Entrevista com a editora maranhense Café & Lápis

Fundadores da editora: CLAUNÍSIO AMORIM CARVALHO e GERMANA COSTA QUEIROZ CARVALHO. As perguntas foram respondidas por Claunísio Carvalho.

Ricardo Miranda Filho - Como e quando a editora foi criada?

Café & Lápis Editora - Desde que começamos a nos movimentar em torno da sua criação, certamente foi em janeiro de 2009. Mas contamos a sua fundação em 12 de fevereiro de 2009, quando a editora ganhou a sua personalidade jurídica.

RMF - Quais as publicações mais importantes feitas até agora? E Quais as futuras?

C&L - Consideramos todas elas importantes, pois cada uma tem uma história a contar. Publicamos os seguintes livros:

1) Terra, grama e paralelepípedos: os primeiros tempos do futebol em São Luís (1906-1930), de Claunísio Amorim Carvalho;

2) Carvalhos e roseiras: figuras políticas e literárias, de Humberto de Campos;

3) Contos cruéis, de Bruno Tomé Fonseca;

4) Canteiro de saudades, de Coelho Netto;

5) Relações simultâneas conjugais: o lugar da Outra no Direito de Família;

6) O peão que queria coroar, de Nicolau Leitão;

7) Pergaminho Maranhense: estudos históricos (vol. 1), organizado por Claunísio Amorim Carvalho e Germana Costa Queiroz Carvalho;

8) Tábua de papel: estudos de Literatura Maranhense, organizado por José Neres;

9) Área de Proteção Ambiental do Maracanã: subsídios ao manejo e à Educação Ambiental, organizado por Raimunda Fortes;

10) Educação e autodidatismo: a trajetória da Professora Martinha Meneses da Silva, de Raimunda Nonata da Silva Oliveira. No prelo: Senhoras donas: economia, povoamento e vida material em terras maranhenses (1755-1822), tese de Marize Helena de Campos; Mulheres de carvalho, de Carvalho Junior; Município de Zé Doca: passado e presente, de Antônio Mendes da Luz e Michel Herbert Florêncio; Poesias completas, de Raimundo Correia; Terra e céu de nostalgia: tradição e identidade em São Luís do Maranhão, dissertação de José Henrique de Paula Borralho, dentre outros trabalhos.

RMF – Qual contribuição que a editora poderá dar para a sociedade maranhense?

C&L - Cremos que as três maiores contribuições nossas à cultura e à sociedade maranhenses são: reeditar autores maranhenses antigos, sobretudo aqueles cuja obra seja desconhecida, esquecida ou rara; divulgar trabalhos acadêmicos (monografias, dissertações e teses, além de coletâneas); e dar oportunidade a autores inéditos, que buscam a valorização do seu trabalho.

RMF – Como vocês veem o campo editorial no Maranhão dos dias de hoje?

C&L - Ainda muito dificultoso. Na verdade, quem tem muito dinheiro não está tão preocupado com estas coisas. Quem tem pouco, faz das tripas coração. Acho que é o nosso caso.

RMF – Vocês já realizaram algumas palestras como o "Colóquio dos 75 anos de Morte de Coelho Netto e Humberto de Campos" e a "Jornada Tábua de Papel - Literatura Maranhense". O que representam para a editora? Como o resultado das palestras surtiu para o campo literário?

C&L - Para nós, esses eventos nos trouxeram satisfações pessoais, pela possibilidade que tivemos de fazer algo, sem esperar que outros o fizessem por nós, mas também nos deu um pouco mais de visibilidade como editores, pois conseguimos atrair um bom número de interessados, entre estudantes, professores e pesquisadores. No fim, os resultados foram muitos bons.

RMF - Quais são os próximos eventos da editora?

C&L - Vamos realizar um colóquio para comemorar o centenário de morte de Raimundo Correia, em agosto ou setembro de 2011, quando lançaremos a reedição de sua poesia completa, que está sendo produzida com muito carinho na editora.

RMF – Em pleno século XXI, em que a sociedade – principalmente os jovens – é influenciada pela era tecnológica, ainda tem-se o gosto pela literatura, como no século XIX, em que surgiu o mito da Atenas Brasileira para o Maranhão devido ao forte interesse em mudar a literatura nacional, ou a tecnologia atrapalha um pouco o interesse pelo literário?

C&L - Todos os meios de comunicação são importantes e têm a sua utilidade. Mas se está criando em nosso tempo uma cultura que privilegia o trivial. Gasta-se mais tempo em redes sociais, jogos virtuais e outros tipos de internet, do que com livros, e estes, quando há nesse meio, são cada vez mais fúteis (vampiros, etc.), e os diálogos, mais artificiais e com expressões breves (vc, tb, rsrs, etc.), gerando certa preguiça em ter de ler livros volumosos. Ah, poderia dar diversos exemplos disso... Não temos medo de tecnologia (ela tanto nos ajuda!), só gostaríamos que ela fosse usada para melhorar a vida das pessoas, mas temos visto que muitos comportamentos têm sido piorados no contato mais vicioso ou equivocado com artefatos tecnológicos. Isso não é nada bom.

RMF - Todos os anos surgem novos escritores maranhenses. Qual o principal problema para esses escritores publicarem seus livros?

C&L - Quando não é a solução, será sempre o problema: dinheiro, ou antes, a falta dele. Com dinheiro, se publica o que quiser, tudo que a ética social permitir. Falta de recurso: esse é o grande entrave à publicação de novos escritores. Talento não se adquire em cadeiras nem se compra na livraria, há quem o tenha e há também quem dele sofra, mas um texto defeituoso pode ser consertado numa boa revisão. Agora, quem não tem dinheiro... Que corra atrás!

RMF – Por último, deixe-nos uma mensagem sobre o papel da literatura no Maranhão e como a editora tem agido de forma que contribua para esta área.

C&L - A Literatura maranhense tem tradição no cenário nacional, e conquistou isso à custa do talento de muitos importantes conterrâneos. Em todo lugar, o Maranhão sempre será respeitado por isso. Não que exista qualquer tipo de determinismo ou naturalidade para se ser escritor no Maranhão, mas tudo é construído socialmente. A editora funciona como uma espécie de pedreiro, que, de tijolo em tijolo, vai construindo uma parede. Os alicerces já foram fincados pelos nossos predecessores, e a sustentação da casa o poder público dará (incentivo à cultura), juntamente com a nossa boa vontade. E para os que escrevem e sonham em publicar seus trabalhos, é preciso que uma chama arda em cada coração, e essa chama não pode se apagar, mesmo com as intempéries da vida. Nunca desistam. O que conseguimos realizar hoje um dia foi um sonho que ocupou nosso pensamento. Esse discurso pode parecer um lugar-comum, mas, no fundo, reflete nosso estado de espírito: somos daqueles que não desistem nunca. E disso damos prova, pois nosso "Terra, grama e paralelepípedos" foi o único livro da editora durante seis meses, e nós... Tendo que nos virar pagando tanta conta, impostos, taxas, compromissos diversos... Superamos nossas crises, confiantes em Deus, sempre olhando para frente. Hoje temos tranquilidade para fazer o que mais gostamos.

Sites da editora: http://www.cafeelapis.com/site/

http://cafelapiseditora.blogspot.com/

Contato: (98) 3082-8871

E-mail: cafelapis.editora@gmail.com

Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 25/03/2011
Reeditado em 30/04/2012
Código do texto: T2869491
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