Conto nublar #111: UAU! EU TENHO PERNAS!


Por: AMIN EUMNÉSIUS



Hoje, com a devida permissão do Od, venho contar resumidamente uma triste trajetória com um desfecho bem feliz.
Há uns cinco anos atrás comecei a sentir minhas forças irem aos pouco se esvaindo. A princípio não dei muita atenção. Depois as coisas só tendiam ir piorando até que nos últimos dois anos as coisas decresceram sofrivelmente, era como eu não tivesse as pernas. Sentia dormência em minhas extremidades. Minha memória ia de mal a pior e, a cada dia, ela se tornava ainda péssima. De te tanto esquecer das coisas mais triviais, o amigo Spilt, jardineiro do Od ironizando, me apelidou de Amin Nésius.

Vivia sem ânimo e a alegria de viver a cada dia minguava. O mínimo esforço de levantar ou sentar, deitar ou dar passada era o suficiente para dar-me a sensação de que o chão começava a tragar-me. Sentia-me como se fosse uma vela sobre uma chapa quente a derreter-se de baixo para cima. Morria de vergonha quando alguém pedia para abrir uma simples garrafa de refrigerante, opois nem para isso tinha força.

Meu cardiologista suspendeu todo e qualquer esforço físico e encaminhou-me ao neurologista que, para afastar a suspeita de Alzheimer ou Esclerose Múltipla e me submeteu a uma extensa bateria de exames investigando aquela astenia generalizada pela qual eu passava.

Para completar minha preocupação, enquanto orava, ouvi Deus me falando:
_ “Põe tua vida em ordem” (
דאג טוב לבריאותך! De'ag Tov Lebriu'tcha! = Põe tua vida em ordem!).

Muitos de meus amigos sabem que estudo hebraico e um pouco de um pouquinho consigo entender dessa língua. Imediatamente fiz conexão com o texto em que o rei Ezequias é avisado de sua morte pelo profeta Isaías: “... morrerás e não viverás” (Isaías 20:1-7). Pensei: Será que também morrerei, visto que já me sinto morto em vida?

Nesse pensar fui até à funerária sondar os preços das exéquias e afins, pois me sentia um morto ambulante. No entanto, em nenhum momento Deus me falara em “morte”, mas em vida. Então passei a explorar a palavra dialeticamente falando. Porque Deus me falou para com minha vida em ordem? Desde já comecei por minhas finanças em dia e isso foi muito bom. Procurei comprar algum bem imóvel e isso também foi ótimo. Mas ainda não fechava cognitivamente com o que Deus me dissera. Lebrei-me  outra plavra para vida em Hebraico Le Chayim (לחיים) que significa tanto vida, quanto "Saúde!" ou "Para a vida!", uma expressão usada para brindar.
Foi então que percebi e fiz a conexão para LeHayim = Saúde. Eentendi que o Senhor estava me despertando para que eu cuidasse do precioso bem que Ele me dera – o “Para a Vida”, ou seja, a “Saúde”. E foi o que eu fiz.

Então, de posse dos resultados dos exames, retornei ao neurologista. Verificou-se que de uns vinte e cinco exames feitos, vinte e três deram negativo. Apenas as taxas de Vitaminas do complexo B estavam em profunda baixa e minha qualidade de sono, apesar de usar o CPAP para vencer a Apneia Obstrutiva do Sono, continuava deficiente.

Após dois dias de reposição de Vitaminas do Complexo B, retornava a pé do meu dentista. De repente, senti, de um momento para o outro algo diferente de minha cintura para baixo. Não sabia o que era mas algo que me dava uma sensação de bem estar. Era como se alguém fosse me devolvendo cada músculo, cada nevo, cada osso das pernas no conjunto geral. Um sensação gostosa! Incrível! Uma onda de gozo, prazer e bem-estar invadiu-me todo o meu ser de tal maneira que eu abri os braços, dei vários pulos de alegria e saí pulando e correndo até chegar no prédio onde o meu cunhado reside fazendo o maior alarido.

_ “Uh uh! Aleluia! Obrigado, Deus! Eu tenho perna! Gente! Olha pra mim! Eu não morri! Eu estou vivo! Bem vivo!

Todos olhavam para mim e diziam uns para os outros. Esse cara aí está pinel! Endoidou de vez. Chama o SAMU!” Olhei prum lado, olhei pro outro! “Ufa! Ainda bem!” Aquilo não passou de um pensamento meu. Era exatamente isso que eu gostaria de ter feito, mas até ali meu excesso de zelo me impediu de extravasar minha alegria e ficou restrito só a mim mesmo e à Roos, quando em casa cheguei e reparti com ela toda a minha alegria e contentamento.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 04/07/2012
Reeditado em 22/04/2013
Código do texto: T3759614
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