Entrevista com a autora Celeste Almeida

Entrevista

ICE- O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?

Celeste Almeida- Poesia, para mim, é um momento que pode ser efémero ou eterno, depende do véu da alma que me cobre! O poeta é o libertador desse momento, vive-o num turbilhão de emoções e fá-lo seu no peso dos sentimentos que carrega!

ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?

Celeste Almeida- Penso que todos nós temos contactos com a poesia, logo ao nascer, mesmo não a libertando em palavras! O meu primeiro contacto foi no momento em que dei um grito á vida e sem saber como, conseguir alimentar-me nas mamas da minha mãe! A vida é poesia, poesia que se escreve sem serem precisos versos! Basta nascer e neste mundo viver!...

ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?

Celeste Almeida- Tal como disse, anteriormente, a vida é poesia, escrita ou não! Gosto de poesia, mas não é a poesia que move meus trabalhos literários. O meu registo, o género literário que me preenche é feita de terra, água, ar , lugares e gentes, escritos em prosa. Faço da identidade cultural a minha obra cultural. A poesia surge como a brisa do vento da serra que em certos momentos me beija!

ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?

Celeste Almeida- A vida que me rodeia, porque sou uma pessoa de contactos, de afetos, de presenças, é a minha fonte de inspiração, onde encho o cântaro ( coração ) para depois num ambiente de solidão poder beber gota a gota as palavras que enchem os meus livros. Dou primazia ao vazio das horas solitárias da noite para voar no meu universo.

ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?

Celeste Almeida- Tenho minhas referências, num campo muito vasto de escritores. Pablo Neruda , Carlos Drummond, Cecília Meireles, Florbela Espanca, Sofia de Mello Anderson, Fernando Pessoa, Camões, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e tantos outros, mas a quem eu escreveria um poema de agradecimento, seria a António Aleixo, poeta popular, quase analfabeto, que se afirmou pela sua ironia e pela critica à sociedade, sociedade que nos valores, desde então, decaiu ainda mais!

ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?

Celeste Almeida- Não. Sinceramente, escrever ensina-se nos bancos da escola e esse foi o meu mundo! A partir daí, adquirimos saberes, exercitando a escrita lendo bons livros e bons autores. Cada autor tem suas características e ninguém será capaz de lhas mudar. São a sua essência, a sua luz!

ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?

Celeste Almeida- Sou mulher de afetos, de toques, de olhares…não troco o livro físico por nada que o substitua. Gosto do cheiro do papel, de sentir as palavras a vestirem minha alma!

ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?

Celeste Almeida- Não, nunca sei qual será o fim. A única coisa que sei, é o momento que vivo naquele instante; a dor, a saudade, a alegria, o desassossego, o desencanto, o amor… e com esse sentir, dou a primeira pincelada do poema…depois, a minha mão escreve o que lhe ordena o coração e a alma.

ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?

Celeste Almeida- Penso que anteriormente, já destaquei alguns dos nacionais meus preferidos. Falando de estrangeiros, entre outros, no momento destaco Cecília Ahern. Li, recentemente, dois romances desta autora que me envolveram na sua trama, como se personagem deles fosse!

ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?

Celeste Almeida- Publiquei:

As Nossas Raízes o Passado e o Presente

A Alma de um Povo

Silêncios de Espuma

O Penedo Mágico

Brevemente, um dos projectos que tenho para dar aos leitores tem por titulo A Viagem . Uma obra, em que narro a Transumância da Estrela para o Montemuro. Neste livro, feito de memórias, de vivências, de experiências, as minhas fontes foram as pessoas vivas que praticaram esta actividade pastoril, a ida dos rebanhos das fraldas da serra da Estrela para a serra do Montemuro, todos os anos à busca das boas pastagens que cobriam os montes, os vales e as colinas.