ETERNO PETER PAN?

Dr. Marcio - Como explicar e como agir diante da atitude infantil, que diversos homens assumem? Devemos ser crianças também, ou sacudi-los para que acordem? Estou ficando cansada por não conseguir me adequar a esta imaturidade? – Ana (Barretos).

Minha Cara Ana - Dan Kiley, em seus livros “Síndrome de Peter Pan” e “O dilema de Wendy”, que eu recomendo para todos os sexos, descrevem de forma magnífica o seu dilema. O que ocorre é um conjunto de fatores, que começam com os hormônios, passam pela educação e fixam-se num comportamento exibicionista, imaturo, inseguro, que a maioria dos homens, em maior ou menor grau, exibe, para disfarçar sua insegurança, que os afasta até de conseguirem uma saúde adequada, pois não a buscam, não tentam se encontrar, ou até se tratar quando doentes, como tem mostrado as estatísticas.

Seguindo a tradição antiga, eram os filhos que se tornando adultos, iriam manter os pais em sua velhice, enquanto as meninas ajudavam suas mães em seus afazeres domésticos e eram amadas, em reconhecimento, por seus pais. Com isto os meninos são estimulados pelos pais a se exibirem, a serem loroteiros e consequentemente, “embrulhões”, conquistadores, machistas e tudo mais que você quiser culpá-los. Mas, aí está o segredo: as mulheres acham graça nisto, em certa fase do relacionamento. Elas não gostam de homens quadrados, frequentemente adoram aventureiros, motoqueiros, skatistas, grunges e outros bichos. Estimulam as suas exibicionices, até a partir de certo ponto, que pode ser o casamento, o aparecimento dos filhos, ou outros acontecimentos, onde elas querem que eles mudem da noite para o dia. Tornam-se rabugentas, fechadas (da cabeça aos pés), sonhadoras com outros homens e mal amadas daí em diante, pois tendo sido muito amadas pelos pais, esperavam que seus maridos lhes dessem carinho e não apenas as buscassem para realizarem-se sexualmente, coisa que nem todos estão preparados, pois crêem que basta fazer sexo para serem admirados.

Se você pegar o fio da meada, verá que se uma mulher “destrambelhou” um homem, outra, se o amar e achar que vale a pena, o “trambelhará”. Como? Mantendo-se sempre amiga, sedutora, usando suas fantasias para fazê-lo feliz. Com isto ele será grato, amigo e se ligará melhor às necessidades do casal.

O que não pode acontecer é a mulher se anular e virar a mãe dele, chata, metida a Deus, criadora de obstáculos, cobradora incansável e impertinente. Deve ser buscado um equilíbrio da mulher, entre a ponderação e a sedução (representadas, respectivamente, por Wendy e Sininho da lenda de Peter Pan), de forma a conseguir que ele a ame muito e a partir daí, trabalhe para que ela se sinta feliz em obter o prazer sexual, após o amor do dia a dia.

Infelizmente a maioria dos homens crê que basta ganhar o dinheiro, para ser o patrão da infeliz trabalhadora com mil funções, que sentindo - se um objeto, o menosprezará e os dois viverão uma vida não satisfatória, onde os filhos serão os únicos a tirarem partido desta desunião.

Infelizmente as escolas não têm competência para perceber a necessidade deste tema para educar os jovens. Provavelmente pelo fato deste ser um fato consumado na mente de muitos professores, e não estejam preparadas para mostrar esta realidade, apenas mostram que dois mais dois originam o quatro.

Aliás, viver a vida como deve ser vivida cedeu lugar a “viver como dá”.

Por isto o mundo vive em busca de motivos para protestar, guerrear, com a cachorrada a “propinar”, tentando fazer gastos milionários, com situações de “faz de conta”, com uma incapacidade de criar coisas e situações verdadeiras.

Precisamos lutar contra isto. Em primeiro lugar olhando cada qual para dentro de si e procurando fazer mudanças reais, para sabermos escolher nossos dirigentes, professores e os trajetos que nos darão alegrias ao caminhá-los.

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Dr. Marcio Funghi de Salles Barbosa

Psiquiatra, Terapeuta e Consultor de Relações Humanas