incorpora I.

deslizei a mão pelo meu corpo, como que por quem procura algo.

fui conhecendo as curvas do meu hospedeiro - condenado - encolhido pela vergonha do eu. meu. meu...eu...

era como se passar [de] as mãos pelo entorno do corpo, ele, por ele mesmo e ali, se encorporasse, enchesse, tomasse forma. descobrisse pesar, ser eu de ele mesmo. empoderando-se osso por osso, pele por pele.

eu, corpo, meu corpo. vazio, cheio, curvado, em posição fetal.

curva escura gruta, esconderijo das flores vermelhas e dos segredos profundos.

não deve ser segredo, este teu corpo. apronte-se, mostre-se, seja! seja-seu-eu.

meu?

corpo, meu quarto, hospício de mim.

hospitaleiro, hospedeiro, irregular em curvas justapostas.

tantos segredos na alma que no corpo as marcas foram feitas.

a culpa pediu desculpas, afastou-se para fazer do tabu simples sorrir torto de criança leve.

santo, corpo santo; baixa, entrelaça. tira essa cruz do pescoço e dele faz fala.

e n c o r p o r a !

baixa em si, de ti, entidade do corpo seu.

você, corpo, você é todo meu.

Magda Rocha
Enviado por Magda Rocha em 06/08/2014
Reeditado em 11/08/2014
Código do texto: T4912133
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