Na fogueira.

Em minhas entranhas

Mora uma bruxa louca

Berra lá de dentro

Curvo, rouca.

Vive no meu corpo

Como foi-se um dia

Presa na fogueira

Grita, grita.

Não posso exibi-la

Não quero mais sê-la

Está possuída

Bruxa! Bruxa!

Corto as unhas dela

Arranco seus dentes

Ela ainda fere

Quente, quente.

Em lua crescente

Vem feito serpente

Me morder a boca

Louca! Louca!

Toma minha fala

Chama por um nome

Chama me consome

Fogo, fome.

Peço que desista

Rezo pra niná-la

Nela não há pena

Choro, choro.

Viro mãe, menina

Viro irmã serena

Ela me condena

Mente! Mente!

Me sacode a carne

Danço toda em transe

Transa de poeira

Corro, corro.

Quando a lua enche

Ela busca o gozo

Ele tem um dono

Não! Me escondo.

Canto agonizando

Cigarra vadia

Ela ainda clama

Vem! Me toma!

Mas de manhãzinha

Afogada em sede

Rende-se na cama.

(ama)

Carne seca cede.

Morre. Morro.

Mais um dia.

Sempre...

Bruxinha Renata
Enviado por Bruxinha Renata em 05/06/2012
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