O Grito

Há um grito silencioso, morto, que ecoa pelas paredes e corredores da casa. Não audível, mas sentido. Alguém deixou um grito escondendo-se pelos cantos da casa, é um grito de agonia, não é para audição comum. Um grito que é mais visível que audível, porém não para os olhos comuns. Talvez um fantasma que queira segurar-se nesse lugar, nessa casa, fazendo com que a sua agonia gritante permaneça impregnada nas paredes, no teto, nos corredores. A todo o momento um grito está presente, e quando vem um vento forte que move janelas e portas, ele se expande misturando-se ao som da ventania. Há um grito aqui, preso no tempo e no espaço em que pode existir perene e sombrio, como um grito que ninguém ouviu.

Charles Silva