diário de viagem pt.I

03/08/15 – 02:55

Chá de silêncio.

Tudo tão cheio, tão vazio.

Uma xícara de chá com teu nome.

Tão cheia de vida, tão cheia de nada.

O rio que não para, a vida que corre, que pulsa, que invade, que transborda.

O som que não cessa, o grito que ecoa, o tempo que passa.

Tão cheia de amor, tão cheia de dor.

A água que evapora, que esvai, que chora.

Tão cheia de tudo, tão repleta de nada.

05/08/15 – 02:58

O nome do taxista era Marcelo.

Eu lavava a louça enquanto pensava em como começar a minha fuga.

Em como organizar a minha bagagem e partir.

Já tinha decidido o início da rota.

Precisa praticar a língua estrangeira.

O nome do taxista era Marcelo e a casa do passageiro estava no alto de um morro.

Eu derrubei café sobre a coberta e me dei conta do quão enlouquecida eu estava ficando.

Era hora de aceitar toda a metamorfose ambulante que começava acontecer.

Eu precisava não precisar de dinheiro.

Eu precisava de dinheiro.

Eu deixaria de precisar também.

Havia um sanduíche com seu nome. Com a consoante do meu nome, duplicada.

Eram três da manhã e eu não conseguia dormir.

Eu nunca durmo. Eu nunca consigo.

Havia uma falha hormonal em sua barba.

Eu precisava acreditar no tempo, mais do que nunca.

Eu tinha-tenho pressa.

Eu precisava comprar açúcar mascavo.

O silêncio te incomoda? Perguntei.

O que você está pensando? Questionava-me.

Como responder. Como responder?

Fez-faz sentido. Eu sei. Mas eu duvido.

...

Vai acontecer!

Taie
Enviado por Taie em 10/08/2016
Reeditado em 11/08/2016
Código do texto: T5724425
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