O mar e as pedras

Eu mergulhei mesmo sabendo que a profundidade não era tanta, sabia que existiam pedras antes mesmo de conseguir retornar à tona, e mesmo assim eu fui, em queda livre, sem me importar até mesmo com as rochas pontiagudas avulsas que precediam o meu encontro com a água, acreditando que aquilo que se criou em romance, não poderia morrer em tragédia.

É só no meio do pulo, numa fração de segundos, que a aventura desmedida aquiesce ao mais breve e completo lampejo de razão que leva somente a uma pergunta: E se doer? Bom, essa pergunta já foi respondida, a dúvida sempre precede a dor, é mais forte o desejo de saber o que há debaixo da superfície que o medo de se deparar com pedras a meio metro do impacto inicial.

O mar é belo, encanta, provoca, cativa, convida, mas mata, às vezes, esconde, perverte. A vida sentimental se equilibra entre essas duas forças: o belo e a dor. É o medo da dor que te trava ou a sede de beleza que te move, o desejo irremediável pelo deslumbre, pelo encanto e pelo mergulho. Se doer, valeu a pena ao menos ter sentido.

Lucas Pacheco
Enviado por Lucas Pacheco em 21/12/2022
Código do texto: T7677225
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