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TERNURA NA TEVÊ
 


Na favela do Sossego,
o bafafá nunca falha;
lá, o povaréu se atrita
do jeito que não trabalha.
E vá meter-se a polícia,
que sai berro de metralha.

 

Uma tia cinquentona,
na tevê, canta lambança;
diz que já perdeu dois filhos,
por isso vai ter vingança;
matar não só matadores,
mas de todos quer matança.

 

E, do Sossego rival,
há outra comunidade,
uma tal de Papelão,
como tantas da cidade:
as duas se digladiam
com a maior normalidade.

 

De língua afiada, a tia
xinga o casal já detido,
enquanto a polícia bota
na dupla presa sentido;
expostos dois paus de fogo,
drogas e o mais proibido.

 

Eu mato esses vagabundos,
berra possessa a mulher.
E o repórter, paciente,
nem faz pergunta qualquer.

Eu mato o resto também,
mesmo se Deus não quiser.
 

A favela do Sossego,
faz guerra à do Papelão,
e vice-versa, a valer,
já que as duas não se dão.
Pois, pelo sinal da cruz,
mais um se estende no chão.

 

Fort., 22/08/2014.

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(*) Esse tipo de composição poética é uma proposta da  professora e poetisa MARIA DE JESUS CARVALHO. Na página dela, acham-se as normas do modismo.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 22/08/2014
Reeditado em 13/09/2015
Código do texto: T4932484
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