Transformação

Ao menos uma vez nesta longa estrada da vida

Quero Despir-me sob o olhar da lua, deixa-la me batizar, me tornar sua filha amada.

Andar em silêncio pela natureza semi-morta que luta pela vida, tal como eu luto para ser quem sou a cada novo sol.

Ao menos uma vez nesta longa estrada, quero não temer animal selvagem. Mais selvagem e impiedoso que homem, nenhum outro há ser…

Quero fitar os olhos da onça e chegar de mansinho até ela. Então, acaricia-la e brincar com a sussuarana como se fosse uma gato pequeno.

Ao menos uma vez nesta vida, despida como vim ao mundo, quero entrar nas águas doces de rio, de riacho, de caldeirão. Renovar meu batismo de fé, irmanando com a natureza, da qual faço parte, a qual é minha essência…

Quero deixar que água, brisa e céu me confirmem em mim a vida, o momento, o agora, para que, assim, se abra meu peito como que a parir o novo ser que se vem a forjar em mim.

Neste momento único, ao qual me abro uma única vez, em dores de parto, renasço, junto a essência e ao essencial que recria em mim um novo ser para um novo mundo...

Ao menos uma vez na vida quero me permitir transformar.

Maria Magaly Colares
Enviado por Maria Magaly Colares em 19/09/2019
Código do texto: T6748429
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