ARCHIDY MADE IN PARAHYBA: entrevista concedida ao jornalista Fernando Patriota

Archidy: no próximo dia 5 de Agosto de 2014 você realiza o "Archidy Made In Parahyba". O que seu público pode esperar dessa apresentação?

Pretendo mostrar um pouco do que venho produzindo no âmbito das artes visuais, da Literatura e da Música ao longo de pouco mais de 35 anos de trabalho, tendo em vista que comecei a produzir artes, estimulado por meu pai, a partir doa 14 anos. Na mostra, estarão expostos alguns de meus desenhos, algumas pinturas, livros e meu cd EQUINÓCIOS, que deverá estar soando no ambiente acompanhado por mim, quando pretendo mostrar alguns outros elementos musicais que ainda estão para serem acrescentados no trabalho. Na parte visual da exposição, também haverá alguns banners, onde reproduzi trechos dos livros, poemas, depoimentos de amigos, fotos e outras coisas.

Como artista multifacetado, qual segmento da arte você se identifica mais?

Quando era adolescente, meu pai adquiriu equipamentos de produção de filmes em bitola Super-8: duas câmeras, um monitor e um instrumento de montagem, que não sei o nome, e então ele me disponibilizou os equipamentos a fim de que eu produzisse alguns filmes. Com um único filme de três minutos produzi um curta, chamado OS MOLEQUES, muito elogiado por meu pai e pelo pai de Silvio Osias, Onildo Lins, que reconheceram meu talento para cineasta. Desde então, produzi experiências com desenhos animados, fui câmera na produção de um documentário que meu pai produziu sobre a vida e a obra de um artista pernambucano e, depois que surgiu o equipamento de vídeo em VHS, produzi alguns vídeos, tendo trabalhado como Coordenador de Programação e Editor de Arte na primeira equipe da TV Paraíba, em Campina Grande. Dessa forma, não nego que minha paixão maior é o Cinema, onde, na condição de multimídia, posso utilizar todos os meus talentos artísticos na produção de filmes - o que ainda não fiz por forças das circunstâncias.

Voltando ao seu show do dia 5 (sei que você não gosta muito desse nome “sohw”), fale um pouco do repertório musical e dos músicos que lhe acompanham.

Não haverá músicos me acompanhando, já que a maioria dos que conheço anda sempre muito ocupada, como os que participaram comigo da produção do cd. Então, vou usar o recurso do playback em cena - algo não muito apreciado pelo público em geral, mas, felizmente, um recurso que se pode usar a que não se prive o ouvinte de todos os elementos sonoros que compõem as músicas, entre outros que, como eu disse, incorporarei ao vivo, interagindo com o cd. No repertório, músicas como ODE A DIVERSIDADE (que pode ser encontrada no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=aILKYu3RbgM), em forma de um clipe experimental, que produzi junto com o amigo músico Fábio Cavalcanti, coprodutor do trabalho, diretor do estúdio PHOTOGRAMMA, onde realizo minhas gravações. Haverá também em cena a música EQUINÓCIOS, que dá nome ao disco, como TEMA PARA WANDER, TEMA PARA UMA ESTRELA, OLHA LÁ ALÁ, VIETNOVO e ALELUIA.

Archidy: com mais de 30 anos de carreira, como você avalia o cenário musical da Paraíba?

Culturalmente, penso que a Paraíba é um centro de produção bastante eclético. Musicalmente, pode-se encontrar um ritmo que caracterize a cultura pernambucana, baiana, carioca, amazonense etc., mas é difícil que você diga que há um ritmo, um estilo, uma marca sonora que caracterize a música paraibana - já que o forró, o xote, o xaxado, o repente ou o baião podem ser encontrados em todo Nordeste. Por aqui nos temos todos esses ritmos e estilos juntos sendo explorados por nossos compositores e instrumentistas, além de explicitarem as influências que sofrem de ritmos e estilos vindos de outros tempos e lugares do mundo, como a música clássica, erudita, barroca, o rock, o jazz, o blues e tantos outros. Penso que, mesmo quando exploramos ritmos populares, nossa tendência à erudição é mais notável do que em outras partes do Brasil, sendo talvez por isso que tenhamos tantas dificuldades em conquistarmos o mercado nacional que, infelizmente, tem produzido tantas porcarias românticas, quase "pornofônicas", tão agradáveis à maioria das pessoas.

Como foi dito antes, você também é escritor, com vários livros publicados, sobretudo na área da ficção. Essa relação música-literatura facilita seu trabalho? Diga-me quantos livros publicados e o nome deles, editora etc.

Minha literatura tem como principal fonte de influências a Literatura mesma, principalmente a literatura internacional em geral, de ficção científica, do realismo fantástico e a dinâmica cinematográfica. Como lhe disse, gostaria de fazer filmes e escrevo minhas estórias para que sejam filmadas. Mas, como me disse certa vez o cineasta paraibano Marcos Vilar, para que se realize, a maioria de meus roteiros precisa de uma infraestrutura de "superprodução". Como ainda não é possível realizá-los, então, desconto minha frustração de cineasta com a Literatura, tendo publicado primeiro um livro infanto-juvenil chamado LIÇÕES DE VOO, com primeira edição produzida pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC) há quase 30 anos atrás. Depois dele - que teve uma segunda edição publicada pela Editora Bagaço, de Recife - vieram LIÇÕES DE VOO 2 - A DESCOBERTA DE ZRYR (pela extinta Editora Persona, de João Pessoa - que, por livre iniciativa, também publicou a terceira edição de LIÇÕES DE VOO). Escrevi e publiquei por conta própria os livros A ÚLTIMA HISTÓRIA DE BATMAN, sob pseudônimo de "Andryus Tzappak", JANELAS DA ALMA, uma ficção-científica-esotérica-policial, A MÁQUINA DA FELICIDADE E O CROMOSSOMO ZEN, uma coletânea de artigos, que também contém duas entrevistas, um poema e três primeiros capítulos de livros não concluídos; OS CÃES DO DIABO - A HISTÓRIA QUE PERO VAZ DE CAMINHA NÃO CONTOU (Editora Ideia), uma ficção sobre lobisomens inspirada na carta do escrivão português; SOBRE DEUS E EUS ((Editora Ideia), uma palestra que dei sobre aquilo, aquele ou aquela que consideramos "Deus"; SEIS BREVES HISTÓRIAS SOBRE A VIDA, O TEMPO, O AMOR E A MORTE (graças ao prêmio conquistado num concurso promovido pela Fundação Cultural de João Pessoa - FUNJOPE), uma coletânea de contos, e DITOS, BEM DITOS, MAUS DITOS, REDITOS E JAMAIS DITOS DE SÃO SALABAUSSÍRIO (Editora Imprell), uma coleção de 1.000 aforismos que desenvolvi em interações in facebook. Entre os ainda não publicados, há GUTVYLL, outro infanto-juvenil; O SEXO DOS ANJOS, OS TEMPOS DA HISTÓRIA E AS AMANTES DE JESUS, um conjunto de comentários; OS FANTASMAS DO PARAHYBA PALACE, uma ficção fantasmagórica inspirada nas antigas condições em que se encontravam o Parahyba Palace Hotel; AS CRÔNICAS DA MORTE, um conjunto de contos sobre a Morte; AS MÃES E O DOMÍNIO DA VIDA, outra palestra; A ÚLTIMA GUERRA, uma ficção sobre a eterna "guerra dos sexos"; MINHA QUERIDA JOANA, uma ficção sobre as relações de amizade entre a santa Joana d'Arc e uma vampira de trezentos anos, entre alguns outros que espero concluir e publicar um dia.

Archidy: com tanta produção literária e musical, existem ainda estímulos e vontade de trabalhar com artes?

Como dizem por aí, vontade dá e passa - mas surge novamente, pois creio que, como pessoas e, mais, como artistas, nossos estímulos reproduzem ou refletem os estímulos da Vida eterna, que sempre e sempre vem e vai, nasce e morre para nascer de novo, sendo então os artistas os maiores representantes dessa dinâmica criativa-destrutiva-criativa, compulsória e compulsiva, que a Vida estabelece em nós quando em nós se estabelece.