401-O SAPO E O MÁJIKO-Texto em Brazilez

Era uma vez um sapo ke, komo todos os sapos, vivia no brejo, pulando de um pau podre para outro, ou trepado num monte de detritos, ou, ainda, afundando-se na lama.

Ao kontrário de todos os sapos, era inkonformado kom a situação. Azukrinava os irmãos, primos, parentes e até os sapos sem afinidades, inklusive as pererekas Era sua mania e prazer se keixar das koisas do brejo.

— Kro, kro, kro. — Todas as noites, era a mesma lenga-lenga. — Presizamos de um líder, presizamos de um chefe.

Os outros sapos estranhavam.

— Ke diferença fará, pra nós, um líder ou um gia?

— Kro, kro, kro. — Só kom um xefe konsegiremos sair desta vida atolada no brejo.

— E kem é ke tá kerendo sair daki? — Retrukavam os outros.

— Pra vosês, parese ke está tudo bom. Mas pra mim, esta vida aki é o fim da pikada. — Não agüento mais viver nesa água de esgoto.

— Kro!!! — Os outros gritavam. — Pois se é justamente aki ke tem mais moskitos, bezouros, largatixas... Tudo o ke presizamos.

— Seis são bestas, nem paresem ke são meus kompañeiros.

— Tá bom — konkordaram os “kamaradas” — Vamos fazer de vosê noso grande gia, noso líder

O sapo estufou de satisfasão e orgúlio. De um salto, atinjiu a marjem e kro-kro-ou:

— Desizão asertada! Vou sair oje mesmo por aí, komunikando aos outros kompañeiros a sábia eskôlia de vosês.

Saltando, saltando, xegou a uma estrada de tera, pela kual foi pulando, pulando, sem saber mesmo pra onde se dirijia.

Depois de muito pular, enkontrou um omem sismando, sentado sobre uma pedra. Era um vélio muito magro, uzando roupas koloridas e xapéu kôko muito uzado.

— Kro-kro... — Pensou o sapo — Eis ke finalmene vejo algém pra kem revelar a sábia eskôlia de meus kompañeiros.

Xegando-se ao omem, lie dise:

— Omem! Sabe kom kem está falando?

O májiko — pois o estraño era um májiko — levou um susto ao ouvir a voziña. Oliou para um lado, oliou para outro e nada viu. E komo não estava falando nada, axou ke uma pergunta imbesil assim só podia ser fruto de sua mente.

— Omem! — kor-kro-ou de novo o sapo. — Saiba ke sou o líder dos sapos do brejo.

Então o májiko fikou intrigado, oliou bem na diresão de onde viñam as palavras e eis ke viu o sapo!

— Um sapo ke fala! Ke maravilha! — Num instgante, o májiko vislumbrou o potensial de um batrákio falante.

— Sim! Falo, e tanto falo ke, grasas aos meus diskursos, fui eskolhido o líder dos sapos. Mas notei ke o kamarada está sorumbátiko. Preokupado.

— Sim, estou muito xateado. É ke fui despedido pelo dono do sirko em ke trabaliava. Sou májiko, mas miñas májikas já não enganavam ningem. Mas, agora, konhesend vosê, poderei voltar a trabaliar no sirko.

— Sirko? Trabaliar? Ke é iso, kompañeiro? — estrañou o sapo.

— Sim. No Grande Sirko Brazil, poderemos fazer o maior suseso. Fikaremos rikos.

Fasinado pelas palavras do májiko, o sapo pulou dentro do xapéu do omem-májiko. E em animada konversa, lá foram os dois pela estrada afora, rumo ao Sirko Brazil.

Kuando entraram na sidade onde o sirko estva armado, pasaram por uma grande feira. O májiko, temendo ke o sapo mudase de idéia ou se perdese na multidão, comprou uma gaiola.

— Ke é iso? — perguntou o sapo.

— É uma gaiola, é onde você vai morar. Assim, não presiza fikar pulando pelo xão, onde poderia ser pizado...até esmagado pelo povo dezatento.

O sapo, vendo ke o májico tiña razão, saltou kontente pra dentro da gaiola. O májiko fechou a portiña e o sapo nunka mais pode sair da pekena prizão.

ANTONIO GOBBO –

Belo Horizonte, 28 de maio de 2006

CONTO # 401 DA SÉRIE Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 04/09/2014
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