A Bolha e o Sabão

Era uma vez uma cristalina bolha que tremulava na atmosfera do quintal. Ela havia saído do canudo que o menino soprara depois de mergulhá-lo no copo com sabão.

Ela estava feliz porque representava, com o seu brilho multicolor ao sol, o produto final daquela arte. Mas a Bolha não via que o Sabão era a sua matéria prima, o cuidado básico, o ritual com suas preliminares indispensáveis para o completo gozo de sua felicidade. Assim, a Bolha flutuava leve e feliz e, na distância que a separava do copo que continha a sua base, imaginava que o mundo se resumisse no prazer de ser apenas Bolha.

Em determinado momento, a Bolha explodiu. E misturou-se ao ar e aos raios de sol como se jamais houvesse existido... Mas o menino ainda pôde ver, a gargalhar, que as gotículas que desciam esparsas sobre a sua cabeça não eram mais a Bolha, mas a essência da indissolúvel mistura que compunha a Bolha e o Sabão...