O OVO DE MARRECO

Um monge debilitado pelas intensas meditações, e na concepção errônea sobre o jejum, entrara em estado bastante precário. Procurou o Prior, e disse:

“Venerável, não agüento mais. Estou fraco e quero desistir”.

O mestre nada respondeu.

O venerando saiu por um caminho estreito que levava a um lago. O monge o seguia.

“Venerável, não posso mais andar; minhas pernas estão fracas e minha cabeça dói".

O venerando nada disse.

Andando a beira do lago o venerando encontrou um ninho de marreco com cinco ovos. Colheu apenas um — o monge observou. Andou um pouco mais e encontrou mais um ninho de marreco com sete ovos, colheu apenas um — o monge observou novamente. O venerando continuou andando e encontrou mais um ninho, esse com nove ovos. Colheu apenas um. — O monge intrigado, perguntou:

“Para que tanto andar a procura de ovos de marrecos se quando os encontram não os colhe? Fica com um único ovo de cada ninho. — Por que não colhe todos os ovos de que precisa em um único ninho"?

O velho respondeu.

“Porque o venerável é sábio. Se eu colher todos os ovos dos ninhos não nascerão mais marrecos e acabar-se-ão os ovos”.

“Mas só o venerável faz assim — disse o moço — as outras pessoas colhem todos”.

“O venerável faz a sua parte — disse — está ensinando como deve ser feito. O monge faz se quiser. Eu nunca disse a ninguém para fazer as coisas ao meu modo”.

“Ouvi dizer que não se alimentando a iluminação se antecipa!”.

“Ouviu, mas não de mim. Nunca deixe de comer, mas não coma tudo de uma só vez. Se comer todos os ovos não haverá mais marrecos”.

Este texto foi retirado do romance “O Mentor”

Hamynhas Mathnatha
Enviado por Hamynhas Mathnatha em 27/08/2011
Código do texto: T3184749
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