Entrevista (Revista Forgotten Path - LIT) Janeiro/2011

Entrevista para a revista Forgotten Path (Lit) feita por Martynas Vaskevicius, respondida em 16 de Janeiro de 2011.

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01. Enfaticamente, costumo me referir ao Lebensessenz como uma "banda clássica". Estaria eu completamente errado? Em termos de estilo, como você classifica sua própria música? A meu ver, o que você faz está além do clássico: há em si um poder emocional eterno.

Seria melhor afirmar que o Lebensessenz é uma espécie de orquestra particular - esta é uma definição muito próxima do que li certa vez em Liszt. Uma banda é levada adiante por muitos membros, mas uma orquestra particular pode se realizar até mesmo com duas mãos e dez dedos.

Considero o que faço como uma modesta expressão da minha sensibilidade, bem como das minhas experiências de vidas, o que resulta em uma música neoclássica romântica e melancólica, feita em piano.

02. No meu entender, por um longo período você morou na Alemanha, e então se mudou para o Brasil, certo? Se sim, por que isso aconteceu? O quanto dessa mudança impactante teve influência em sua vida? E se foi uma história diferente, então por que a grande maioria das suas composições e álbuns têm títulos em alemão?

Eu nasci no Brasil e sempre vivi aqui. Si los astros son propicios, como Borges costumava dizer, e se eu continuar sonhando tal como o faço até o presente, eu adoraria visitar e até tocar na Alemanha.

A questão de usar termos, nomes, influências e referências da Alemanha pode ser explicada por causa da relação com a minha ancestralidade alemã e com a própria Alemanha: nas Artes Plásticas, Filosofia, Poesia, Literatura, História, Política e assim por diante.

Todos os meus ancestrais vieram de diferentes partes da Europa e eu me considero um filho da minha região, alguém que é simplesmente uma reação natural de casamentos inter-europeus – prenipote di tre frontiere, recordando uma música de Morsello. Do lado paterno, tenho descendência alemã e ucraniana; do lado materno, polonesa, italiana e portuguesa. Mas, de alguma maneira, desde os meus tempos de juventude eu tive mais estímulos para me identificar com os alemães. É o meu arquétipo, através do qual eu ouço mais claramente a voz do meu sangue. Há momentos em que eu não sei como nem por que exatamente – sou guiado por uma voz espiritual.

Somente se você estivesse vivendo no Brasil, talvez você pudesse entender a que grau corre a política maquiavélica que serve aos interesses da Nova Ordem Mundial Sionista. Qual é a intenção tanto do liberalismo quanto do comunismo? Derrubar as barreiras do sangue, raça, espiritualidade, comunidade, propriedade, identidade, família, etc. (propondo a idéia de "construção social"). No Brasil, temos uma visão clara de um modelo que futuramente será adotado no mundo todo: as pessoas inconscientemente estão sendo guiadas por uma idéia de pertencimento a uma raça originária e mestre, que, nesse caso, é africana. Por exemplo, o Brasil foi colonizado por povos dos mais diversos e após 500 anos, ainda não possui identidade própria (escritores como José Monir Nasser e Marco Polo Giordanni costumam dizer que o Brasil sofre de má genética). Temos italianos, angolanos, guaranis, japoneses, gregos, russos e muitos outros raciais e étnicos, mas atendendo a uma voz de penetração marxista, simplesmente somos forçados a acreditar que todos somos negros, proclamando-se (em meu caso racial específico) que a raça branca simplesmente não existe! Então você tem o seguinte quadro: o "bom" nativo indígena jogando futebol e idolatrando os mesmos "ídolos" do nosso panis et circensis; o bom japonês celebrando os 100 anos de imigração japonesa ao dançar5 capoeira; e o bom descendente de alemães usando rastafari e dizendo que ele em nada tem a ver com suas origens. É esse o então chamado "mundo multicultural" onde todos os povos têm voz? Certamente que não. Essas ações políticas dos dias atuais estão forçando diferentes pessoas a acreditar que elas são simplesmente as mesmas. Esse é o plano racial para a Nova Ordem Mundial. Torna-se mais fácil controlar pessoas que acreditam na igualdade absoluta. Para o sistema, estas pessoas representarão tão somente números.

Atualmente, o Brasil segue uma estranha política em aspectos raciais. Por exemplo, eu me olho no espelho e vejo que minhas origens pertencem à Europa, mas sou forçado a acreditar que é preciso ignorar minha própria imagem, para pensar que há milhares e milhares de anos o homem de Neanderthal foi encontrado na África (mas, na verdade, nós, de sangue europeu, somos descendentes de Cromagnon, originalmente ruivo), tudo isso para justificar as políticas que estão preparando campos para uma primeira guerra racial no Brasil, sob inspiração do que ocorreu no Haiti, Zimbabue e Africa do Sul.

Não poderia ser diferente, no caso da identificação com a minha herança. A Alemanha, o mesmo país que deu à humanidade tantos gênios; essa terra que poderia ser considerada o coração da Europa, tornar-se-á cinzas, caso não desperte. Controlada por bancos e imprensa estrangeiros; tendo um governo catastrófico que parece estar orgulhoso de sua decadência, orgulhoso de seu time de futebol "multikulti"; um governo que aceita o Shoa como parte de sua própria identidade; um governo que proíbe e pune pessoas que são guiadas pelo impulso de rever a própria história alemã (vide o ocorrido com Horst Mahler, Dirk Zimmermann e Sylvia Stolz), enviando-os à prisão (ao mesmo tempo em que proclamam ao mundo que representam a "verdadeira democracia"). Não é uma questão somente de ouvir a voz do meu sangue, mas também um aspecto de solidariedade para com meus parentes distantes. E lembre-se: até hoje, não há um Tratado de Paz com a Alemanha.

03. Newton Schner Jr. e o piano. Como tudo começou? Quais foram as motivações que o levaram a fazer experimentos com esse instrumento? Parece-me que por anos você não esteve tão interessado em tocá-lo, estou certo?

Em 2004, eu decidi gravar meu primeiro álbum usando um piano, mas ao mesmo tempo eu pensava que isso seria apenas um experimento.

Quando eu era mais novo, meu pai tentou me ensinar a tocar piano, mas eu não estava interessado o suficiente. Somente com 18 anos é que eu tive estímulo e motivação o suficiente para melhor compreender o papel da música.

Eu não sei exatamente os motivos exatos que me levaram a tocar piano. Recordo que estava tendo sensações incríveis em uma noite, quando lia a respeito do continente antártico. Então me sentei ao piano e comecei a criar. Assim nasceu o meu primeiro álbum, gravado de uma forma completamente improvisada. Meses depois, apareceu o segundo trabalho: "Wenn der Wald zum Traum wird" (Quando a floresta se passa em um sonho), inspirado por pinturas, desenhos e poemas. E hoje, depois de anos, eu não consigo me ver sem isso tudo. Parece-me que essas diferentes sensações me conduziram ao piano.

Nos dias de hoje, vivo quase que no mesmo processo de 2004 ou 2005. Se eu me forço, sentando-me ao piano e tentando criar, é certo de que a grande maioria das melodias que eu fizer não será de grande valor. Mas há momentos em que eu simplesmente acordo inspirado e começo a tocar. Todos esses 11 álbuns foram criados de forma improvisada, porque os sentimentos gritam dentro de mim. E esses sentimentos são sempre diferentes. Isto explica o fato de eu nunca ter realizado duas ou mais versões de uma mesma música.

04. O que Lebensessenz significa para você? Traduzido, o nome significa algo como "Essência da vida". Por que você o escolheu para designar seu projeto e o que ele simboliza?

Na época, eu havia escolhido tal nome sem um motivo prévio. Hoje, no entanto, percebo que eu estava certo; inconscientemente, escolhi o que hoje corresponde exatamente ao seu significado: essência da [minha] vida. É como uma criança que diz algo ou que acredita em determinados princípios, mas somente depois de crescida é que pode compreender seu significado.

Lebensessenz é algo muito importante em minha vida. Minha sensibilidade, minhas inspirações e lembranças.

Sou eu, simplesmente. Para onde quer que você olhe, você encontrará referências à minha pessoa, em sua grande maioria – não pelo fato de eu ser narcisista (por que não o sou), mas porque minha música reflete a minha introspecção. Em "Learning with Mistakes" (Aprendendo com os erros), onde falo sobre a forma com que estamos susceptíveis a erros; em "Franziskas Brief" (Carta de Franziska) e uma troca de cartas com minha amiga Franziska Biedermann; "Über die Brücke der Träume" (Sobre a ponte dos sonhos) e a busca por um amor irrealizável, tal qual o Parsifal de Eschenbach; "Farewell letter" (Carta de despedida) e o fim de um relacionamento; "Der Walzer von Lotte" (A valsa de Carlota) e minhas lembranças focadas em "Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe; "Die Entdeckung" (A descoberta) e os tempos em que eu vivia aos bandoleiros de Schiller; "Le besoin perpetuel" (A carência incessante) e meus desolados dias de juventude; "The silence" (O silêncio) e um sentimento de culpa; "Ihr Leben war für mich ein Beispiel" (Sua vida foi um exemplo para mim) e a forma com que encontrei escritos do meu pai após a sua morte; "The Heidegger's silence" (O silêncio de Heidegger) e a forma com que aprendi com o exemplo de vida de Heidegger; "Sophie", minha filha; "Emilia", minha mãe. Em suma, o Lebensessenz é como que uma trilha sonora autobiográfica.

05. O Lebensessenz é provavelmente o primeiro projeto para o qual não tenho de perguntar sobre questões teóricas. Sua música para mim se resume isso: emoções, emoções e emoções. O que você sente enquanto executa suas composições? Estaria eu certo ao pensar que toda sua criação se baseia em verdadeiras emoções e experiências de vida? Aliás, de que emoções estamos falando exatamente?

Você está certo: não há nem segredos ou técnicas, apenas emoções.

Enquanto toco, tenho diferentes sensações. Considere que estou compondo. Bem, eu simplesmente não escolho um dia ou um momento em específico para criar. Eu me sento ao piano e sem uma explicação concisa, meus dedos acham as teclas corretas. Eu me sinto distante, ao mesmo tempo em que estou concentrado no que faço. Há momentos em que me pergunto: "Por que não sou um bom músico? Eu adoraria tocar sem ter a necessidade de olhar para as teclas!".

Após retornar de um passeio, tendo chegado a casa, geralmente a primeira coisa que faço é tocar. Mas não sou nem sistemático tampouco organizado com o meu repertório, à exceção dos dias que antecedem uma apresentação ao vivo. Toco no máximo uma hora por dia. Existem muitas músicas que começo a criar e tocar do começo ao fim, e então me sinto: "Ah, que pena! Eu deveria tê-la gravado!". Há momentos em que estou lendo algo ou pensando em alguma época da minha vida, uma lembrança vem à minha direção, então dou um salto, vou em direção ao piano e começo a tocar.

Mas quando necessito fazer as gravações, ah, é sempre uma tragédia! Quando começo a tocar, ouço vozes à mente dizendo que irei cometer erros. É muito comum ter de tocar inúmeras vezes a mesma música, ficando até mesmo irritando quando um detalhe não é do meu agrado.

Ao final de 2010, gravei "Tage der Nostalgie" (Dias de nostalgia). Na verdade, eu já possuía cinco composições. Era a primeira vez que eu estava usando um piano profissional, do teatro onde costumo ensaiar e me apresentar, mas com os meus próprios equipamentos de gravação (basicamente, um computador e um microfone). Que tensão foi gravá-las! O que fiz então? Comecei a compor sem compromissos, durante o intervalo das gravações. Isso resultou em cinco outras músicas, que foram compostas e gravadas ao mesmo tempo (Incluindo "Un amour irréalisable" - Partes I e II). Talvez uma palavra possa descrever o impulso que me leva a criar: liberdade.

Meus trabalhos sempre foram baseados em minhas próprias experiências. São como que um livro aberto ou mesmo um diário. Um exemplo disso são os meus últimos três álbuns, baseados em questões pessoais. Parece-me que em alguns momentos, minha vida é como que uma literatura real. Diferentes emoções, como quando minha filha nasceu ou meu pai foi enterrado.

Na verdade, todas as músicas têm um pano de fundo. É por isso que eu costumo tecer alguns comentários quando toco ao vivo, porque o que eu realizo nunca seria l'art pour l'art. "Liebesgeschichte" (História de amor), de "Tage der Nostalgie" (Dias de nostalgia), é uma composição baseada em um poema feito por Gheorge Ionesei, pai da minha amiga Ana Ionesei. Ela me traduziu esse poema, que ela encontrou após a morte do seu pai. Ela me escreveu dizendo que "ele era pesquisador em Matemática e Física Quântica Superior e tinha alguns livros escritos em tais áreas", mas ela se sentiu surpresa "ao encontrar a pouco, entre seus papéis e manuscritos, alguns dos seus poemas". E concluía: "Certamente eu sabia dos seus dotes de Literatura, Filosofia e Música, mas foi uma surpresa ter encontrado seus poemas escritos à mão".

É interessante quando você explora sua criatividade, criando muitos imaginários, com heróis e fantasias das mais diversas. Mas também é interessante quando você humaniza o que realiza. A vida pode ser simples em alguns momentos. Eu, na verdade, não dou importância para o fato de estar ficando mais conhecido ou não, porque a sensação mais indescritível vem ao meu encontro é a de saber que pessoas, "humanos, demasiado humanos", identificam-se com as situações que vivi. Alguém me disse certa vez que teve uma sensação nostálgica ao pensar em um parente que se foi; alguém me diz que se inspira para pintar enquanto ouve o que faço; outro, diz que se sente calmo e profundamente concentrado a escrever enquanto ouve minhas melodias. Isso significa muito para mim.

Há momentos em que reservamos importância demais para as técnicas per se, termos e complicações outras, esquecendo-nos de que a vida é dotada de simplicidade. Ao menos foi isso o que aprendi com Thoreau.

06. Eu sinto muita nostalgia em sua música. Você a sente também? Você sente saudades de algo em particular? Ou acaso é apenas um sentimento comum a um todo, de que algo se foi, sem a possibilidade de volta?

Estou contente pelo fato de que você percebeu em minha música uma das minhas características mais fundamentais. Eu confesso: sou nostálgico, tão profundamente nostálgico.

Certamente eu me sinto nostálgico quando ouço o que faço, mas a música atua tal como uma ponte. Eu geralmente não ouço com freqüência meus trabalhos antigos, mas, se eu o faço, transporto-me para diferentes situações da minha vida, buscando recordar o contexto da época em que eu vivia, quais eram os meus ideais e as posições que norteavam meu comportamento.

Posso estar errado ao propor esta teoria, mas penso que muitas pessoas consideram minha música nostálgica por conta do seu silêncio. Ainda que composta de melodias, minha música é silenciosa. O fato de ser simples, traz ao ouvinte a possibilidade de pensar em coisas outras, de superar as melodias absolutas e usá-las como um caminho.

Nada se compara à música, em termos de nostalgia. Este é o motivo que me leva a fazer do meu quarto também um ambiente no qual se é possível realizar experiências com a mente. Dependendo do que ouço, eu me sinto como que transportado diretamente para o passado, envolto a imagens, cheiros, sons. Em minha lista eu poderia incluir Roxette, Abba, A-Ha, Rod Stewart e Phil Collins, assim como muitos mestres clássicos, quando recordo minha infância; Iron Maiden e o começo de tempos rebeldes; as muitas bandas de Black Metal que me trazem a sensação de pertencimento aos "anos dourados" de 2001 a 2008; "Hardangervidda", do projeto Ildjarn, e os tempos em que eu costumava desenhar; Wagner e a minha redenção. Enfim, costumo conectar músicas ou álbuns a pessoas e/ou situações específicas.

07. Na minha concepção, a nostalgia também está relacionada com a atividade e a própria natureza humana. O progresso mental humano sua conseqüente ação tem um forte impacto na natureza, que também nunca será a mesma (a menos que uma catástrofe global acabe com toda a humanidade). Por esse motivo, a nostalgia envolve algo de misantropia também. Você sente e/ou pensa algo semelhante? Isso, de alguma forma, gera-lhe inspirações para criar?

Acredito em uma história cíclica de mundo. Temos muitos exemplos de catástrofes naturais em outros períodos. Não estou com isso dizendo que o homem não tem uma parcela de culpa. Sim, ele a tem. Mas toda essa idéia de aquecimento global não é mais que uma forma estratégica de criar medo na humanidade, na concretização de um governo global. Existem evidências de que o projeto HAARP tenha manipulado o curso dos ventos no Chile, o que resultou em um terremoto.

Quando costumo deixar os centros urbanos e encontrar pessoas comuns dadas à vivência no campo, vejo quando a vida simples pode ser mais saudável e verdadeira. Uma vida real.

A misantropia é, a meu ver, uma utopia. Quer uma prova? A grande maioria dos indivíduos que se vêem enquanto "misantrópicos" estão conectados com amigos, "misantrópicos" por igual, com seu underground "misantrópico" e cujas bandas/projetos são lançados por gravadoras da mesma concepção. Nós somos parte da natureza e o homem, por conseqüência, é social. Isso não quer dizer que você necessite viver o tempo todo junto de outras pessoas, em atividades sociais, mas você pertence à sociedade. Ao término de sua vida, Hermann Hesse não desejava receber visitas, mas isso não significava que ele fosse misantrópico ou anti-social em absoluto: ele apenas acreditava que poderia ser mais útil para a humanidade estando mais distante dela.

Esta Era - Kali Yuga, como se referiam os antigos hindus - é como que um pesadelo para mim. O pior de todos os tempos. Quando vejo governos de países como Noruega ou Argentina dando a crianças de 12 anos a possibilidade de mudar de sexo; quando vejo pessoas jovens desejando visitar a Holanda por causa de sua liberação de drogas; quando vejo cidades alemãs onde a cada cinco habitantes, quatro são imigrantes; quando olho para países como o Brasil, com uma natureza tão vasta, uma riqueza que não poderia ser comparada com a de nenhum outro país, sendo o mesmo onde você vê diariamente pessoas famintas sobrevivendo do seu próprio lixo; quando vejo a supremacia dos banqueiros e toda a selvageria "democrática" que eles nos forçam a aceitar; quando vejo a destruição que o marxismo tem promovido nas universidades; quando vejo que os "amantes da liberdade" não têm planos de dar fim às guerras pelo mundo afora; quando percebo pessoas considerando coisas nojentas e bizarras como "arte"; quando noto que o Mossad lentamente está dando fim a todos os líderes de nações nobres, sem que ninguém se pronuncie a respeito; quando vejo a dissolução da família, dos valores e das tradições saudáveis; quando noto antigas construções e vejo que uma "arte" urbana degenerada tem coberto a tudo como um sinal de "progresso"; quando vejo estudantes entrando em conflitos e assassinando professores e pais; quando vejo pessoas sendo consumidas por princípios estranhos, que as levam a entender tudo enquanto "construção social"; quando noto que o ateísmo moderno não é mais que uma forma de legitimar os valores do comunismo; quando percebo que 99% da nossa música popular de agora não é mais que uma pornografia sonora; quando vejo que jovens preferem dar tudo em nome dos seus popstars que por suas comunidades, países ou povos; em suma, quando olho todas essas coisas, penso que escolhi o lado certo para lutar contra a decadência.

É isto que leva minha música a assumir uma nova posição, ascendendo do underground para ser acessada por qualquer um, pára ser ouvida e vivida por qualquer pessoa. Meus propósitos são de transcendência, resgate de valores sólidos, e atenção reservada a antigos tempos de glória. Ezra Pound estava certo: "Permaneça firme aos seus velhos sonhos, para que o nosso mundo não perca a esperança". Neste sentido, portanto, você pode classificar minha música como uma Arte Neoclássica contra o tempo, contra a serpente do Eterno Retorno.

08. Nas informações relacionadas ao seu projeto, você freqüentemente menciona seu pai. Por que motivo o faz? Seria ela uma pessoa que teve grande impacto na sua personalidade e em sua vida? E a respeito da sua mãe? Eu quase não li nada a seu respeito.

Eu tenho mencionado meu pai porque como você pode imaginar, ele é uma referência pessoal e artística, assim como parte da minha história de vida.

Penso que é um processo natural falar sobre a seu respeito após a sua morte. Não há outro caminho a não ser ascender alguém que nos deixou através da memória.

Meu pai teve um grande impacto na minha personalidade e me parece que a cada dia, em silêncio, eu estou apto a compreender melhor suas decisões e interesses, além da minha própria pessoa. Neste último mês de Outubro, eu lhe escrevi uma carta e deixei-a junto ao seu túmulo, com um álbum em sua homenagem. Eu geralmente faço referências à sua pessoa em meus livros e isso não é necessariamente fruto da minha intenção. Ele era muito conhecido pelas pessoas da geração passada em minha cidade e é muito comum que ao ouvir meu sobrenome, as pessoas começam a falar comigo a seu respeito. Recentemente, a exemplo disso, um famoso pintor chamado Horst Schnepper me escreveu e contou-me sobre sua relação e a de seus familiares com o meu pai.

O fato de não ter falado sobre minha mãe não é intencional. Primeiramente, porque o que eu tenho de falar para ela, eu simplesmente o faço quando a visito, exceto por poucas ocasiões quando escrevo cartas. Segundo, porque eu fiz referências sobre meu pai em textos relacionados com a música, porque na minha família, ele era a minha referência musical. Mas em todos os meus livros há algo sobre a figura materna. Em "Sobre as leituras e os escritos", de 2010, há até mesmo uma foto sua. Em "Notas de um novo lar", falo sobre as circunstâncias em que meus pais se conheceram.

Seu nome é Emília Rotta. Ela tem 47 anos de idade. Nasceu em uma pequena cidade de colonização polonesa e deixou o trabalho no campo com 16 anos. Eu vivi junto dela durante toda a minha infância, após a separação dos meus pais, visitando ao meu pai nos fins de semana. Atualmente ela permanece como dona de casa. Eu também tenho uma irmã com 10 anos de idade (ela é bailarina e pianista). Acredito que em alguns aspectos da minha personalidade, eu sou muito parecido com a da minha mãe. Hoje em dia, ela tem aceitado o rumo que eu escolhi para a minha vida, tocando e escrevendo. Eu realmente a amo e mesmo que tenhamos tido alguns problemas no passado, sei que ela fez e faria tudo por mim.

09. Ao que me consta, você quase não tem conhecimento de teoria musical, certo? É possível tocar piano desse modo? A meu ver, o piano parece ser um instrumento difícil de ser tocado. De qualquer maneira, você sente algum desconforto pelo fato de não ler partitura? E se você pudesse, você acha que isso lhe daria alguma influencia positiva no processo de criação da sua música?

Sim, está correto: eu nunca estudei música.

Oh, estou certo de que é possível tocar piano sem ter estudado música. É o mesmo que sentir poemas sem ter conhecimento das escolas literárias. Deixe um instrumento junto a um homem das cavernas e retorne em dez anos e você entenderá o que digo!

Certamente que existem pessoas que podem aprender melhor estudando a música, mas minha situação é um pouco diferente. Devo confessar: sou como que um anarquista (não em questão política). Gosto da liberdade. Gosto de retornar a casa, sentar-me e tocar sem compromissos. Gosto de criar e jamais iria aceitar um professor construindo barreiras em meu caminho e dizendo que eu não posso compor porque não estudei 10 anos em uma renomada escola de música. Devo ser honesto: acho que aprendo muito mais lendo sobre os mestres, estando em contato com suas cartas (Liszt, Chopin, Beethoven, Wagner, Korsakoff) que me sacrificando para estudar uma mesma composição por anos. É da minha preferência sentir Beethoven ou Wagner que estudar seus aspectos técnicos.

Creio que não é um pesadelo tocar piano. Costumo dizer que o meu único "segredo" foi estabelecer uma relação de amizade com o instrumento, tocando com o espírito sob diferentes emoções e nas mais variadas ocasiões.

Desconforto? Bem, não necessariamente. Eu gostaria de poder compor fora do piano. Mas, na verdade, devo ser honesto uma vez mais: não desejo nada mais para mim. Se estou em casa, eu compondo; se estou em um ônibus, durante uma viagem, eu escrevo. Quando as pessoas ficam desesperadas, dizendo: "Oh, meu Deus! Ele não lê partituras!", e eu penso: "Sim, e...?". É o mesmo que alguém perguntasse a Shakespeare ou Hamsun sobre como eles eram escritores sem terem sido estudantes acadêmicos. Não sou ambicioso e essa simplicidade é uma das coisas mais importantes que eu aprendi com minhas referências humanas, como é o caso de Schiller.

Um ponto positivo de escrever partituras é tê-las em papel. Muitas pessoas me perguntaram durante esses anos sobre músicas como "Über die Brücke der Träume" e eu precisei respondê-las estando um tanto quanto envergonhado: "Desculpe-me, mas eu não possuo tais partituras". Mas veremos em um futuro! A vida é tão longa!

10. Ao lado de sua vida e emoções diárias, quais são os acontecimentos que lhe influenciam a criar? Que inspirações lhe forçam a compor? Yann Tiersen parece ser uma grande referência para você.

Muitas coisas. Hoje, enquanto eu respondia sua entrevista, era um dia chuvoso. Eu ouvia a uma música do Porcupine Tree (Sentimental) e recordei uma amiga minha. Notei suas fotos e então senti a necessidade de criar. Isso ocorre comigo diariamente.

As mulheres geralmente têm uma força especial de me inspirar. Não posso negar: nesse caso específico, eu me sinto como que dono do mesmo espírito de um Goethe ou Liszt, tendo paixões por semanas ou minutos. E como com eles, isso significa minha ascensão e queda. Mas, não há outra maneira. Se Goethe dizia que "o Eterno feminino nos conduz aos céus" e se cada reação nesse ponto reflete em inspiração para mim, quem sou eu para recusar minha própria natureza?

Quando escrevi "Die lieben Liszts" (Os amores de Liszt), pensei no testamento do compositor húngaro, no qual ele descreveu os muitos erros cometidos, pelo fato de ter sido guiado por esse impulso apaixonado, sempre orquestrado pelo coração.

Yann Tiersen é uma grande referência para mim. Eu descobri suas composições e pensei: "São incríveis!". Ele é realmente criativo e dinâmico. Sem dúvidas, um mestre clássico dos tempos modernos. Em termos técnicos, admiro muito as ondas que ele aplica às suas composições, em nomes como “La Valse d’Amélie”, “Comptine d’un autre été” e “Rue de cascades”, que são as minhas favoritas.

11. Como o processo de criação lhe parece? Onde e quando você começa a escrever uma música? Você é um adorador da noite, não? Eu não consigo imaginar como você começa a escrever composições tão longas, iniciando pelas primeiras notas e seguindo. Conte-nos como é.

O processo de criação é o mais natural que você pode imaginar. Uma vez, ouvi Miguel Serrano falar que os hindus não pensam por si próprios - as idéias vêm, simplesmente. O mesmo ocorre comigo. Há momentos em que eu não busco por melodias ou inspirações. Se eu me forço, o resultado é necessariamente pobre.

Costumo caminhar por horas e horas. Eu realmente gosto muito de fazer isso, observando as ruas e paisagens, além de pensar em muitas coisas, estando acompanhado por um livro ou alguns papéis. É como uma forma de escapar dos meus dias. Sigo caminhando por três ou quatro horas. E no primeiro momento em que me sento ao piano, começo a criar.

Sim, gosto muito da noite. Como você sabia? Para dar-lhe uma idéia, a maioria dos meus trabalhos foi gravada em diferentes noites, com exceção desse último, que foi gravado pela manhã. Por agora, pelo fato de estar vivendo em uma casa diferente, eu posso tocar piano somente até as 10 da noite.

Para mim, é natural criar músicas improvisadas ou quase que improvisadas. Meu primeiro trabalho de piano foi composto e gravado em poucas horas. "Le besoin perpetuel" foi composto e gravado em dois dias. E assim por diante.

12. Sua música é instrumental. Você costuma ler muito. Já pensou em criar letras? Que tipo de voz seria apropriada para a sua música? Ou o Lebensessenz haverá de permanecer sempre como uma música instrumental de piano?

Na verdade, não há necessidade de escrever letras, porque cada música tem um pano de fundo bastante sólido. Escolha uma composição e eu poderei falar em detalhes sobre suas entrelinhas. O único problema é que eu lanço meus trabalhos com os meus próprios recursos, então não tenho espaço nos encartes, exceto pelas capas dianteiras e traseiras, mas acredito que no futuro, se a Urkraft, Dunkelheit ou Valgriind me derem uma possibilidade, posso começar a lançar meus trabalhos com comentários. Em meu site, há uma espécie de biografia na qual eu comento sobre tais panos de fundo.

Eu ainda me imagino em uma futura colaboração em uma música ou álbum. Quando ouço o que Nicolai Gedda fez com base em Werther, eu me pergunto se um dia idéia semelhante será concretizada por mim.

O Lebensessenz permanecerá como música instrumental de piano, mas não estou certo sobre o futuro. Quem poderia imaginar a anos atrás que hoje eu estaria realizando concertos? Permita-me ascender pelos sonhos: talvez um dia outros músicos poderão colaborar comigo, trazendo-me a possibilidade de realizar versões orquestradas das minhas composições.

De qualquer maneira, Liszt disse certa vez algo importante (e que me traz certo conforto) acerca da música instrumental: "A música instrumental é precisamente a arte de expressar os sentimentos sem dar-lhes uma aplicação direta, sem revesti-los da alegoria dos fatos narrados pela epopéia, representados no teatro do drama. Faz brilhar as paixões em sua própria essência, sem se obrigar representá-las através de personificações reais ou imaginárias".

13. Há um vídeo de uma apresentação sua ao vivo, no profile do seu Myspace. Você toca ao vivo com freqüência? Qual é a reação dos ouvintes em geral? Meu colega, que é interessado em tal gênero de música, e eu próprio, decidimos que você é provavelmente o mais interessante compositor jovem de música clássica de momento no mundo.

De Abril a Dezembro de 2010, toquei ao vivo em seis diferentes ocasiões. Desde que fui "descoberto" em minha caverna, estou tendo muitas oportunidades para me apresentar.

Nunca imaginei que eu estaria fazendo isso, porque eu costumava pensar que eu poderia cometer muitos erros em público. Um dia eu estava dando através das ruas e então vi que uma banda de grindcore iria tocar em um teatro local. Há um projeto cultural na minha cidade chamado "Quarta Cultural". Então eu pensei: "Por que eu não tento me oferecer para tocar ao vivo também? Se uma banda de tal estilo pode, estou certo de que eles não irão recusar minha idéia". Em Fevereiro, eu forneci meus trabalhos ao responsável pelo evento e em Abril eu toquei pela primeira vez. Eu era completamente um homem das cavernas e basicamente convidei meus amigos e familiares. Toquei dez músicas. No começo, eu não podia controlar minhas mãos (detalhe: eu sofro de tremedeira na mão direita... Agora imagine um pianista amador e trêmulo que também é bastante tímido em público, tocando ao vivo pela primeira vez). Se não estou errado, 32 pessoas assistiram-me.

Depois eu comecei a aprender que eu poderia ser ajudado pela imprensa local. Em Setembro eu visitei uma emissora de televisão local (TVM) e perguntei-lhes se eles poderiam anunciar algo sobre o meu próximo evento no quadro de notícias, e então eles me propuseram uma entrevista. Eu pensei: "O quê!?". Então no mesmo dia, tive minha segunda apresentação. Apareci na televisão, falando sobre o meu trabalho. O público foi de 51 pessoas. A terceira vez foi durante um evento cultural organizado pela Associação Germânica dos Campos Gerais (uma associação cultural da qual faço parte). Para essa ocasião, compus e toquei uma música em homenagem aos mortos de Dresden. Então toquei pela quarta vez novamente no projeto Quarta Cultural, em um dia muito chuvoso, mas com 56 pessoas (incluindo uma amiga que assistiu meus primeiros passos com o piano). E finalmente, outras duas ocasiões em uma Feira de Natal em uma colônia alemã.

A reação é realmente inacreditável, em questão positiva. Um dia você está lançando seus trabalhos com os seus próprios recursos, gravando-os diretamente em fitas cassetes, com um piano desafinado, e então você se vê tocando ao vivo e percebendo que as pessoas lhe perguntam se você irá tocar "Der Walzer von Lotte" ou "Über die Brücke der Träume". Geralmente após a apresentação, vou diretamente à mesa e começo a vender meus CD's (a baixo custo) e livros (três no momento, todos de 2010), recebendo abraços, cumprimentos e solicitações para autógrafos. O que mais eu poderia desejar?

Relembro bem os dias em que toquei pela terceira vez. Eu andei muito sob um sol forte, escaldante, do começo da manhã ao entardecer, indo de rádio em rádio, televisão em televisão, de casa em casa, colégio em colégio, levando panfletos e cartazes, estando sem comer. Uma coisa que eu aprendi é que quando você cumpre sua missão na terra com amor, você fortalece o seu espírito diante das reações naturais, como é o caso da fome. Esta é uma lição que aprendi ao ler a autobiografia de Eva Perón: "Aproveito do próprio Perón a frase: 'Nada há de construtivo fora do amor', fazendo-me aprender o que seja uma obra altruística e a maneira de cumpri-la. O amor não é, segundo a lição que dele aprendi, nem sentimentalismo romântico, nem pretexto literário: o amor é, antes de mais nada, uma doação constante, e entregar-se é dar a própria vida".

Em alguns momentos, eu atuo com impulsos que me fazem pensar em Wagner revelando planos mirabolantes para Liszt. Estou sempre perguntando a amigos de diferentes países se eles poderiam me ajudar a organizar concertos em suas cidades. Eu tenho me oferecido gratuitamente, pagando minha própria viagem.

Eu enquanto o mais interessante compositor de música clássica nestes tempos? Que orgulho ouvir isso! Mas, você acha que eu o mereço? Certa vez, Borges classificou como um "grande pessimismo" quando foi considerado o mais importante escritor em língua espanhola.

14. Seus álbuns. Há algo de caótico neles. Até onde entendi, você gravou e lançou boa parte dos seus materiais em pequenas quantidades. Então alguns foram relançados por certas gravadoras. O último álbum "Tu, deorum hominumque tyranne, Amor!" foi relançado pela Dunkelheit Produktionen. Parece-me que este é uma compilação que reúne suas melhores músicas, não? Dê-nos uma explicação mais precisa da sua discografia.

Desculpe-me em dizê-lo, mas não há nada de caótico na minha discografia. Se há algo em ordem na minha vida, este se refere aos meus álbuns. De 2003 até 2010, lancei 11 trabalhos. Não há faixas repetidas, tampouco splits.

Sim, parte dos meus álbuns foi relançada: "Der Abend des Abschieds" pela Dunkelheit Produktionen (Ale); novamente "Der Abend des Abschieds" e "Le besoin perpetuel" pela Nebelhain Kunstschmiede (Ale); "Das Drama der Einsamkeit" pela After Many Funerals (Bul); "Die Räuber" e "Die letzten Momente von Werther" pela Valgriind (Rus); e finalmente "Tu, deorum hominumque tyranne, Amor!" pela Dunkelheit Produktionen (Ale) Self Mutilation Records (Mex).

"Tu, deorum hominumque tyranne, Amor" é o último álbum disponível no momento. Contém 10 faixas exclusivas, 47 minutos. É profundamente baseado em experiências pessoais, mas estabelece um paralelo com a "Metafísica do amor", de Schopenhauer. A capa é um desenho que retrata a antiga sala do piano, feito por Priscila Schinaider.

Eu não tenho em mente repetir sons nos futuros trabalhos (exceto por poucos casos) e manterei trabalhando assim, escrevendo álbuns completos.

A compilação que você mencionou é chamada "Introspective fragments" e é dividida em duas partes: a primeira com músicas entre 2004 e 2007, incluindo uma faixa exclusiva (Im Herzen des Herbstes); a segunda com introduções, interlúdios e epílogos para bandas/projetos como Inmitten des Waldes, Imperium Nebulae e Lenhador.

Esta é a minha discografia em ordem de lançamento: “Einsamkeit, Hass und Dunkelheit sind meine Lebensessenz” (2003); “Terra Nullis – a tribute to Antarctica” (2004), “Wenn der Wald zum Traum wird” (2004); “Der Abend des Abschieds” (2005); “Le besoin perpetuel” (2006); “Das Drama der Einsamkeit” (2006); “Die Räuber“ (2007); „Die letzten Momente von Werther“ (2007); „Tu, deorum hominumque tyranne, Amor!“ (2008); „Introspective fragments – Pt. I“ (2008); „Introspective fragments – Pt. II” (2008); “Leben und Kunst” (2009); “Tage der Nostalgie” (2010).

15. Além disso, parece-me que você é um amigo íntimo do chefe da Dunkelheit Produktionen, certo?

Bernd é um grande amigo meu há anos. Começamos nosso contato quando ele não tinha selo e eu estava fazendo meus primeiros experimentos com meus projetos.

Quando olho para a proporção que meus álbuns tiveram (especialmente "Tu, deorum hominumque tyranne, Amor"), em questão de distribuição, penso no quanto sou grato ao amigo que sempre reservou atenção ao que faço.

Mas, profissionalismo à parte, nossa relação sempre foi de confidência, abrindo-nos um ao outro em ocasiões boas e ruins: nós compartilhamos da mesma visão de um mundo em ruínas; a motivação para lutar; o amor pela natureza; a atração pela melancolia; nossos interesses por Miguel Serrano e Friedrich Nietzsche; nossa busca espiritual, etc.

A cada dia, vejo seu trabalho se expandindo enquanto gravadora. O que começou como um selo pequeno, hoje está tendo seus lançamentos esgotados em poucas semanas.

Como com todas as pessoas que lançaram meus trabalhos e se tornaram grandes amigos, eu sonho em ainda um dia poder visitar Bernd, dar-lhe um abraço e visitar junto de si a sagrada Alemanha.

16. Quem é o Sr. Newton Schner Jr. na vida pessoal?

Newton Schner Jr. tem 24 anos de idade e se considera uma pessoa comum e simples. Tímido. Ansioso. Perfeccionista. Um pouco sonhador. Romântico. Mas também pode ser engraçado em alguns momentos. Um jovem cujo único luxo é o de comprar livros alguns momentos. Vegetariano. Alguém que ama Tênis de Mesa e xadrez. Alguém que gosta de estudar sobre diferentes civilizações. Alguém que gosta de visitar pessoas de mais idade e permanecer por horas falando sobre a simplicidade da vida. Alguém que gosta de ler livros específicos com paixão, como se vivesse suas histórias. Um jovem pai. Alguém que coloca seus interesses pessoais abaixo da arte (“Strebe ich denn nach meinem Glücke? Ich strebe nach meinem Werk“ – Nietzsche). Alguém que é profundamente nostálgico.

Newton Schner Jr. acredita que diariamente começa do zero. É alguém com um coração sensível. Alguém que pode cometer erros por impulsos. Alguém cujos escritos e composições estão cobertas pela redenção (em um sentido wagneriano) em um mundo de ruines humaines. Alguém que está sempre com planos (Marquês de Maricá disse que devemos lamentar, em questão da morte, mais pela perda de projetos que pela perda da vida em si). Um admirador de Jung. Na atualidade, um ocidental abertamente Pro-Irã. Alguém que acredita que a Democracia não tem sido usada a favor do povo, mas contra este. Alguém que vê a imensidão do mundo e acredita que o deixará quase tão pequeno quanto no dia em que chegou à terra, em 28 de Abril de 1986.

17. Lebensessenz - quão importante lhe é? O que isso lhe traz à sua vida, alma, personalidade?

Lebensessenz é um capítulo aberto da minha vida e representa, ao lado dos meus escritos, a descoberta do meu dever.

Lebensessenz me trouxe um novo sentido de vida.

Lebensessenz tornou-se um sinônimo da minha imortalidade.

É uma sensação fantástica saber que pessoas de diferentes lugares, idades e personalidades destinam minutos ou horas de suas vidas preciosas ouvindo o que faço. É incrível ver pessoas cruzando a cidade toda para me ver tocando ao vivo em uma noite chuvosa. É incrível ver que mesmo no silêncio as pessoas permanecem em contato comigo através da minha música. É até mesmo inacreditável visitar um familiar, como minha mãe, e ouvir: "Você está ficando cada vez melhor", ou um famoso apresentador de TV dizendo ao vivo que adorou meus CD's. E mesmo a cantora de um grupo bastante conhecido me escrevendo e dizendo que minha música é maravilhosa. Pessoas dizendo que choraram ouvindo minhas melodias. A mais famosa rádio nacionalista de Portugal tocando minhas músicas e me apresentando como um artista talentoso. Um dos maiores escritores wagnerianos da atualidade me dizendo que ouviu meus álbuns junto de sua esposa.

Há momentos em que sou incrivelmente grato aos meus pais e aos deuses pelo fato de dispor das condições para continuar fazendo música. Sou grato em ser amador, visitando de amigo a amigo e depois de uma conversa, dar-lhe um ingresso para um novo concerto ou um CD. É fantástico saber que muitas pessoas permanecem com um pequeno pedaço de mim.

Existe uma frase de Thoreau que diz: “Fui morar na floresta, pois queria viver com deliberação enfrentando somente os fatos essenciais da vida, e vendo se podia aprender suas lições; evitaria assim, ao chegar a morte, descobrir que não havia vivido

Bem, trocando "floresta" por "piano", posso dizer que estou certo de que tenho vivido nestes anos - e como!

18. Ao lado de outras questões, eu gostaria de recomendar aos nossos leitores que ouçam suas composições. Agradeço-lhe por suas respostas e sinta-se à vontade para suas últimas considerações.

Eu gostaria de agradecê-lo imensamente por essa oportunidade, por seu interesse e principalmente por sua paciência. O leitor deve levar em consideração a minha irresponsabilidade e desordem para com esta entrevista, porque a equipe do Forgotten Path teve de esperar quase sete meses por sua finalização! Mas, erros à parte, creio ter feito o meu melhor.

Obrigado pela atenção!

"Lute pelo simples fato de lutar, sem levar em consideração felicidade ou aflição, perda ou ganho, vitória ou derrota – e adotando este procedimento, você nunca incorrerá em pecado".

Bhagavad-Gita

"Sem a música, a vida teria sido um erro"

Nietzsche.

Newton Schner Jr
Enviado por Newton Schner Jr em 09/02/2011
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