O Canto do Lobo

No horizonte ao leste uma aurora dourada irrompia entre as colinas, a escuridão da noite era quebrada por uma antiga e conhecida invasora. A floresta se enchia de silêncio, esperando por algo sublime, um acontecimento que se repetia desde o início do mundo e regia toda a vida sobre a Terra.

Observando tudo do alto de um monte, uma criatura imponente esperava incansável por aquele momento, estava sentado como um lord em seu trono, o vento frio fazia seu pêlo dançar, seus olhos fitavam o ocidente que brilhava mais e mais como mil incêndios.

Então um disco dourado começou a subir vagarosamente no céu, seu brilho era tal que espantava as estrelas. Uma energia ia tomando conta do mundo, a vida adormecida despertava novamente, aqui e ali as criaturas da noite faziam ouvir seus chamados.

Mas o lord, o senhor dos senhores da noite ainda mantinha sua postura canina como sentinela a vigiar a subida do disco de luz, ele ainda esperava a hora certa. E foi só quando a esfera dourada, uma Lua cheia de esplendor, despertou totalmente de seu refúgio atrás das colinas foi que ele, o grande lobo, eriçou seu pêlo e ergueu seu pescoço.

Então a noite, que havia despertado de seu silêncio, novamente se calou e todos ouviram o canto da Lua ecoar entre as montanhas e ravinas. E a esse primeiro acorde se seguiram muitos outros em todos os montes até o fim do mundo.

E mesmo a Lua já estando alta no céu, tranformando-se de um disco dourado em um sol prateado, o canto em sua honra continuou, enchendo a noite de pavor e de beleza, no mais antigo ritual de amor da Terra.

Luciano Silva Vieira
Enviado por Luciano Silva Vieira em 01/05/2011
Reeditado em 21/07/2011
Código do texto: T2943454
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