prefeito da época, que era o Jalles Fontoura de Siqueira, e nos deu todo o amparo necessário, inclusive com verba, para que pudéssemos circular o jornal, e o primeiro jornal circulou no dia 19 de abril 1979, o jornal foi fundado em 12 de outubro de 1979 e o primeiro já circulou em Goianésia com a manchete “Queremos pertencer a Goianésia”, era um problema que tinha com o (hoje) município de Santa Rita do Novo Destino e Barro Alto, e não queriam ficar em Barro Alto, e pertencer a Goianésia , essa era a manchete.

Então Novo Destino era povoado que estava no município de Barro Alto, mas eles queriam que ficassse em Goianésia?

Era. Goianesia, tá que tava havendo a divisão na época né, no município, mas infelizmente eles não conseguiram, a Justiça na permitiu, ficando em Barro Alto e depois 15 a 20 anos se emancipou.

O que te motivou a fundar um Jornal em Goianésia, já tinha acontecido a experiência de outros jornais que na vingaram não estão existindo até hoje, o que te motivou a fundar um jornal em Goianésia?

Quando eu era jovem em Goiania, eu tive uma idéia, lá nos circulamos um jornal chamado “Tribuna do Oeste’, mas circulamos 2 números, mas naquela época era um época “braba”, ditadura né? Complicado. E os dois primeiros números que circulamos já “empastelaram” o jornal e nós já largamos de mão. E não mexemos com jornal mais. Quando eu vim para Goianésia, eu vim como funcionário da CELG, ali eu vendo que Goianésia era uma cidade que estava crescendo na época e não tinha meio de comunicação, não tinha nada, então resolvemos montar o jornal. Goianésia estava carecendo de um jornal, Goianésia estava crescendo, então o que acontece lá do outro lado não sabe do lado de cá, então precisa de um meio de comunicação, então surgiu a idéia de montar um jornal, tivemos o apoio e nos montamos o jornal.

Como era produzido o jornal Opinião, assim as relações de trabalho no inicio, o processo de impressão, distribuição, maquinário, como funcionava o jornal no inicio?

O primeiro fotógrafo nosso, do jornal foi o Marcos, Marcos Fotógrafo, que se aliou a nós. Ele fazia as fotografias, tudo branco e preto, ele fazia as fotografias, só que não revelava na hora, demorava porque na época o processo de revelação era demorado, e o jornal era feito batido tudo na máquina né? Máquinas dele mesmo e depois de bater à máquina, a gente tinha que fazer a diagramação. Nem sabáimos o que era diagramação e a nossa diagramação era feita em Goiânia, a gente saía daqui numa segunda feira ficava lá dois dias. O cara diagramava o jornal e gastava mais dois dias para rodar então gastava mais ou menos uma semana, a gente ficava uma semana lá pra rodar o jornal e chegava aqui era uma festa né?, pois o jornal começou todo mundo queria sair no jornal, como até hoje né, a pessoa gosta de sair no jornal, então no inicio foi super complicado por que demorava demais, as máquinas de rodar jornal eram todas máquinas que não eram rotativas, não existia máquina rotativa. Pronto, rodava folha por folha, então era meio artesanal, mas eu tive a sorte, porque eu conheci o jornalista Jaime Câmara em 1978 e nós pegamos uma amizade tão grande que ele vinha em Goianésia nas minhas festinhas de aniversário e pegamos amizades e começamos a fazer o jornal lá, ele me deu um apoio muito grande, chegou ao ponto de quase mandar nas Organizações Jaime Câmara, chegava e super bem atendido, o jornal passou a ter mais facilidade de fazer as coisas, o jornal rodava lá no Jaime Câmara, pagava do jeito que eu queria, ele vinha nas minhas festas, veio em 5 festas seguidas em Goianésia. Veio até em aniversario da gente, veio aqui, então eu tive esta felicidade, pois para mim é uma das maiores amizades que eu tive, realmente . Pois como um cara rico daquele, queria ter amizade com um cara pobre, que mora no interior, do meu naipe? Então ele chegou a vir em Goianésia, vinha visitar o Orcedino e visitava as fazendas do Dr. Otávio Lage, conversava com as pessoas, mas antes ele passava em minha casa, então essa foi uma das grandes amizades que eu tive e uma grande ajuda que eu tive, pois sempre que fala em jornal Opinião eu lembro dele, porque ele foi o padrinho, foi um pai foi tudo para mim no jornal Opinião.

E como era a relação com os funcionários, quem trabalhava, quem fazia o jornal?

O jornal toda vida, quem escreveu, primeira pessoa que escreveu o jornal para mim, foi o Moacir Lázaro de Melo. Moacir escreveu um livro sobre Goianésia, então ele escrevia e era um dos redatores do jornal, tinha a Elza que colaborava também com o jornal, a Elza Caetano, depois o Guilherme Silvério passou a ser o redator, o José Mendonça outra pessoa que sempre me ajudou e colaborou constantemente, o Zé Carvalho, teve outro cidadão que também trabalhava no banco do Brasil chamado Humberto, foi funcionário do Banco do Brasil, ele era da época do IBGE. Outra pessoa também que ajudou muito tempo no jornal, seu Geraldo também de Goiânia, foi um redator que eu contratei, inclusive com vários livros, Geraldo era mestre, vinha para Goianésia, ficava aqui e escrevia o jornal, depois levava para Goiânia e fazia a diagramação e lá terminava o jornal. Então, são varias pessoas, várias equipes que trabalharam no jornal, depois no ano de 1990, nos começamos o Juninho, o Orcedino Júnior começou a fazer as matérias para o jornal, em 1999 você (Anderson) passou a participar com a gente e é hoje um dos grandes redatores de Goianésia.

De onde provém a fonte de receita do Jornal Opinião e como essa fonte sofreu mudanças ao longo desses 29 anos? A gente já passou por vários governos e tudo né?

No início, eu passei Anderson... No início eu passei por várias... No início a gente fazia o jornal, mais por hobby... Completava o dinheiro a gente corria lá e rodava o jornal... Depois foi começando a ficar difícil, fomos buscar patrocínio, patrocínio... a prefeitura... na época, a câmara, a câmara, a câmara não patrocinava. Nem eu quando fui presidente, nem patrocinei o jornal... Vê que... Vê que a gente era sério com as coisas né. Mas a prefeitura sempre colaborou. A gente ia atrás de outras prefeituras também. Circulei. Circulei em Niquelândia, Padre Bernardo né? Circulei em Pirenópolis. Circulei em Santa Isabel, na época, parte. Na época em Jaraguá tá? Entendeu? Essa região toda aqui. São Luiz do Norte. Nós circulamos essa região toda aqui, né? Pirenópolis foi um lugar que nós ficamos vários anos. E teve uma outra pessoa também que, foi uma das pessoas que me ajudou muito, que, foi o Frederico Jayme, Frederico foi uma das pessoa mais importante nesse jornal. Ele era presidente da Assembléia, inclusive eu fui presidente da Associação do jornal no interior. Ele foi nosso padrinho e nos ajudava muito também. Olhava arrumava verba. Ele mandava fazer a gente às vezes algumas matérias. Colocava matéria do governo. O governo não queria pagar, ele fazia pagar. Então, ele foi um parceiro que eu tive também, espetacular. E os prefeitos que eu tive também, todos os prefeitos que passaram por Goianésia, né? A partir do Jales Fontoura. O Rubens, né, o próprio Gilberto Naves, Dr. Helio... 2 vezes, o Otavinho né. São todos os prefeito. Zeca Salvino né, foi substituto do Jales. Então todos os prefeitos colaboraram com gente. E o governo... Também governo do Estado, nós tivemos acesso. Agora, na época da ditadura foi mais complicada né, no ano de 80 e até 85 né?. Começamos o jornal e, estava na época da ditadura e... então as matérias tinha que... ir pra Goiânia... chegavam tinha que ter visto né? Para o Dops. Não podia rodar conforme a matéria. A gente escrevia – Agora ta prontinho – a gente fazia o editorial, chegava lá o Dops vetava o editorial, não podia rodar, tinha que voltar pra trás, fazer outro editorial... e tal... tá então... não podia criticar né? Muitas vezes nós recebemos... é... né. Ficava no jeito né?. Saia o jornal. Falava: passou, passou, então... Sê vê que esse todo país... nunca teve um processo contra o Jornal Opinião.

Era exatamente sobre isso que eu iria perguntar. Quando surgiu, estava no regime militar. Como ele lidou com a censura e se teve influência direta nas suas edições, ná... na...

Teve e não teve, no mesmo tempo. Né? Porque a gente que fica mais no interior, ficava mais esquecido né? Eles ficavam em cima mesmo: dos grandes jornais, jornais da capital né?. Na capital era caça em cima né. Quantas vezes botavam fogo neles lá né? Ficava o Cinco de Março cheio de marcas. Batiam com pau, ferro botavam fogo na sede né? Mandou prender o povo. Mas dessa época o que foi mais difícil mesmo foi o ano de 64 mesmo, o ano brabo mesmo. O ano que acabaram a imprensa, foi proibido de publicar tudo né... depois foi liberado né... Figueiredo foi um dos caras que liberou um pouco a imprensa né... o Figueiredo foi abrindo espaço. Na época do Geisel se você falasse qualquer bolacha, você já tava no pote. Então muitas coisas aconteceram. Uma, que eu tinha esse privilégio também de ter esse padrinho chamado Jaime Câmara, algumas vezes tentaram né, fechar o jornal. Aqui pessoas da própria Goianésia. Que... a gente criticava muito né. O jornal falava muito, criticava demais. Então as pessoas tinham...O cara ficava com raiva. Uma vez tentaram fechar o jornal. Tinha uma ordem pra fechar o jornal. Aí eu tive lá no Jaime Câmara, a ordem veio de que lado? Veio de Goiânia, da Associação Goiana de Iimprensa. Era de cima pra baixo né? Aí nós corremos lá no Jaime Câmara. Então nós fizemos uma matéria que chama “É preciso resistir”, inclusive quem me ajudou a fazer essa matéria foi o Gilberto, Gilberto Naves que me ajudou a fazer essa matéria. É preciso resistir. E com isso, graças ao prestígio que a gente tinha, né? Com jornalista Jaime Câmara, dono da maior emissora de TV do estado de Goiás né... Foi em oitenta e dois, mais ou menos assim... nem estou lembrando da época direito não mais foi oitenta e dois, oitenta e três... graças a isso... não. Foi em oitenta, logo no início. Aí o Jaime Câmara mandou que liberasse imediatamente, tudo por isso que eu tinha que gostar do “véi”, o “véi” era bom mesmo.

Voltando ao ano de 79, como foi a receptividade dos leitores, por ser algo novo, assim. Você lembra por exemplo os primeiros anunciantes, as primeiras impressões?

Os primeiros anunciantes do Jornal foram: A Favorita Tecidos. Onde é hoje a JM, a Favorita, o Hospital Santa Luzia, Roberto é... Casas das... é... as baterias Roberto das baterias é... Emival Rezende né, advogado recém-formado na época. Então... esses foram os patrocinadores e a prefeitura também patrocinou. A casa de móveis do Eurípedes patrocinou, tinha uma casa de móveis lá que eu não me lembro o nome... a Dupé Calçados... tinha a Dupé Calçados... existia em Goianésia, era uma loja de calçados do... do Azis. Patrocinou o... Hospital Santa Luzia. E lá nos primeiros números existe lá as propaganda com eles lá. Inclusive eu convidei nos 25 anos, as pessoas que fizeram propaganda as primeira vez, para receber a homenagem nossa. Foi lá na Câmara os 25 anos.

Como a tecnologia influenciou na existência do jornal Opinião ao longo do tempo?

Tudo né? Hoje a gente faz um jornal em dois dias se quiser. É só trabalhar porque a tecnologia, o computador mudou tudo. Hoje o jornal em um pen drive pequeno, leva todo o jornal. Chega lá, imediatamente o jornal está pronto, na tarde, no outro dia já traz o jornal. Antes demorava uma semana, depois foi melhorando, passou para quatro dias, três dias, hoje chega com o jornal cedo e no outro dia já estamos aqui em Goianésia com o jornal.

O computador foi chegar no jornal Opinião em que ano?

Fomos usar o computador tem uns...(pausa), uns dez anos. Dez, doze anos. Para comprar um computador há doze anos tinha que ter muito dinheiro. O computador custou 2 mil e 800 contos (Reais). A primeira impressora que compramos para o computador, compramos em Goiânia. A primeira impressora a laser, inclusive não tinha nem conserto. Quando acabou teve que jogar fora. Máquinas a mesma coisa. Antigamente era maquinazinha prática, batia 200, 300 fotos, 150 fotos, para escolher, porque se saísse errado, para corrigir. Depois que surgiu a máquina digital, né? Nós compramos uma máquina, que temos ela até hoje, foi caríssima, aí resolveu todos os problemas do jornal. Você bate 200 fotografias, tira duas ou três para aproveitar, o resto você anula e pronto, acabou! A tecnologia veio de encontro, não só para o jornal, mas para tudo que se faz hoje, a tecnologia avançada que temos hoje, permite que você procurar tudo que tiver dúvida, através da internet, que você encontra, para não errar ou publicar nada errado porque o próprio computador corrige as coisas.

Ao longo deste tempo, sete prefeitos subiram ao poder em Goianésia, cinco eleitos, no caso, alguns repetindo o mandato, e outros assumiram. Foram: o Jalles Fontoura, Zeca Salvino, Rubens Otoni, Dr. Hélio de Sousa, Gilberto Naves, Otávio Lage de Siqueira Filho e o Alcione Miclos, que ficou por um ano prefeito.

Além dos presidentes de Câmara que assumiram né?

Queria saber como foi a relação política ao longo de todo este tempo, por exemplo, ele já esteve de todos os lados...

Iniciou na época do Jalles né, depois tivemos o Rubens né, inclusive

na época do Rubens fomos oposição, uma oposição séria, trabalhava como oposição. Depois, Gilberto veio, Dr. Hélio, continuamos sendo oposição mas publicávamos matérias, divulgava matérias, porque a vida de um jornal, se você não tiver matérias, patrocínio, você não consegue circular porque é caro. Tecnologia, tudo que se faz com tecnologia se torna caro, então todos esses prefeitos, todos temos os anais, os jornais arquivados, todos os prefeitos que passaram por Goianésia saíram nas páginas do jornal Opinião.

Tem algum fato curioso que você poderia citar, por exemplo, na época do jornal Opinião no governo Rubens Otoni?

Na época do Rubens Otoni, por exemplo, tivemos o jornal, continuou normal porque eu fui eleito (vereador) pelo PDS, naquela época e, numa composição política que tivemos, fui eleito presidente da Câmara, e virei oposição naquela época porque não podia ninguém filiar em outro partido porque perdia o mandato, formamos um bloco independente na Câmara, eu e o vereador João Arantes e damos a vitória para o PMDB pela primeira vez na história de Goianésia, ter um presidente na Câmara. Fui presidente. Depois liberaram, eu vim a filiar no PMDB, a minha ficha foi abonada até pelo senador Henrique Santillo, na época. Quando eu vi que o jornal continuou normal, até a gente brincava muito na época, falava “há, o jornal não é a opinião do Jallinho mais não, é a opinião do Frederico (Jayme)”. Foi a época que o PMDB passou no Governo (do Estado) por 16 anos e, nessa época toda nós circulamos o jornal graças às matérias do Governo do Estado, porque não tinha matéria da prefeitura, porque era adversário, mas tinha matérias do Governo, como falei, com a ajuda do Frederico Jayme.

Teve alguma matéria que te rendeu algum tipo de problema, até jurídico, ou até uma chateação?

Chateação teve. Teve matéria que a gente fez contra um problema que teve no Hospital Municipal na época, o pessoal não gostou da matéria, em 1980, bem no início, no governo do Jalles, na época o pessoal ficou contrariado, queria até fechar o jornal, brigaram, falaram, teve uma outra matéria também, quando fui contra a construção da Associação Médica, o prefeito Rubens, na época fez a Associação Médica, e nós tivermos um problema aqui, eu era adversário, tinha brigado nesta época e, na saída de Barro Alto, tinha um senhor que morava debaixo da ponte e tentamos arrumar uma casa para ele, com a prefeitura e a prefeitura se recusou a arrumar a casa estava construindo a Associação Médica, envolvendo todos os funcionários, fui lá e fiz uma fotografia do cara debaixo da ponte e dos funcionários trabalhando. Denunciei o fato né? Aí reuniram, a Associação Médica de Goianésia e me tornaram “persona no grata” da Associação. Até fiz um editorial, que se desse algum problema de saúde, não me levassem a nenhum hospital daqui não, que seria complicado. Isso foi em 1984 ou 1985.

O senhor considera então o período da gestão do Rubens Otoni o mais tumultuado em relação ao jornal Opinião?

Tumultuado porque houve uma mudança né... na política de Goianésia. Pela primeira vez o PMDB passou a ter maioria da Câmara de Vereadores e ter a presidência, então, isso aí, para eles foi um bicho né? Em 1985/86 fui o presidente e de 1987 e 1988 o João Arantes, que também era um companheiro do PMDB. Quando terminei meu mandato, logo em seguida fui eleito o presidente do PMDB, fiquei 9 anos na presidência.

Neste período de 1992 o PMDB venceu a eleição municipal pela primeira vez o Senhor - inclusive o senhor era o presidente do partido e o governo do estado era favorável. Como foi pra o jornal Opinião esse período, que coincidiu ter a prefeitura e o governo do Estado como aliados e o Senhor como presidente do partido?

Na prefeitura, na época, a verba era muito pequena, a economia era limitada e a verba do jornal era pequena, sabe, sabe que a o Gilberto sempre teve este negócio de muita economia. Inclusive eu fui até intimado uma vez pelo promotor da cidade aqui para apresentar as notas fiscais, que esse valor da prefeitura tava dez mil reais. Fui intimado, fui intimado.

Quem era o promotor?

O promotor, Uigvan, fui intimado e não dei nem moral porque todo mundo sabe que as notas não são falsas. Período tumultuado, assim o pessoal pensava que tinha uma verba grande demais na prefeitura e todo mundo sabe que na prefeitura é uma verbinha pequena. Até hoje a verba é pequena.

Orcedino, cite algum furo de reportagem, que teve alguma importância histórica para a Goianésia ou alguns furos que o jornal Opinião conseguiu no decorrer desses 29 anos conquistar?

Teve vários. Primeiro, fiz uma matéria uma vez sobre o Papa em Goiânia, em 1980, fiz uma matéria também lá no Ministério das Comunicações, uma conquista que nos autorizou a saída da rádio São Carlos FM, em 1988, uma matéria muito interessante falando no que Anápolis gira. O ministro Antonio Carlos Magalhães foi lá passear com eles, no Congresso também nós tivemos, foi fase marcante aqui no jornal. Em plano local, por exemplo nós tínhamos várias matérias por exemplo é que tinha matérias e nos fomos lá na delegacia.

Dá para indicar ao longo desses 55 anos de Goianesia e 29 anos do Jornal Opinião, qual a contribuição maior que o Jornal Opinião deu aqui em Goianésia, pois mais da metade do tempo político do município foi acompanhado pelo Jornal Opinião?

Eu acredito o seguinte: essa parceria foi bom pra mim, foi bom pra nós, eu achei muito arquivo eu achei demais para Goianésia, levou conhecimento, levou referência, a escrita, uma contribuição tão grande porque é um arquivo vivo, pois o jornal tem fotografia inclusive quase do início de Goianesia. No arquivo há várias fotografias, já publicamos. Temos mais de 20 mil fotografias, agora no CD e mais de 6 mil preto e branco. Fizemos aquela exposição de fotografia e eu levei um terço do jornal. No próximo ano vamos fazer uma festa novamente para completar os 30 anos de jornal e fazer mais esclarecimento mostrando o inicio o meio e as atualidades.

Que tipo de lição fica desde que o senhor tentou fazer um jornal lá em Goiânia, e foi impedido pelas circunstâncias da ditadura no Brasil e vários outros projetos, o Senhor veio para Goianésia. Que tipo de experiência o Jornal trouxe para você como pessoa e como profissional?

Eu acho que o jornal é uma coisa que me deu uma base muito grande, pois toda vida eu trabalhei muito. Perdi meu pai novo e nunca tive preguiça de trabalhar. Eu fui da polícia e a polícia me deu um suporte muito grande pois passei dois anos e tanto na polícia. Aprendi muito a enfrentar as coisas e não ter medo. O jornal 29 anos atrás quando nós começamos, não era muito aceito a cidade que era muito pequena todo mundo conhecia todo mundo, toda coisa que o jornal fizesse eles falavam, é o dono do jornal. A experiência é o tempo que vai amadurecendo, veio pessoas novas para nos ajudar, no caso meus filhos que vieram tomar de conta do jornal de uns dez anos pra cá estão na frente do jornal. Hoje eu faço pouquíssimas coisas dentro do jornal. Então isso aí é experiência de vida e muitas coisas passaram nesses 29 anos, muitas pessoas já foram, muitas pessoas já chegaram, outras estão por aí ainda e todas essas pessoas que passaram pelo jornal, principalmente com notícias com fotografias, nós divulgamos tanta gente no jornal. Gente humilde, simples, gente alta, gente de todos os lados, nós colocamos e nunca deixamos de publicar as coisas para as pessoas mais humildes principalmente porque as pessoas humildes só saem nos jornal, fatos inéditos quando você vê no jornal aí coitado dessas pessoas mais humildes para sair no jornal é problemático, né roubou, matou, morreu...Então nós aqui não, sempre liberamos o jornal para as pessoas mais humildes, a pessoas as vezes querem aparecer numa fotografia de aniversário. Tem gente que sair no jornal para ele é a coisa mais importante da vida, se sente realizado e a verdade é que todos nós possuímos aquele ego, aquele orgulho, aquela vaidade de ser entrevistado, de aparecer. Então a experiência que nós tivemos nesses 29 anos foi uma experiência muito boa e queremos continuar ainda muito anos quando a gente for embora, largar esses legados para os filhos, eles que vão tomar conta do jornal; e continuar fazendo aquilo que nos aprendemos fazer: informar a comunidade dando a ela todos os acontecimentos que acontecem em Goianésia, durante o mês. Sempre circulamos mensal, nunca tivemos aquela vaidade “há, vamos circular quinzenal”, já viu quantos jornais passaram por Goianésia? Muitos. Há, vamos circular quinzenal, é semanal, mas não adianta fazer aquilo que é impossível, então nos fazemos aquilo que é possível que é divulgar o jornal mensalmente e dar a todo o pessoal de Goianesia. Quero aproveitar para agradecer esta oportunidade do 2° ano de História, que tomou para fazer esse trabalho, né, o jornal Opinião como opção para realizar esse trabalho. Espero que vocês tenham uma nota boa nesse trabalho e que o Jornal possa colaborar com vocês também. Em tempo, no início do jornal tivemos que usar o nome da minha esposa Ana Maria Bittencourt Silva, ficou Ana Maria B. de Silva essa é a razão social do Jornal, inclusive ela como fundadora do Jornal e como presidente do jornal há vários anos enquanto eu trabalhava na Celg ela continuava sendo a presidente do jornal.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 12/04/2010
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