De grão em grão [85]

O SENTIDO DA VIDA

Perguntaram-me qual a minha definição para o “sentido da vida”. Indagação mais filosófica para surgir numa conversa de amigos, entre outros assuntos mais descontraídos. E de tão abrangente, fica difícil demais dar uma resposta objetiva.

Então comecei dizendo que o sentido da vida é muito pessoal, não há como definir um significado genérico, que sirva para todos. Para uns, a profissão é o seu maior orgulho e a sua razão de viver, para outros o trabalho é uma mera obrigação para a sobrevivência.

E varia muito a quê as pessoas dedicam seu tempo, sua energia, seus esforços, em vista de um significado, uma recompensa. Além do trabalho, há pessoas que são fascinadas por algum hobby, aproveitam cada momento disponível para se dedicarem a ele, e se deliciam, se realizam, se sentem as mais felizes do mundo. Para essas, eis o sentido da vida.

Outras dedicam todo o seu tempo à sua família, chegando até a invadir a privacidade de quem ama alegando preocupação e cuidados. Há aquelas que se devotam a uma religião, uma filosofia, um ideal de vida, um projeto. E existem também os desocupados que se distraem cuidando da vida alheia.

Cada um encontra então o sentido de viver naquilo que mais lhe faz sentido, o que invariavelmente ocorre com o que gosta, que sente prazer, que apesar dos esforços não vê sacrifício, que tudo vale a pena.

Assim, o sentido da vida está relacionado à identidade de cada um, às atividades ou objetivos que mais têm a ver consigo, que lhes são naturais, que lhes atraem inevitavelmente. Está naquilo em que se reconhece a si próprio depois de pronto, que faz soltar um sorriso incontido de satisfação.

E existem também as ilusões. Pessoas que trabalham a vida inteira para juntar dinheiro e quando conseguem, descobrem que aquilo não é o mais importante. Gente que não passeia porque precisa trabalhar para ter dinheiro para passear.

Por isso, repito, o sentido da vida depende dos sentidos de cada um. E cada um sente de um jeito. Para uns, a fama é o sustento, para outros é futilidade. Para alguns, dinheiro e poder significam realização, para outros, bobeira.

Pode ser a atividade mais simples ou a mais complexa, uma tarefa imediata ou da vida inteira, algo local ou que abranja todo o mundo, individual ou humanitário. O que importa é o sentimento de realização, de que se está contribuindo, sendo útil a alguém, ao mundo, a si próprio.

Portanto, o sentido da vida é aquilo que faz sentido. E geralmente associamos a expressão “fazer sentido” a algo racional, sensato, pensado. Mas antes disso, fazer sentido é aquilo se faz sentir, a emoção vivida lá no fundo. O sentido de tudo é (simplesmente) sentir.

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 03/03/2015
Reeditado em 03/03/2015
Código do texto: T5156784
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