A onça doente
 
A onça caiu da árvore,
E de cama precisou ficar,
Padeceu de grande fome,
Já que não podia caçar.
 
Bem faminta a onça esperta,
Um bom plano então bolou,
Chamou comadre irara,
E assim decretou:
 
- Corra o mundo ,diga a todos,
Que no leito de morte estou.
Que venham logo me visitar,
Pois “bater as botas” eu vou!
 
A irara partiu depressa,
Deu o recado aos animais,
Que visitassem a enferma,
Antes que não a vissem mais.
 
Veio veado, capivara,
Porco espinho e cutia
Veio também o jabuti
Que algo errado viu ali !
 
Antes de entrar na toca,
Jabuti olhou o chão,
Viu na poeira só rastos “entrantes,”
E os “saintes”, onde estão ?
 
Desconfiado, pensou e disse:
- Quem entra aqui não sai não !
Em vez de visitar a doente,
Melhor fazer uma oração!
 
Esperto o jabuti foi embora,
Deixando a onça esperar,
E no final da história,
Foi o único a se salvar.

domínio público(Monteiro Lobato)reescrito em versos por Ana Paula Cruz
Enviado por Ana Paula Cruz em 13/07/2012
Reeditado em 06/06/2022
Código do texto: T3776240
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