O Silêncio das coisas quebradas

Não sou algo quebrado que você possa consertar, ela disse.

e em seguida veio o silêncio.

Caminhei pela casa com o celular na mão considerando seriamente jogá-lo pela janela.

Eu teria gritado um palavrão ou dois, se pudesse.

Não o fiz, pois era madrugada.

Nem ao menos tinha a solidão de uma casa só para mim, algo que tive por quase dois anos e com o qual me acostumara.

Pensei em responder-lhe, mas me contentei em reler todo o texto novamente,

tentando não me intoxicar com toda aquela merda, que só aquela mulher era capaz de vomitar em cima de mim. Não que o que ela falasse não tivesse pelo menos um pouco de verdade. O problema não estava no que ela dizia.

Eu odiava era a forma que ela dizia e também as suas motivações para tanta discussão.

Eu não entendia como podia me sentir tão atraído por alguém que no fim das contas era tão diferente de mim e que eu simplesmente não conseguia conviver uma semana sem trocar farpas e palavras duras.

Meus relacionamentos tinham o costume de fluir bem no começo. As confusões vinham depois. Com essa mulher as coisas não eram bem assim. Brigamos desde o começo e acho que tudo tem ficado cada vez pior.

Eventualmente voltamos aos braços um do outro, e por alguns dias parece que todos os problemas sequer existiram.

Mas desta vez acho que ela não vai mais me procurar, e acho que farei o mesmo...

Vou me agarrar neste silêncio e esperar que o tempo amenize as coisas,

talvez tudo se resolva

mesmo que o celular não toque novamente.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 02/07/2014
Reeditado em 02/07/2014
Código do texto: T4866488
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