A SAGA DE MARIAZINHA: PARTE I

Dedicatórias: dedico o meu fabuloso conto à fabulosa História da vida e a todos os inspiradores protagonistas das surrealidades mais ilustrativas dos absurdos fabulosos, sem os quais, eu jamais poderia escrever.

Prólogo:

Competência, uma palavra mágica.

Eu conheci Mariazinha nos primórdios da vida.

Tratava-se duma menina normal, de família normal para a época, algo classe média suada mas respeitada, menina normal não fosse sua extrema e precoce admiração pelos estudos e pela culinária geral, mas em especial pelas guloseimas que ainda hoje figuram nas prateleiras das padarias.

Mariazinha, ávida por pães, doces e sorvetes, logo cedo aprendeu que nada acontece nem por milagre e nem por acaso, se não se puser as devidas mãos competentes nas diversas massas.

Competência para Mariazinha não era palavrão, pelo contrário, era habilidade a ser cultivada e que tinha endereço certo: escolas.

Mariazinha, lá nos primórdios do seu parco entendimento infantil, já se incomodava com a insensatez das competências mal aproveitadas e desviadas dos " locus" das competências legítimas.

No tempo de Mariazinha as escolas públicas fluiam na certeza de que, sem escolas, jamais se seria competente para tarefa alguma na vida.

A mãe de Mariazinha, dona do lar, a exemplo dos velhos e ricos tempos sociais, passava colarinhos como ninguém.

A menina então, arregalava os olhos para aqueles colarinhos impecavelmente tratados com toda competência do mundo, que sempre emolduravam o pescoço do seu pai com a elegância engravatada que se perdeu pelo tempo.

Decerto que Mariazinha pensava:"minha mãe deve ter aprendido a passar colarinhos n'alguma escola", porque, para o resultado competente de colarinhos tão impecáveis só cursando o devido curso das competências domésticas.

É certo que algumas competências também nos vêm com a prática habitual da vida ...e havemos de respeitá-las no seu talento inato.

Soube recentemente que, embora Mariazinha nunca tivesse aprendido a alizar colarinhos com a nobre competência da sua mãe, ela conseguiu ser o que sonhava ser: Mariazinha queria ser "mestre cuca" e enveredar para a competência científica do saber fazer pães.

Enrolada no gênero do substantivo, Mariazinha decidiu que queria ser padeiro.

Então relutou: "Como se denominar na ortografia uma menina padeiro? Menina padeira?

Mariazinha não era menina de se paralizar por obstáculos bobos, paradigmas sem nexos para com o desenvolvimento humano .

Isso era o que menos importava para Mariazinha que rapidamente aprendeu que na vida, as competências não têm gênero, só têm vontade, talento e legitimidade.

E foi assim que, competentemente, a ingênua Mariazinha estudou todos os segredos de como se colocar a mão nas massas, e tão logo adquiriu sua competência nas escolas especializadas, começou seu primeiro emprego na Padaria do Manuel.

Foi ali que Mariazinha começou a viver a própria saga, apenas por acreditar que, na vida, poderia usufruir livremente do direito adquirido de exercer sua competência conquistada: a de elaborar a multiplicação das receitas dos seus diversos e deliciosos pães, sem o palpite incompetente dos "encheridos" metidos a padeiros.

Nota: A fábula é longa, a saga também, portanto, aguardem, que o conto continuará nos próximos capítulos.