Sobre dias bons

Então depois de tantos meses, consigo encher os pulmões sem que sinta como se o cérebro levasse um choque, sem que o estômago pareça estar invertendo dentro de si. Sem aquele medo irracional que não sabia de onde vinha e causava náuseas. A mente é uma máquina orgânica criptografada e difícil de desvendar. Para os sujeitos sensíveis que ainda não a amadureceram, é como sempre caminhar no meio fio, sempre um medo constante de pisar em falso. Mas, a única coisa que faz gelar a boca do estômago agora, é a euforia causada pela ânsia de viver. A única coisa que faz o coração palpitar desgovernado, a respiração ficar afobada, é a pressa de usufruir de todos os aspectos da existência sem deixar que nada me escape. Ah, me entregar... Deixar a mente flutuar confortavelmente no mar da loucura da vida. Sendo a única aflição, não ter tempo de criar poesia inútil antes da labuta. E o único medo, o de não enlouquecer de vez. Viver é bom.