Mil Palavras Num Tiro - Låt den rätte komma in

Me lembro dela ser uma garotinha branca , palida de cabelos negros um pouco ondulados a altura do pescoço. Sempre que a via era durante a noite , vestindo apenas pijama , descalça , sobre a neve branca que quase servia de camuflagem para sua cor praticamente inexistente . Aquela menina com seus doze ou treze anos me causava arrepios toda vez que nos cruzavamos quando eu estava voltando do trabalho na fabrica , por volta das onze da noite . Seu pai era um homem discreto , misterioso que pouco conversava , apenas uma vez veio até mim perguntar sobre O. , um garoto que morava no mesmo predio que nos , e que durante esse inverno encontrei sentado no banco de madeira em frente ao predio junto da garotinha palida varias vezes , inclusive numa ocasião ambos estavam intretidos com um cubo magico , sem se preocupar com o frio que fazia , mesmo a menina estando desagasalhada em sua roupa de dormir fina . Durante boa parte daquele inverno , logo depois que essa famila pequena de pai e filha se mudaram , alguns crimes estranhos assombraram a cidade . Alguns garotos foram encontrados mortos na piscina do colegio , um deles estava retalhado , o pescoço quebrado e sem um braço , braço esse que foi encontrado entre o sangue que coloria a agua da piscina. A morte dos jovens causou espanto na cidade , que sendo ela um lugar pequeno onde todos conheciam todos , deixou seus habitante intrigados , se perguntando se finalmente o mau havia chegado a comunidade , que não tinha maiores problemas . Tanto essa chacina quanto o misterioso acontecido de uma mulher que entrou em chamas no quarto do hospital numa manha de domingo - menos de doze horas depois de ter sida levada por seu noivo que alegava que gatos de um amigo , o gordo e pacato sr . Oliver , a tinham atacado depois que ela apareceu com uma ferida no pescoço , histeria e suja de sangue , dizendo que uma criança a havia atacado sob a ponte do parque logo que o sol se pos – ficaram sem respostas . Não estou aqui alegando que a garotinha palida e seu pai enfadonho tenham alguma coisa a ver com os acontecidos . So digo que quando li a historia no jornal, quando li sobre o ataque a mulher na ponte e que uma criança havia feito isso – segundo a vitima – apenas uma garotinha me veio a cabeça , mesmo sendo uma imagem improvavel de se esperar ver , sendo que a jovem apesar de me causar arrepios tinha uma aparencia fragil e mirrada . Nem mesmo seu pai , que certa vez quando observava a neve despencar do ceu pela janela da sala vi vencendo a parede pesada de flocos brancos com um galão de leite cheio do que parecia a distancia suco de tomate , aparentava perigo , mas ainda sim não deixava de ter uma aparencia constantemente assustada que incomodava a quem via . Sem duvida uma dupla no minimo excentrica . Durante o dia não se ouvia sons no apartamento ...digo , se ouvesse algum eu certamente ouviria , pois era um predio de construção barata , paredes finas , e meu quarto dividia a parede com eles . Fizeram a mudança sem alardes quando chegaram , estranhamente durante a noite , carregando muito pouco , apenas algumas malas , e durante o dia notei que as janelas da frente eram tapadas com caixas de papelão abertas , o que me levou a pensar se a menina não teria alguma especie de problema de pele , talvez isso justificasse sua brancura quase morbida . Em contrapartida a janela permanecia aberta durante a noite , mesmo com a neve caindo , mesmo com o vento gelado soprando . Certa vez , depois de chegar do trabalho , a porta dos vizinhos estava aberta , e pensei ter visto o homem , o pai , chorando , ajoelhado aos pes da menina , dizendo , se ouvi bem , que não aguentava mais aquilo , que preferiria morrer a viver sem ela . Tambem foi mencionado o nome do pequeno O . que morava um andar acima , no terceiro e ultimo piso . Meu coração endureceu , minhas pernas exitaram quando , ao passar a mão no rosto do pai , ajoelhado aos seus pes , a garota deixou uma rastro vermelho em seu rosto . O pai então enxugou as lagrimas no grosso sueter azul que vestia e se preparou para levantar , avancei alguns passos a frente , abri a porta do meu apartamento e um cheiro doce se aproximou . Não ouvi passos , mas jurei que alguem estava parado bem atras de mim , cerrei os olhos e quando me virei para fechar a porta de relance vi esses olhos negros colados numa face inocente e branca como leite . Foi so um segundo ou menos , bati a porta e passei a chave , corri a mão sobre o interruptor ao lado do batente e me virei , como que para sertificar me que estava sozinho , para acalmar meu coração que voltara a bater num ritimo forte de um animal , de uma presa em apuros . Com os ouvidos na porta ouvi passos leves , pes descalços e logo em seguida o som de um ferrolho sendo passado . Atravessei a sala , ainda tremendo um pouco , mas porque ? A imagem daquele pai ajoelhado aos pes da filha , estaria ela doente ? E a mancha vermelha em seu rosto , deixada pelas mãos pequenas da garota ? Me debrucei na janela ,a respiração embaçando o vidro , e no banco coberto por neve , no patio do predio , sozinha , descalça ...não sabia o que pensar . Um no na cabeça , uma fotografia linda e inocente , um delirio depois ...

Dica de Filme : Låt den rätte komma in

20/05/2013

(15h34m -16h10m )

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 20/05/2013
Código do texto: T4300169
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.