2 fabulas de sabedoria

A FLOR E O VENTO

O Vento rolava no penhasco, e depois de tocar o oceano, atirando-o contra o rochedo, elevava aos céus o espumaredo. Então, subia em desespero a escarpa, onde no mais alto de seus promontórios, no tronco do velho carvalho, pendente sobre o abismo, a orquídea o aguardava entre sorrisos de amor.

Podia-se sentir a fragrância que dela emanava, quando as primeiras luzes da manhã, acarinhavam suas pétalas. Seus matizes atraíram os olhares do vento, desde a primeira vez, quando viu o sol deitar-se sobre ela , atiçando ainda mais seu cintilar. Como se isso fosse possível...

Não se contivera em apenas fitá-la. Rendido, aproximou-se, vestido de aragem, num primeiro momento. Com sua mansuetude, despertou a atenção da linda orquídea. O coração da aragem pulsou descompassadamente e sem que percebesse, voltou a transformar-se em vento, dada a emoção que em si avolumava-se, quando em pensamentos, percebia-se em frêmito, ansiando aquela flor sempre tocar.

Rodopiava faceiro, espalhando folhas, e num breve instante a abraçava em doido anseio, balançando suas pétalas brilhantes em acintosa felicidade, para o mar que bramia lá embaixo.

Ensandecido, o oceano, enciumado, alteava-se em ondas poderosas que despedaçavam a rocha, tentando alcançar a flor maravilhosa que há muito tomara seu coração, e, quando a via nos redemoinhos do vento, seu troar fazia tremer o penhasco e até o velho carvalho oscilava na beira do precipício.

O rugido do oceano era audível nos mais longínquos recantos do universo. Havia um agitar frenético que feria os ouvidos da natureza. Nessas ocasiões, o coração da orquídea batia assustado e gotas de orvalho, deslizavam gritando em suas pétalas aflitas.

Átimos durava a felicidade do vento. Então ele partia, repetindo a agonia que era sua sina desde o início dos tempos. Buscava eternizar aquele breve contato, mas ainda que tentasse, jamais poderia permanecer. Enquanto se despedia, levava em seu âmago a fragrância da orquídea e assim, encontrava forças para cumprir sua missão. Seu destino era correr o mundo, viajar por terras distantes, assobiar no cume das dunas de desertos longínquos, percorrer bosques de eucaliptos perfumados e rodopiar pelos céus, dançando com as borboletas... Percorria o mundo inteiro, e, em suas alegrias, dispersava tempestades, levantava nuvens de poeira e farfalhava as folhas das florestas... Era a estação das festas.

Mas, quando lembrava da gentil orquídea que aguardava seu retorno, seus sorrisos cessavam. Então, apressava o seu voar. Avançava em linha reta, e como furacão, varria tudo que encontrava em seu caminho, sem que nada o importasse. Seu amor estava a aguardar! Era só nisso que pensava, e célere corria, quanto mais pressentia aproximar-se o seu chegar. Finalmente, apenas o oceano o separava de sua amada. Acelerava seu planar por sobre as ondas, e encapelando-as, em procelas as desfazia. Às vezes, brincava com elas, espalhando pelo céu suas espumas...

Se nuvens negras barravam-lhe o caminho, expulsava-as de sua rota, devolvendo-as ao mar. Nada podia detê-lo... os olhos do tempo, faziam-no lembrar de que a orquídea já lhe abria pétalas de beijos, aguardando-o em sua alcova perfumada, com seus lábios umedecidos pelo orvalho. Turbilhões de inquietações o perturbavam, ao lembrar da fragilidade de sua doce amada.

Nesse dia, tinha pressa, a saudade era atroz, e depois de uma volta ao mundo, vinha risonho, feliz e veloz... Havia algo de estranho, entretanto, desta vez! Lá no alto do promontório, o carvalho ele não avistou. Apenas viu um rochedo imenso, na fímbria do oceano, e lá no alto, o vazio, de onde havia se soltado... Ao seu redor, jazia o carvalho, despedaçado... Galhos boiavam ao longe, folhas soltas esvoaçavam nessa triste e trágica paisagem...e sua amada, onde estaria?

Foi então que ele a viu nos braços do oceano... Inerte, boiava sem vida, com as pétalas destroçadas, aos poucos sendo empurrada para o alto mar... Bramiu o vento o terrível lamento que se ouve dos amantes em desgraça!

Candidamente, rodopiou ao redor da amada, e transportou-a delicadamente ao alto do penhasco, onde a depositou com o desespero dos sonhos perdidos, sobre o tronco de um grande jacarandá. Depois chamou a si todos os pólens que transportava pelo mundo e semeou-os no mesmo galho, formando um lindo jardim...

Como uma triste brisa, ele sobrevoou ainda por algum tempo o local onde deixara a amada, e depois, alçou vôo tempestuoso. Passou raivoso por sobre as colinas distantes, e, invocando os poderes de Odin, seu criador, desceu em impiedosa tormenta sobre o oceano, atirando-o contra os rochedos, erguendo-o em torres d'água monstruosas, que subiam, sugadas por furacões impensáveis, que eram atiradas e espargidas aos espaços onde pulverizavam-se, desaparecendo no horizonte.

Por muito tempo ficou o vento a fustigar o oceano, até que, extenuado, foi embora, deixando no mar um rastro de espuma, último vestígio da luta dos titãs. Njord, o deus dos oceanos e Jord, a deusa da terra, foram chamados à presença de Odin que lhes ordenou jamais se envolvessem novamente em conflitos terrenos, porque, temia ele que nunca mais o vento e o oceano voltassem a ser amigos.

Mesmo assim, longe das vistas de Odin, ainda se pode ouvir o bramido da batalha surda, quando se encontram o oceano e o vento em algum precipício de rochedo, distante...

E, desde então, o vento vaga em solidão, sussurrando entre os penedos, numa triste melodia à amada , e, para que ela viva sempre em sua lembrança, por onde quer que passe, escreve versos na aquarela dos sonhos daqueles que sabem reconhecer em seus sussurros, doces canções de amor...

_____________________desconheço o autor_________________

nota>

ADORO como toda iniciada em sufismo Todos contos de Sherazade e Nasrudim ,em breve meu site 'lendas árabes e contos sufis' será recolocado na web pois ja era famoso ha anos atrás...

http://www.nasrudin.com.br/classicas-de-nasrudin.htm

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"(...) Se você pensa compreender a Arte, você não a compreende. Mas se você pensa não compreender, você pode praticá-la sem entraves (...).

contos sufis

Nasrudin e o Varal

Um vizinho bateu à porta do Nasrudin e pediu:

- Nasrudin, você me empresta o varal de secar roupa que o de lá de casa se quebrou?

- Um momento. Vou perguntar à minha mulher.

Momentos depois Nasrudin voltou e disse para o vizinho:

- Desculpe vizinho, mas não vou poder emprestar o varal pois minha mulher está secando farinha nele.

O vizinho, surpreso, exclamou:

- Mas Nasrudin, secando farinha no varal??!!

E Nasrudin respondeu:

- É... quando não se quer emprestar o varal, até farinha se seca nele...

)))))))))

Doente, Graças a Deus

Nasrudin, sentado na sala de espera do consultório médico, repetia em voz alta: "Espero que eu esteja muito doente", o que intrigava os outros pacientes. Quando o médico apareceu, Nasrudin repetia quase gritando:

"Espero que eu esteja muito doente".

"Por que você diz isso?", perguntou o médico.

"Detestaria pensar em alguém que se sinta tão mal como eu não tenha nada!".

NASRUDIN site gilvalmeida metaforas e fabulas de dominio publuco
Enviado por RValverde em 04/03/2012
Reeditado em 02/04/2012
Código do texto: T3535127