A Fonte da Esperança

Um dia ela chorou e desistiu de tentar

Um dia ela partiu, sem querer continuar

A vida queimava intensa e dolorosamente

Desejava o sono eterno, tinha suicídio em mente

Mas um sábio a encontrou e lhe disse com prazer

O sofrimento não é eterno, venha comigo e vai ver

E subiram a montanha até o cume distante

Para a floresta encantada, onde chegaram num instante

Na clareira meio aberta, algo jazia encantador

Uma pequena fonte de pedra, cinzas como sua dor

- Entra nas águas claras, que tua dor desvanecerá!

Ela, descrente, pulou lá dentro, sem ao menos questionar

Num segundo milagroso, tudo desapareceu

E ela viu os pastos verdes, floridos em seu apogeu

Animais de todas as cores, criaturas do céu e do mar

Da beleza dos corais ao balé das aves no ar

Rios e montanhas, vales e desertos colossais

A beleza toda da Terra, espetáculos sem iguais

Viu a neve, os planetas, as estrelas em fulgor

Viu o sol, a poesia, viu a música e o amor

Sua alma se aqueceu, ela tinha compreendido

Estava de volta à montanha, o velho sábio havia sumido

Por muitos anos ela voltou, e outros também foram lá

Por gerações ela salvou vidas, graças a ela podiam sonhar

Há alguns anos estive lá e pude ver, para meu assombro

A floresta estava morta, e a fonte sob o escombro

Quando entrei nas águas negras, ela me mostrou sem sorte

Não belezas ou amores, só destruição e morte

Mares negros, céus cinzentos. Só tristezas e lamentos.

Guerras, fome, peste, destruição...

O destino desse mundo: só terror e condenação

Depois disso eu não voltei

A tristeza me dominou

Hoje pulo para a morte

Nossa fonte se secou.

Glaucio Viana
Enviado por Glaucio Viana em 03/05/2009
Código do texto: T1573704
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