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                                          annabailune
                                               
(clique)
              www.gandavos.blogspot.com 
              http://ana-bailune.blogspot.com.br/


 

                  (Comentários antigos, a textos já excluídos)

                  O dia em que conheci um anjo 
Sentir-se burra e à beira do precipício são coisas mais comuns do que você imagina. Já pensar em matar-se se torna mais difícil, o instinto da vida é deveras poderoso. Anjos, esses existem, eu acho. Nunca jamais os verei, todavia.

 
 
 
                          O Erro de Quem Perde

Os bons textos atingem um ponto (ou nível) de amplidão, de universalidade, que toca a todos. Nesse toque trememos e nos identificamos e emocionamos - muitas vezes já distantes do assunto do texto, já imersos em nossas fantasias e agruras...
Quando Luís Vaz de Camões nos diz que
"Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer",
 
suas palavras circundam nossos sentimentos, abatem algumas esperanças e libertam outras, nobremente. Em outras palavras: o soneto dele, transpondo os portais da nossa alma, conduz-nos a reflexões tão gratas quão doridas, chamadas saudades.
Mas aonde eu queria (conseguirei?) chegar: seu poema, Ana, também possui alguns momentos de êxtase lírico, que nos possibilitam a volta ao passado, relembrando sonhos, parentes que partiram, amores juvenis...
Essa evocação das coisas e pessoas, em certos poemas, não ocorre por acaso: só surge e encanta em versos bem escritos, a alma em glória e letras.
Comentários (dos demais escritores) mais sinceros impossível.


  
 
                              O Marido Perfeito
(conto)

Personagens que se movimentam na trama de forma soberana, autônoma, todos planejando ações e atitudes - e executando outras ações e atitudes. Figuras de ficção densas, complexas, racionais e/ou sentimentais, porém sempre olhando além do conto, da tela, do possível livro onde estariam aconchegados. Não se trata de criaturas estereotipadas, padronizadas, "certinhas e pronto" do ponto de vista literário.
E mais: cada palavra do conto é bem aproveitada pela autora, que soube desenvolver a intriga, o enredo, arrematando com um final suspenso, prometendo mais amantes ao marido e um amor à mulher. Ou uma tragédia em família.
Na história, nada entra de graça: as crianças, os telefonemas, o vizinho, a ironia dos cafezinhos... Tudo 
contribui para formar no enunciatário uma noção do quanto essa esposa já aturou, já suportou calada, submissa, obedecendo a um padrão comum da mãe-de-família ideal.

      - E esse marido, um safado infiel e dissimulado, vai ter que merece! - exclamamos. Tudo isto nas aparências.
Todavia, devido à "esfericidade" (FORSTER, 1969, p. 32), à amplidão complexa desses seres ficcionais, tudo se pode e (que bom!) se deve esperar.
Seu conto engrandece a Literatura.
Pontos positivos: nenhum erro gramatical, nenhuma palavra desencaixada, nenhuma banalidade supérflua; um estilo límpido, até com surpresas boas, delicioso em seu fluir...
 
 


                             O Parquinho (conto)
Notei há tempos uma coisa: logo que você publica algo, todos acorrem a lê-la e comentá-la. E não são comentários frívolos, superficiais, tolos, não. Tudo fundamentado na leitura atenta dos seus textos.
Outro detalhe: a maioria dos comentaristas visitam inúmeros trabalhos, quero dizer, há uma constante peregrinação do povo perante a cidade, o monumento, a esfinge envolta em neblina chamada Ana Bailune. Quem a ama, ama e ponto.
Interpreto assim seu conto: todos nós devemos, em certos momentos, barrar o fluxo incessante das coisas que, sempre em choque conosco, nos atraem para atitudes e ações objetivas - e sonhar. E uma das formas clássicas do sonho humano envolve a volta, o regresso à infância, onde tudo é descoberta, ludicidade, encanto, inocência.
E como precisamos periodicamente nos reciclar, nos reabastecer de esperanças, de músicas, de aleluias, para continuar a saga, a rota, a navegação no "mar sem fim" (F. Pessoa), voltamos sim ao santo silêncio das recordações.

 


                           O Tempo que Temos 
Poema com conteúdo relevante, sério, viés clássico das profundas mensagens camonianas, bocageanas e outros “anas...
A estrofe que se repete três vezes, bela e forte, assombra mesmo, como toda verdade repentina. 

 
 
 
                              O Último Olhar
(conto)
A habitual escritura exemplar, o tema bem desenvolvido, o enredo dizendo muito: eis, neste conto seríssimo, mais um pouco da verdadeira Ana Bailune literária - bem comum ao/do Recanto das Letras.
 
 
 

                                     Olhos
Este poema se universalizou desde o primeiro momento de escrito. Pensei até que fosse sobre mim! Só mais ao final, você alude a "Bruxa! Feiticeira" – referindo-se a uma mulher. Cheguei a pensar: “Mas gente, este sou eu!!”, até ver a "Bruxa".
Abrangente peça, repito, atinge a todos, mercê de sua sinceridade e beleza estilística e filosofia de vida.
 


                             Onde está Deus?
 Li seu texto. Gostei. Bem escrito, filosófico, metafísico, inteligente, prático, elegante, indagante,
 
 
 
                    Otimismo e Realismo

Mais um texto bom para a nossa reflexão. Bem escrito e convincente, estilo conciso, palavras exatas atinentes ao tema. Essas e outras qualidades, tão presentes, parecem invisíveis, e são as que nos impulsionam a uma leitura agradável e uma tomada de posição como leitores. E nos fazem querer ler Ana Bailune mais e mais.
 
 
 
          Para a pessoa que eu mais amo no mundo

O texto salta das linhas para o espaço simbólico das dores metaforizadas, solidárias, consoladoras. A gente se lembra de mãe, irmão, cunhados...
Ficamos absortos na contemplação do Absoluto, em comunhão com seu texto já polimorfo em nós. Mais ou menos isto.
Purificação, catarse, eterno retorno.

 
 
 
                                        Penar

O ritmo irrompe, pulsa e excede, ultrapassa as palavras; repercute no leitor, conduzindo imagens e sentimentos ao topo da sua alma solidária/solitária. Diria mesmo que o ritmo viaja na ponta dos vocábulos, expondo através deles a pulsação interior da angustiada e insensata personagem.
Os verbos de ação (corria, seguia, ouvia, via, chegava, ralava, rasgava, passava, virava, dizia, cortavam) originam e sustentam a narração e a descrição.
O espírito da personagem, em doloroso transe, jamais aplacado, perturba a tranquilidade do leitor, fazendo-o participar do seu drama em movimento (exatamente o que se espera da boa literatura).
Só lembrando que do medo, do terror, do ódio, da angústia, do sofrimento, da renúncia, do remorso, do pranto, da derrota, da fuga, da desesperança, das trevas, da morte enfim surge, deslumbrando, a melhor arte, como das maldições mais implacáveis brotam as bênçãos mais inocentes, mais castas, mais reverentes...

 
 
 
                     Por um Instante Apenas

No espaço mágico das florestas, Ana recria, redesenha, redescreve árvores como rainhas, animais como reis e fadas como seres reais. Aliás, fadas, gnomos, duendes etc. são motivos recorrentes em sua literatura, acrescendo-lhe superior mistério.
Preciso estudar melhor esta faceta dos seus escritos!

 
  

                                   Purificação

Impossível não nos identificarmos com esta carta, tal a veemência do conteúdo e a clareza e coesão da forma. Este um dos verdadeiros objetivos da arte literária: falar tão profeticamente quanto possível, atingindo emocionalmente assim a todos. Mímesis e catarse.
Bênção pioneira, este e outros muitos textos da Ana. Animadora, consoladora, crítica de coisas, situações e seres, ela se supera na expressão de suas opiniões. O estilo às vezes claudica aqui, vacila ali, tomba acolá, mas são detalhes textuais facilmente corrigíveis para alguém das letras como ela. Vale a fé da sua escritura, abaixo das Escrituras...

  
 
 
                                     Refúgio

Neste texto, diáfano qual uma chuva de luz, suas imagens tão delicadas já prelibam o fim, atenuando-o através de um eufemismo repleto de ternura e piedade.
 

  
 
                                     Sandálias

Voltei a ele, enlevado, pessoas comuns sob a égide do amor, das surpresas da vida, dos sentimentos em prova de fogo...
 

 
                              Só te Deixo uma Flor

Artista imperial, com dons secretos, você transforma versos em flores, palavras em pétalas, intenções em consolações, votos em confortos...  E cumpre assim, Ana, a missão de ofertar gestos de beleza à gente que a lê.
 
 
 
                                   Tempestade

Relato fiel da fúria e da sabedoria da Natureza, que tudo rege neste planeta. Fiel e sensível como dedos se tocando, felizes e esperançosos. Painel bem construído a partir de sua visão mística das coisas perenes.
 
  
 
                         Um dia na vida - Ciclos

Li todos os comentários, uns derramados, outros concisos, outros emocionados, outros agradecidos - todos porém com as marcas linguísticas da mais completa sinceridade. Que você a merece, sem dúvida, Ana.
Pertence este trabalho à estirpe de seus versos mais altos. Isola-nos mais ainda no isolamento universal, a não-fraternidade, a aventura da sobrevivência. Há nele algo estranho que nos toca estranhamente; preciso relê-lo com mais vagar, parece ser um dos grandes poemas do Recanto das Letras e talvez da Internet --- ao estilo Cruz e Sousa e Cecília Meireles.
Sei que falo talvez demais, adiantando-me a vozes que nem ouço ainda. Mas falo.

 
  
 
                         Um Caso de Bullying (artigo)

Artigo pleno de maturidade estilística e experiência de vida. Lê-se do princípio ao fim, de um só jato, a indignação crescendo. Esse final feliz nos consola, acalenta e apazigua. E é fato que só já adultos e inseridos em outras esferas de atividade é que nos damos conta das humilhações e vergonhas e dissabores que passamos na infância e adolescência, causadas por colegas desajustados e cruéis.
 
 
 
                              Um Pequeno Favor 

Bailado, Bailune, Baile: um texto "leve, breve e suave", bailador no monitor e na mente, exigindo releituras.
  
             
 
                                       Um Segredo

Há na história tanta arte quanto céu e mar. Pois, a rigor, sorrimos ao viver tão imprescindíveis mentiras: precisamos nos descobrir amados, notados, pertencentes aos diversos segmentos sociais (família, amigos, vizinhos, igreja, trabalho...). Não importa a que preço. Sem essa gregaridade (aceitação na grei), esse instinto tribal, essa energia grupal, os homens definham, enlouquecem e morrem.
E basta observar em volta: todos os seres vivos convivem próximos, interagindo para sobreviver.
Regressando à crônica: ela completa sua mensagem, só que já em nós. Senão vejamos:
Ana agarrou dois personagens (protótipos), emprestou-lhes algumas características específicas da espécie humana, e construiu a moradia do seu minidiscurso, sem pompa, sem citar civilizações, sociedades, padrões de comportamento, nada; e no entanto - porque humanos - nos percebemos embalados na rede da sua enxuta escritura, inexplicavelmente.
O texto semelha uma fofoca de rua, num linguajar comum, corriqueiro, meio sem nexo. Será literatura?
É. É porque nasceu e se criou de um sonho individual: fixar no papel/tela um momento tenso, difícil para ambas as personagens. E utilizou, para tal, a arte da palavra elaborada esteticamente (e não a solenidade de um relatório administrativo ou policial, por exemplo).
E contém os elementos essenciais à ficção: imaginação e realização práticados objetivos artísticos - sem recorrência a razões lógicas, a quaisquer teses científicas ou tratados ecumênicos.
Isto sem mencionar o tratamento, o cuidado em seguir os trâmites, os cânones estabelecidos desde a Antiguidade: para se firmar como literatura, há que ter a narrativa uma coerência rigorosa, suscitando a curiosidade crescente do locutário, que ao final deve se surpreender com o desfecho.
Trata-se de uma crônica, pertencente ao gênero ensaístico.
Em tempo: li os comentários, tão perspicazes quão corteses. 

 
 
               Fontes de consulta: 
     
Guia da Reforma Ortográfica, de
     Andréa Calmon. 1ª ed. 114 p. On Line
     Editora, SP, 2009.
     Notas de Teoria Literária, de Afrânio
     Coutinho. 128 p. Ed. Vozes, RJ, 2008.
     Dicionário Eletrônico Houaiss, de
     Antonio Houaiss.

  
 
 
                    Vivemos um Grande Mistério

O aspecto filosófico, metafísico do enunciado nos seduz e faz pensar, divagar, comungar com as imensidades descritas. Tornamo-nos parte dessa procura, imersos em humildade, conscientes da nossa fragilidade.
Ocorre no texto a palavra "mistério" (cinco vezes). E "nossa partida", duas vezes. Modificações seriam bem-vindas. 

 
  
 
                         Vocação - Repostagem

Coexistem no poema intensidade de ritmo e abandono verbal, abandono esse preconizando, defendendo, recomendando, aconselhando a rendição incondicional do ser humano ao império dos sonhos, pois que inútil qualquer resistência. Os vocábulos seguem em torrente, fluindo no leito léxico, soberanos, íntimos, cúmplices do estupefato leitor. Ocorre a animização do substantivo abstrato sonho, no verso:
"Ele arranha a porta,
Como um cão..."
 
E há a vegetalização desse mesmo sonho, em:
"Mas um dia ele germina,
Cresce, árvore maldita...".
 
E eis finalmente sonho como tatuagem da alma:
"Pois teu sonho irá contigo,
Para o céu ou para o inferno,
tatuado em tua alma."
 
O resultado confirma uma realização literária persuasiva, sazonada, experimentada, refletida e cristalizada em signos (palavras) e razões (argumentos) que nos cativam indubitavelmente. O enunciatário sai de uma terceira leitura do poema com a sensação de que sabe pouco, bem pouco sobre si mesmo e o mundo intelectual (onde habitam nossas ideias e conceitos); e com a certeza de que necessita redimensionar a correlação de forças mentais, prestando a devida vênia às suas divagações oníricas, aparentemente tão inofensivas e estimulantes... E todo esse vendaval quebranta, dobra o leitor graças ao trabalho da escritora com a linguagem, trabalho sério, percuciente, contínuo, motivador.
Repostagem, oriundo do verbo repostar, significa postar (publicar) de novo; responder de pronto; replicar, retrucar.
 
                          
          Fontes de consulta: 
     
Dicionário Aulete Digital.  Lexicon Editora
     Digital.  SP, 2010. 
     Dicionário Michaelis de Língua Portuguesa. 
     Ed. Melhoramentos Ltda. SP, 2009.

 
 
  
                                   Yesterday

Personagens previsíveis, ações idem. Final sério, convincente. Boa, a impressão geral. Juventude pura. Voos feitos de sonhos, palavras feitas de ar, perfume eterno da fugaz juventude. 
Ana se espelha em William Shakespeare, que deu forma e voz aos seus actantes “e os encerrou num universo a que nem Deus tem acesso”. (Afrânio Coutinho, 1972, p. 322)

 
(Aliás, eis uma lenda: William Shakespeare moldou seus múltiplos seres e simplesmente os lançou nos horrendos calabouços da Literatura, onde plangerão até o Juízo Final, quando não os anjos, não o dramaturgo, não os escritores, não os críticos, mas sim os bilhões, talvez trilhões de espectadores os conduzirão, nome a nome, abraço a abraço, beijo a beijo, em júbilo, à altíssima presença do Senhor...)

 
          Ana: mantenha a imprescindível impiedade para com suas criaturas, que de suas mãos de flor brotam e se vão. Elas já aportam ao mundo ficcional preparadas para o sofrimento e a felicidade, a paz e a guerra, o horror e a revelação – tanto quanto nós. Não as desfigure pela negligência ou pela bondade.

 Distancie-se ao máximo para administrá-las, para desvivê-las, como o crítico se distancia da obra e da vida do escritor avaliado. Não desça até as páginas do livro - onde vaidosamente passeiam, já independentes de você - para chorar ou rir com elas.
 No seu ofício não cabe a piedade, escritora. Ame-as só secretamente; em público, vaderretre-as a todas. Projete-as além da realidade, fora do alcance de suas mãos travessas.  Narrador complacente, personagens em greve... e narratários em fuga!
Vejamos como TERRA & NICOLA (2007, p. 127) tratam da questão:
 
"Nas narrações em terceira pessoa, o narrador está fora dos acontecimentos; podemos dizer que ele paira acima de tudo e de todos. Essa situação lhe permite saber de tudo, do passado e do futuro, das emoções e dos pensamentos dos personagens - daí ser chamado narrador onisciente (oni + sciente, ou seja, "o que tem ciência de tudo", “o que sabe tudo")."

 
            Fontes de Consulta: 

     
Aspectos do Romance, de E.M. Forster. Porto
     Alegre, Globo, 1969.
     Enciclopédia Barsa (verbete sobre William
     Shakespeare). Ed. Nova Fronteira, RJ, 1972.
     Gramática e Literatura Brasileira – Curso
     Completo, de Douglas Tufano. Ed. Moderna, SP,
     1996.
     Português para o Ensino Médio, de Ernani
     Terra e José de Nicola. 570 p. Ed. Scipione, SP,
     2007.

   


               “Vai Ficar Tudo Bem...” (poesias)

Neste mundo, usamos e somos usados, sempre. Quantos não usam, a todo instante, o nome de Jesus (que nem conheceram!) para pedir, suplicar, aconselhar ou chantagear ou obter alguma vantagem em algo, ou para dominar psicologicamente alguém?
- Eu sou um desses, admito. Mais ainda: se um certo poeta do Renascimento tivesse apenas aceito a morte da amada adolescente, e se conformado em viver chorando pelos cantos, ou cortejando outras meninas - sem sequer dedicar uma linha escrita à garota?
Mas não: ele escreveu a Divina Comédia, construindo uma torre luminosa de palavras... Imortalizou Beatriz e 

 

 
 
                                       Viver

Este dialético jogo de palavras expressa bem a sua sensível e madura visão de mundo.  
                             
 
                                        Fim
 



 

Enviado por Jô do Recanto das Letras em 24/10/2012
Reeditado em 23/08/2013
Código do texto: T3949583
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