Os Físicos E A Bíblia

– No princípio, Deus criou os céus e a terra.

– Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...

– A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o espírito

de Deus movia-se sobre a superfície das águas.

– Tinha o céu, a terra e as águas. Então, que Ele disse?

– Deus disse: ‘Faça-se a luz’.

– Ele estava no escuro...

– E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das

trevas. Deus chamou ‘dia’ a luz e às trevas, ‘noite’. Assim surgiu a

tarde e em seguida a manhã. Foi o primeiro dia.

– Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está

aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?

Foi assim que começou o diálogo entre a repórter e o físico Cesar Lattes, professor emérito da Unicamp, na manhã de 19 de julho. O peso do livro do Gênesis foi maior que o dos livros todos reunidos na Bíblia pousada sobre o sofá, lida pela jornalista a pedido do cientista. Dia agradável, ensolarado, na casa simples e acolhedora do distrito de Barão Geraldo, em Campinas, onde se abriga a família de um maiores cientistas do mundo.

Em 1947 o professor descobriu o méson-pi, depois de expor chapas fotográficas muito sensíveis, conhecidas como emulsões nucleares, à altitude de 5,6 mil metros do Monte Chacaltaya, na Bolívia, onde a detecção dessas partículas seria presumivelmente mais favorável. “Mas mais emocionante foi detectar os mésons produzidos artificialmente, com Eugene Gardner, em Berkeley”, relembra o mestre.

Aposentado desde 1986, Lattes diz aceitar a Bíblia como a origem da matéria. “Sou judeu, católico apostólico romano, stalinista, cristão, ortodoxo, animista e maometano”, brinca, ao ser questionado sobre religião. Os óculos acima da testa, as pausas na fala e o cigarro sempre à mão – aos 77 anos fuma um maço e meio por dia, sempre com o cuidado de tirar o filtro –, dão ao cientista, que virou verbete da Enciclopédia Britânica, um ar compenetrado.

Bobagem, como diria ele. Lattes, apesar de ótimo observador, é uma criança. Brincalhão, irreverente, mostra as fotografias pregadas nas paredes de sua biblioteca maravilhado, como se também as visse primeira vez. “O patrão aqui sou eu. O manda-chuva é aquele com o cigarrinho na boca”, diz, apontando para a fotografia do pai, Giuseppe, num pequeno quadro pendurado. “O patrono maior é esse aqui embaixo”, acrescenta, indicando outra fotografia, a do físico dinamarquês Niels Bohr, prêmio Nobel em 1922 por apresentar a teoria sobre a estrutura atômica e espectros atômicos. “Ele (Bohr) foi um filósofo natural. E lá em cima está o maior do século, sabe quem é?”, pergunta. “Ernst Rutherford”, ensina, sobre o físico inglês que em 1911 revelava, por meio de sua experiência, a existência de um núcleo atômico. “Dois monstros. O Rutherford, mais pé no chão. O Bohr, um pouco visionário: fim da vida dele foi tentando convencer os norte-americanos a não fazerem a bomba atômica”.

Curitibano, Cesar Lattes foi um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e tornou-se professor da Unicamp em 1967. Já não vai à Universidade. “Às vezes ela vem a mim”, afirma, desacreditado quanto aos moldes da educação atual. “Digo hoje para os estudantes de Física: assistam às aulas teóricas, mas façam a parte de laboratório e, se possível, construam sua aparelhagem”. E para os físicos: “Ah, se eles são físicos mesmo, não tenho nada para dizer, eles sabem o que estão fazendo. Agora, para os que estão na pós-graduação, digo: não façam, porque ciência se aprende fazendo; não deixem que modelem sua cabeça”.

Lattes é apenas bacharel. “Acho que, como bacharel, fiz bastante coisa”. À sua frente, contudo, o professor Marcos Cesar Danhoni Neves, mestre em Física e doutor em Educação pela Unicamp, lamenta: “Já não é possível deixar de se submeter a uma pós-graduação, porque infelizmente toda a estrutura está montada para te ver doutor”. Danhoni, apesar de escolado, defende o pensamento intuitivo e prega a popularização da ciência por meio da literatura, temas de seu livro Memórias do Invisível – Uma Reflexão Sobre a História no Ensino da Física e a Ética na Ciência.

Danhoni esteve em Campinas para participar do 13º Congresso de Leitura do Brasil (Cole) e da 4ª Feira de Leitura, realizados na Unicamp. Aproveitou a passagem para enriquecer a conversa da manhã do dia 19. Abaixo, trechos do bate-papo do Jornal da Unicamp com Cesar Lattes e Marcos Danhoni Neves:

Jornal da Unicamp – O que o senhor acredita ser aceitável para explicar a origem do Universo.

Cesar Lattes – A realidade objetiva, a realidade no duro, é a resultante da superposição de todas as vontades: animais, vegetais, minerais e objetos manufaturados. Tudo tem alma. Até esse fósforo que acabei de acender. Vamos falar de Universo: cada ser é um Universo. Dizem que existem infinitos Universos. Eu não consigo conceber o conceito de infinito. Então, da origem de qual deles vamos falar? Das galáxias? Olha, eu acredito nesse livro aqui (bate na capa da Bíblia). Professo acreditar no que o cientista fala – porque é assim que ganho dinheiro como professor –, mas eu não acredito, acredito na Bíblia. As galáxias, dizem eles, está na moda, e o Big Bang, o traque enorme há 18 bilhões de anos, originou o Universo. Mas apareceu onde? No espaço e no tempo. Deus criou a matéria. Então, a origem do Universo, de acordo com os bobocas dos astrônomos, foi há 18 bilhões de anos. Só que o Sol existe apenas há 5 bilhões de anos... Eles dizem também que o Universo está em expansão. É o que dizem.

JU – E o senhor, que diz?

Lattes – (Bate cinco, seis vezes sobre a Bíblia)

JU – Se a teoria do Big Bang ainda é aceita, não em sua essência, mas em algumas nuances, podemos questionar de onde veio a matéria antes da grande explosão...

Lattes– Deus criou. E eu não brigo com astrônomos por isso, porque eu não os levo a sério.

JU – Se formos falar nas teorias atuais...

Lattes – Quais? Temos a budista, a da Santa Igreja Católica e as que ensinam nas universidades ocidentais...

JU – Qual a avaliação que o senhor faz da discussão de teorias recentes sobre a origem do universo nas universidades?

Lattes – Charlatanice! Porque falam de coisas sobre as quais não se pode fazer experiência. O conhecimento vem da observação. E, mediante a observação, a gente faz medidas em geral para chegar às leis. O que se pratica nas universidades é muito limitado. Para se abrir a observação é preciso trabalhar.

JU – Quais as principais diferenças entre a Física de hoje e a praticada há 50 anos?

Lattes – Muito mais charlatanesca, porque o pessoal fica falando bobagens... Big Bang, materialização da energia... Energia não se materializa, energia é energia. Eu estou escrevendo um tratado, cujo título é “Tempo, Espaço, Matéria e Velocidade Limite”, ou “Energia, Momento, Massa e Velocidade Limite”. Você não pode materializar energia. Estudar a expansão do Universo é difícil. A gente pode tentar observar o Universo. Mas o estudo só é válido se houver observação. Só teoria é conversa. Tem expansão contínua, pré-expansão... Posso falar uma palavra chula? Teoria é masturbação. As mulheres já não conseguem domar os homens e eles vão para os laboratórios e ficam se masturbando.

(Chega o professor Marcos Danhoni)

JU - Apesar de ser um físico da nova geração, a avaliação do professor Marcos também é crítica em relação ao que se ensina nas universidades...

Danhoni – Primeiro, apesar de eu ser físico, formado, graduado...

Lattes– Pós-graduado...

Danhoni – Pós-graduado na Unicamp, também tenho uma pós-graduação em Educação. Ou seja, tenho um pé nas ciências ditas exatas, que de exatas não têm nada, e um pé nas ciências humanas, o que já é considerado para a academia uma coisa complicada, apesar de se falar em interdisciplinaridade.

Lattes – Espera, espera! Você é órfão?

Danhoni – Não.

Lattes – Então, pós-graduação em Educação, não. Quem educou você foram seus pais. O que a pós ensina é bobagem. (Risos)

Danhoni – É. Digo que sou um contestador, educador, divulgador da ciência. Porque quando se diz “você é físico”, parece que a gente tem de comungar da grande “igreja acadêmica”. Muitas teorias querem indexar o real à realidade objetiva e dizer que isso é a fotografia do real. É quando muitos deixam de fazer ciência para fazer sacerdócio. E nisso eu me aproximo do que o professor Lattes diz, que esse ensino visto hoje é muito dogmático. É uma educação que não estimula a criatividade, o pensamento divergente e não sabe trabalhar com esse tipo de atitude. Você é condicionado – e não educado – a ser um solucionador de problemas.

JU – Qual sua avaliação sobre o Big Bang?

Danhoni – É uma questão atual e complicada, porque uniu várias físicas, desde a cosmologia até a relatividade e criou uma estrutura que não pode ser testada. Tem sido um paradigma que está se tornando um dogma quase religioso da criação: “Existiu, há 15 ou 20 bilhões de anos, um momento onde só havia trevas e tudo virou luz...”.

Lattes – Isso é frescura do George Gamow (físico norte-americano, 1904-1968, a quem se atribui a teoria do Big Bang). O que possui o Gamow, além do Big Bang? A penetração das barreiras de potencial. Isso acontece em qualquer noite de núpcias. Esse é o George Gamow...

Danhoni – Ele ficou até chateado com Penzias e Wilson (Arno Penzias e Robert Wilson), que ganharam o Nobel (em 1978) pela descoberta da radiação fóssil, por não terem lembrado dele.

Lattes – Mas a radiação fóssil é uma descoberta experimental, não precisa se encaixar numa teoria...

Danhoni – Gamow, numa carta que enviou ao Penzias, fala: “Eu perdi uma moeda e vocês a encontraram”.

Lattes – Modesto...

Danhoni – Mas a história do Big Bang tem essa questão da bola de fogo, do Gamow, que ganhou força.

JU – Lemaître (Georges-Henri Lemaître, padre e cosmólogo belga, 1894-1966) foi o primeiro a propor um modelo específico para o Big Bang, a estudar modelos teóricos que deram origem à teoria de Gamow...

Lattes – Espera, vamos com calma. Lemaître escreveu “O átomo primitivo”. O abade era respeitável.

Danhoni – Tinha o Friedmann (matemático e meteorologista russo Alexander Friedmann, 1888-1925, que descobriu soluções das equações da teoria da relatividade geral, a teoria de gravitação que suplantou a de Isaac Newton, 1643-1726)...

Lattes – O Friedmann era bom também.

Danhoni – A história do Big Bang, de que foi Gamow quem propôs esse modelo, utilizando até os estudos do Friedmann e do Lemaître, é tida como oficial. Mas a predição da temperatura da radiação fóssil é uma coisa do final do século retrasado, de quando havia gente que acreditava em um modelo estático de Universo. Como o Guillaume (C. Guillaume), que ganhou o Nobel (em 1920).

Lattes – Você também está aderindo a essa história de predição? No meu tempo era previsão. Sabe por que eu não ganhei o prêmio Nobel? Em Chacaltaya, quando descobrimos o méson-pi, se publicou: Lattes, Occhialini (Giuseppe Occhialini) e Powell (Cecil Powell, físico britânico que ganhou o Nobel em 1950 por fotografar os núcleos atômicos e pela descoberta do méson). E o Powell, malandro, pegou o prêmio Nobel pra ele. Occhialini e eu entramos pelo cano. Ele era mais conhecido, tinha o trabalho da produção de pósitrons em 1933. Depois fui para a Universidade da Califórnia, onde foi inaugurado o sincrociclotron em 1946. Já era 1948 e estava produzindo mésons desde que entrou em funcionamento em 46, tinha energia mais que suficiente. Então, detectamos, Garden (Eugene Garden) e eu, o méson artificial, alimentando a presunção de retirar do empirismo todas as pesquisas que se relacionassem com a libertação da energia nuclear. Sabe por que não nos deram o Nobel? Garden estava com beriliose, por ter trabalhado na bomba atômica durante a Guerra, e o berílio tira a elasticidade dos pulmões. Morreu pouco depois e não se dá o prêmio Nobel para morto. Me tungaram duas vezes.

JU – Professor Marcos, qual a teoria defende para a origem do Universo?

Danhoni – Não acredito num Universo que nasce. Acredito, diferentemente do professor Lattes, num Universo infinito, que não tem origem, que sempre existiu.

Lattes – Concordo com você, mas não chamo de infinito, chamo de indefinido.

Danhoni – Pode ser. Minha idéia é quase uma idéia Bruniana.

Lattes – Sabe o que Giordano Bruno disse quando estava ardendo, morrendo queimado pela Inquisição (acusado de conspiração contra a Igreja)? “O Sol é uma estrela como as outras!”.

Danhoni – Giordano é mesmo um monstro universal, mas ainda pesa sobre ele essa censura. Ele falava em pluralidade dos mundos infinitos: que o Universo é infinito e Deus está em todas as coisas, portanto, em lugar algum. É um Universo aninimista. A estrela tem origem, desenvolvimento e morte. Ela vira uma fábrica atômica, produzindo elementos pesados como hélio, oxigênio, ferro e aí implode, explode e lança isso, que vai semear vida ou destruir vidas em outros sistemas. Assim talvez o Universo fosse contínuo, perpétuo dentro de sua infinidade. Agora, toda essa história do Big Bang explica a interpretação de uma coisa única: você tira o espectro de uma galáxia, o Universo está se expandindo e um dia ele esteve num ponto singular. E eu faço uma pergunta: todos nós sabemos que, pela Teoria da Relatividade, nada pode escapar de um buraco negro...

Lattes – Isso é uma bobagem. O buraco negro do Gamow (risos), uma bobagem, só tem o dele.

Danhoni – Mas a pergunta: se nada pode escapar de um buraco negro, como pôde o Universo nesse ponto singular se expandir? Ou seja, é uma coisa muito fantasiosa.

JU – Pois é. Mas permanece a dúvida: de onde teria vindo a matéria para explodir e originar o Universo, no caso do Big Bang? E que vale também para a teoria de um Universo infinito. De onde veio a matéria?

Danhoni – Eu acho que jamais conseguiremos uma resposta para isso. E isso dará emprego aos físicos (risos).

Lattes – Deus pode ter criado a matéria, pode até ter criado o espaço, mas o tempo, não. O tempo é uma variável termodinâmica, que cria a si mesmo, pelo fato de tender para a desordem. (Pára, pensativo). Mas ainda estou aprimorando isso no meu tratado. Fica para a próxima sessão. Vai haver próxima sessão?... Acho que ainda leva tempo.

JU – O senhor é um crítico ferrenho da Teoria da Relatividade e do próprio Einstein (Albert Einstein, físico alemão, 1878-1955).

Lattes – Coitadinho, a culpa não é sua, foi assim que te ensinaram. Mas você sabe de quem é o princípio de relatividade?

Danhoni – Não nasce com o Poincaré (Jules Henri Pincaré, físico, matemático e astrônomo francês, 1854-1912)?

Lattes – Mesmo antes, mesmo o Galileu (Galileu Galilei, físico, matemático, astrônomo, filósofo, literato italiano, 1564-1642), o próprio Newton (Isaac Newton, físico, matemático e astrônomo inglês, 1642-1727) certamente falaram em relatividade. Mas quem anunciou corretamente e colocou em ordem foi o Poincaré, em 1900. Lá já aparece que o movimento retilíneo uniforme não pode ser detectado num laboratório. Admitindo como postulado (algo que não pode ser demonstrado) que o movimento retilíneo uniforme não altera os fenômenos de um laboratório fechado, e chamando a isso de princípio da relatividade – como eles falam –, mesmo que mais tarde viesse a ser provado o contrário pela experiência, Poincaré queria ver quais seriam as conseqüências lógicas. É assim que ele começa seu trabalho. Tudo o que Einstein diz, sobre dilatação do período dos relógios em movimento, variação da massa com a velocidade, isso é Lorentz (Hendrik Antoon Lorentz, físico holandês, 1853-1928). Einstein é uma bobagem. Eu não acredito na relatividade. Mas se ela fosse verdadeira, numa espaçonave que está em repouso em relação às galáxias ou em movimento retilíneo uniforme – o que não é possível porque o espaço está cheio de radiação –, você observaria os mesmos fenômenos, tanto num laboratório parado quanto num em movimento. O princípio do movimento retilíneo uniforme é do Poincaré. Einstein confundiu medida de grandeza física com grandeza física, que é uma coisa objetiva. O metro dele encolhe dependendo da velocidade. Depois, ele fez uma teoria da gravitação fajuta, que chamou de relatividade geral. Não tem relatividade geral. A teoria é furada. O movimento de aceleração é absoluto. Einstein é um palhaço, plagiador! Um século de tapeação e ninguém desmascarou.

Danhoni – É essa adesão ao modelo tido como real. Quem fez a fama do Einstein foi o Arthur Eddington (astrônomo e físico inglês, 1882-1944).

Lattes – Esse é um palhaço puro.

JU – O Eddington é o inglês...

Danhoni – O Eddington mandou uma equipe para o Brasil em 1919, em Sobral, e outra acompanhou na Guiné os melhores pontos para se observar um eclipse. É só durante um eclipse que você vê as estrelas de fundo e pode comparar se elas estão no mesmo ponto ou se a luz delas está defletida ou não. Só que ele pegou as chapas com desvio acima ou abaixo do previsto por Einstein e desconsiderou. Fez uma análise estatística de erros observacionais e experimentais e aquilo se encaixava dentro do previsto por Einstein. Isso fez a fama de Einstein.

JU – Como vocês avaliam a física no Brasil?

Danhoni – A ciência brasileira está muito condicionada pela Califórnia, que tem um indexador de revistas científicas, o ISI, “Institute for Scientific Information” (Web of Cience), um grande truste que indexa revistas do mundo inteiro – oito mil dentre cerca de 150 mil publicações, pouquíssimas no Brasil. E se você não publica nessas revistas, não faz ciência séria. A ciência séria, portanto, está atrelada à ciência que é feita no primeiro mundo.

JU – Danhoni, você é doutor em Educação e se mostra didático ao falar dos fenômenos astronômicos em “O Mago que veio do Céu”, um livro para crianças...

Danhoni – No livro de criança quero algo de ciência informal e tento recuperar o sistema referencial geocêntrico. Não por crença, mas porque é o que a gente vive inicialmente.

JU – O “Memórias do Invisível” enfoca um pouco dessa sua postura contra a doutrina educacional seguida atualmente...

Danhoni – O “Memórias...” tem vários livros dentro dele. É uma reunião de minha produção em 15 anos, sempre enfocando essa questão da não dogmatização da ciência, para estimular de alguma forma o pensamento divergente. Só que infelizmente a academia, no mundo, trata mal os divergentes, ela está interessada em comércio. E se você começa a questionar a física do estado sólido, a cromodinâmica quântica, fica meio de lado porque não vai produzir tecnologia. Você começa a incomodar.

JU – Que resta ser descoberto?

Danhoni – Tudo. E tudo o que for descoberto será reinterpretado no futuro.

Lattes – O que era aceito já não é .

Danhoni – A maioria das vezes a gente vê o que o nosso esquema teórico pede para a gente ver.

Lattes – Eu não vou nessa, não.

Américo Paz
Enviado por Américo Paz em 29/04/2011
Código do texto: T2938111
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