“Somos capazes de desenvolver igual a todo mundo”

Gestos simples, mas de grande tamanho e que fazem a diferença. Com o objetivo de trazer o deficiente para uma realidade igualitária, não de forma excludente, mas, sim, que inclua como alguém de direitos e que permita a ela oportunidades como todo mundo tem. Com algumas diferenças e adaptações, incluir é, antes de qualquer coisa, dar aos inclusos as mesmas oportunidades sem descaracterizar e individualizar.

“Incluir é tentar, de uma forma ou outra, tentar diminuir as diferenças. O benefício é para ambos os lados, pois humaniza o espaço de trabalho e as pessoas conseguem perceber que, independentemente de ter deficiência ou não, não somos iguais. Cada um tem seus desejos, vontades, exceções e expectativas. Para a família, assim como para a empresa, é um ganho imensurável”, contextualiza a coordenadora do setor de Recursos Humanos da Cotripal, Cristina Lasch dos Santos.

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi, por exemplo, inclui através de programas internos e, além disso, tem convênios com algumas empresas da cidade para que essas pessoas com deficiência intelectual consigam desempenhar de forma prática as tarefas que um empregador vai lhe dispor. Segundo Mirian de Moura Camilio, diretora da APAE Panambi, são cento e noventa e quatro inclusos que estão se encontrando no mundo. A APAE ajuda a quebrar o anonimato dos deficientes. Antes de elas existirem, essas pessoas ficavam apenas em casa e tentavam desenvolver o que os seus pais ordenavam.

“Para mim é gratificante ser inclusa. Sinto-me muito orgulhosa. Eu soube que poderia ser contratada e corri atrás. Acredito que todas as empresas devem incluir, pois para nós, deficientes, é algo muito importante”, avaliou sorridente Gislene Moresco de Oliveira.

Gislene é portadora da Síndrome de Prader Willi. No seu nascimento os médicos avisaram os familiares do distúrbio genético que a filha deles enfrentaria. A síndrome é caracterizada pela fome excessiva, pequena estrutura corporal e dificuldade na aprendizagem.

“Sempre há algo novo. Ela sempre está em constante desenvolvimento. Cada vez mais independente. Fico feliz em vê-la alegre e com aquele sentimento de ter um espaço no mundo”, comentou emocionada a mãe de Gislene, Beatriz Moresco de Oliveira.

Sentir-se igual, capaz e produtivo são alguns dos inúmeros pontos positivos que a inclusão traz. O trabalho eleva a autoestima e dignidade do incluso. “Carinho, bem-estar e, além disso, podemos mostrar para a sociedade que somos capazes de desenvolver igual a todo mundo. Muitas vezes não no mesmo ritmo, mas somos capazes e não muito valorizados!! Não é apenas ganhar dinheiro, vai muito além disso”, completou Gislene.

Gih, como diz a mãe, foi abraçada pela Cotripal no mês de maio de 2013. Há três anos ela desenvolve a função de auxiliar administrativo no setor de Recursos Humanos da empresa. Aos vinte e nove anos Gislene busca aprimorar-se cada vez mais e mostrar o quão é capaz de desenvolver uma designada tarefa. Os médicos haviam deixado claro que o desenvolvimento do paciente com a síndrome não era tão grande.

“Ver minha filha sair de casa para trabalhar foi algo muito bom. Vi minha filha alcançar a sua independência e fazer novas interações. Do meu ponto de vista todas as pessoas com deficiência devem ser inclusas, pois, acima de tudo, são cidadãos e têm direito a oportunidade, claro que cada um com seus espaços e limitações. Devemos olhar para todos com igualdade e encontrarmos nossas capacidades”, acrescentou Beatriz.

Inclusão pela Lei

Levando em conta a importância da inclusão, a lei 8213/91, Lei de Cota para Deficientes e Pessoas com Deficiência, dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência e dá outras providências a contratação de portadores de necessidades especiais. Lê-se no artigo 93 que a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção:

- até 200 funcionários……………… 2% - de 201 a 500 funcionários……….. 3% - de 501 a 1000 funcionários……… 4% - de 1001 em diante funcionários… 5%

Além da Lei, o amor e boa vontade que vem dos colegas de trabalho e empregadores é a chave mestra. É ela que muda o mundo.