Entrevista THAÍDE & DJ HUM (Música) - SP

Eles foram os precursores da cena hip-hop em Sampa. E todos que curtem rap, break e grafite sabem que devem muito a Thaíde e DJ Hum pelas conquistas alcançadas. Com o carisma, o talento e a disposição de sempre, eles abriram o gogó nessa entrevista para Escobar Franelas, exclusiva para o jornal Cidade Tiradentes em Notícias.

EF – Como foi o início de tudo?

THAÍDE – Mais ou menos em 1983, com a onda break. A gente se reunia na estação São Bento do metrô para dançar. Depois a coisa foi evoluindo...

DJ HUM – A gente se conheceu, trocamos idéias...

THAÍDE – E deu no que deu.

EF – E qual a importância de tudo isso?

DJH – O movimento hip-hop teve uma ação fundamental na recuperação da auto-estima da classe assalariada, periférica, pobre.

TH – O rap prega a igualdade das raças, a importância da solidariedade, da união. E é em cima disso que a gente discute.

EF – Vocês têm um trabalho muito forte mesmo, aquela coisa de dar uma força para os iniciantes...

DJH – Mesmo porque a gente sempre teve parcerias e apoios importantes. O Nasi(do Ira!) foi uma peça fundamental para a troca de idéias. Também teve o Scowa.

TH – E a gente procura sintetizar isso na forma de achar novos talentos, produzir esse pessoal que tem um potencial bem legal e tá a fim de trabalhar.

EF – e hoje, passados todos esses anos, como vocês sentem o cenário do hip-hop?

TH – Está legal. Muitas vitórias. Muito suor, alguma incompreensão. Mas muitas vitórias conquistadas e muitas por conquistar.

DJH – Passado todo esse tempo, ficamos com a certeza que desbravamos caminhos. Queremos continuar vendo o pessoal produzindo, chamando a atenção, já que o hip-hop é um movimento consistente.

EF – O que vocês estão fazendo agora?

TH – Acabamos de lançar a coletânea “Rima Forte”, só com pessoal novo, de renovação.

DJH – Estamos preparando um single com 3 músicas e já colocamos no forno nosso 8º cd.

EF – O que vocês ouvem? De onde vem a influência?

SA – Bezerra da Silva, Dona Ivone Lara, Benjor, Aniceto do Império, Tim Maia, Gérson Kombo... ih, uma porrada de gente!

Notas complementares: a) Esta entrevista foi publicada originalmente no jornal Cidade Tiradentes em Notícias, SP, capital, no. 122, ano 7, setembro de 1999. b) Anos depois, a dupla separou-se e cada um segue sua carreira. c) O Nasi não faz mais parte da banda de rock Ira!. d) Entrevista concedida em 1999, minutos antes de um show no Som Leste, casa de shows na colônia japonesa de Itaquera(av. Jacu-Pêssego), hoje não mais existente. e) Esta entrevista foi postada com pequenas alterações(revisão gramatical).