Frangos e Lagartos

De manhãzinha, perto de um lago.

- Quer ler o que eu acabei de escrever?

- Depois eu leio.

- Por que não agora?

- Porque eu estou ocupadíssimo.

- Mas é rapidinho!

- Deixa em cima da minha mesa, que já já eu leio, está bom assim?

- Sempre diz isso, e nunca lê o que eu escrevo!

- É claro que eu leio, mas acontece que você só me chama quando estou ocupado...

- Também nunca mais te mostro nada...

- Para com isso.

- Imagina quando eu publicar um livro, você não vai nem ler o título, nem olhar a capa!

- Por Deus! Dê-me logo esse papel.

- Aqui está!

- Hm, mas que título é esse?

- É apenas um rascunho... Lê de uma vez.

- Está bem.

Depois de alguns minutos.

- Está muito bom, muito bom mesmo.

- Gostou?

- Sim.

- E o que achou?

- Achei que está muito bom.

- Só isso?

- O que quer que eu diga?

- Quero que diga o que realmente achou do texto.

- Certo.

- Então, vamos, pode dizer.

- Eu achei ótimo. Só não entendi o que lagartos têm a ver com frangos.

- Ora, eles são primos.

- Como primos?! Enfim. Eu também não entendi a questão desses dois personagens se comunicarem pelo pensamento. Sem querer te ofender, mas essa idéia me parece meio tola.

- Não vejo tolice alguma. Espere. Acho que te dei o texto errado.

- Sério?

- Aqui está o certo, tome.

- Ai, ai... O que?! 153 páginas? Não vou ler tudo isso agora.

- Por que não?

- Porque não estou a fim, e quem sabe, talvez eu leia mais tarde.

- Ora! Perdi o meu tempo vindo até aqui?!

- Não cacareje em cima de mim.

- É melhor eu pedir mais milho ao fazendeiro do que gastar a paciência com um rastejador!

E assim o frango saiu andando com os seus papéis debaixo das asas, resmungando aos quatro ventos.

Bruna Morgan
Enviado por Bruna Morgan em 30/11/2011
Código do texto: T3364463
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