Entrevista com Bono Vox (1ª parte)

Uau, boa tarde Mr. Hewson!

Boa tarde Mrs. Poison...

... Você me parece um tanto...

Pálida!

Acho que vou desmaiar

Então respire fundo e desmaie!

Literalmente, vamos cair nessa entrevista

És muito espirituoso, Mr. Hewson

O choque do encontro está passando...

... Vamos iniciar a entrevista.

Como você define o som do U2?

Hum... Nossa música é uma entrega total e as canções que estão em nossos álbuns expressam como nós realmente somos e agimos e pensamos em relação a tudo o que vimos e vivemos nos últimos trinta anos.

Como se dá o processo de composição das canções?

Sempre pensamos em construir canções límpidas, cristalinas e acessíveis, mas ao mesmo tempo complexas em sua concepção

E, de um jeito “estranho” essas canções vão tomando forma

Digo que, os dedos do The Edge e do Clayton e os braços do Larry são os pilares das minhas cordas vocais

Em nossas composições sempre buscamos um contrabaixo elevado, de pronúncia forte e um riff de guitarra cativante, algo que se torne “as digitais da música”

E a bateria de Larry é sempre muito forte, mesmo nas canções mais singelas

Também trabalhamos com excelentes produtores

Eles foram e são capazes de construir muito bem o que queremos expressar às pessoas que compram e ouvem nossos discos e por fim, vão aos nossos shows

Ir ao um show é o encerramento de algo que começa muito antes, normalmente num rabisco de uma letra embrionária em guardanapos ou naqueles acordes iniciados numa madrugada de insônia

Ao final de cada turnê iniciamos um novo ciclo, um novo conceito, um novo flerte

E ver novamente os estádios lotados em diversas partes do mundo nos dá a certeza que fizemos mais uma vez o que deveríamos realmente ter feito.

Quais são as maiores influências da banda?

Posso dizer que somos influenciados por música e por fatos que determinam os rumos da humanidade

Quase nunca por um gênero especifico ou uma banalidade do cotidiano.

Cite alguma influência para constar...

Bem, James Brown e Bob Marley são minhas influências de vida, artísticas e de palco

A arte deles abriu a porta do mainstream para toda uma geração, sou um irlandês grato a eles

O domínio e o preenchimento de palco que James Brown tinha e a ideologia política de Bob Marley influenciaram muito na construção de “Bono Vox”

Já o restante da banda traz consigo os seus próprios ídolos e referências

Cada membro tem sua peculiaridade e tendência e temos a liberdade de juntarmos tudo para chegarmos a algo maior

Eu, por exemplo, queria cantar como Sam Cooke

Não somos influenciados por um gênero especifico

Nossos álbuns, ao longo de nossa carreira, dizem isso

“Unforgettable Fire” é paisagístico, é Brian Eno, enquanto “The Joshua Tree” é gospel, é raiz

“Pop” é modernidade, “Boy” é pós-punk polido, e esse já não ouço há muito tempo

Porque Mr. Hewson?

Não gosto de minha voz no início, “War” também entra nessa categoria dos inaudíveis

Mas, as faixas são muito boas, “War” deu-nos canções de extrema aceitação popular até hoje tocadas em nossos shows.

Gosto muito de “Drowning Man”, que encerra o lado A

Ainda ouve vinis, Mrs. Poison?

Claro, herança de meu pai

E a capa de “War” em vinil tem outra conotação para mim

Aquele álbum tem faixas com belos riffs...

... Uma boa música não necessita ser certinha, ela precisa é de um ritmo contagiante

E um riff revolucionário é como um presente dos céus para o compositor

Então, The Edge recebeu belos presentes, não é mesmo Mr. Hewson?

... Sim, ele é um cara, digamos, abençoado!

*Continua...

*Paul David Hewson (Dublin, 10 de maio de 1960) mais conhecido por Bono Vox é o vocalista da banda irlandesa U2.

*Entrevista concedida a repórter Núbia Poison em Dublin, Irlanda no The Clarence Hotel.

*Núbia Poison, integrante virtual e roadie dos Retinas Queimadas é jornalista das publicações Retinas News.

*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.