O Sábio Malubu

Era uma vez um carcarazinho muito mirrado, desengonçado e espalhafatoso que nasceu como qualquer outro carcará, chamado Malubu. Foi bem cuidado por sua mãe-carcará, Dona Selebu. Dona Selubu, desde cedo cuidava bem de seus quatro filhotes. Mas era muito preocupada com o desajeitado filho Malubu que era curioso e entranhava-se em lugares perigosos.

Malubu crescia e mostrava-se mais inteligente,nais oportunista no bom sentido e mais sábio que seus outros três irmãos, a saber: Olubu, Curoru, e Mesabu. Malubu era o caçula da ninhada, por ter nascido alguns minutos depois, o que sempre provocava desconfiança e inveja dos seus irmãos, e ainda, por se tratar de um carcará curioso que requeria muito cuidado. Seu irmão Olubu, mais velho e o mais invejoso, sempre o tratava com ironia, instigando seus outros irmãos a rirem-se do caçula.

Malubu, aprendeu muito no seu ambiente devido à sua curiosidade instintivamente Ele percebia os lugares mais improváveis para achar cadáveres de animais como lixões e onde outras aves e insetos estavam se movimentando. Aprendeu a plainar mais sabiamente e a ter uma visão mais aguçada que outros. Certa vez, viu um filhote de equino, um jumento, sozinho sem a mãe. Ficou à espreita. Não deu outra. O filhote morreu de desidratação e fome, logo ele foi o primeiro a percebê-lo e chamou sua família e vizinhança para banquetearem-se com o bicho morto.

Ao passo que dava alegria para a família e vizinhança em geral, despertou intriga de seu irmão mais velho, Olubu. Ele não conseguia antever banquetes fartos e sempre chegava atrasado. Nunca recebia destaque e isso o enfurecia. Foi então, que ele pagou um amigo equino para fazer-se de doente e depois fingir-se de morto para ludibriar seu irmão caçula dizendo ao equino:
__ Amigo te indicarei onde você pode encontrar grãos para você se alimentar.
__Obrigado, Olubu.
__ Você só precisa fazer-me um favorzinho.
__ Ih, (relinchando) rapaz, você não vai me colocar numa “boca”, não né?
__ Jamais__disse Olubu
O equino foi até aonde Malubu estava, só que Malubu percebeu que o equino até estava com jeito de doente, cabisbaixo, e cambaleando, mas o semblante estava saudável. Então, ele perguntou para o equino:
__ Amigo, você parece doente nos seus trejeitos, mas seu semblante diz que você é saudável. O que está acontecendo?
__ Eu estou para morrer_ disse o equino.
__ Há algo estranho em você.
___Lógico, estou para morrer.
___Não é isso, não__ disse Malubu

Na sua experiência, deu-lhe milho de uma roça vizinha com seu bico. O equino prontamente, comeu saboreando-o. Malubu disse:
___Quando alguém está para morrer, não come tão bem como você comeu. Me diga, porque você está fazendo essa cena?
Percebendo a sabedoria de Malubu, o equino disse:
__Na verdade foi seu irmão, Olubu, que ia me pagar para ver se você era tão sábio assim mesmo.
___Muito bem, obrigado por ter falado a verdade. Agora, siga seu caminho.
___Obrigado Malubu, Deus te abençoes. (O equino seguiu caminho.)

Malubu embora instintivamente poderia comer bichos vivos, não o fazia; já seu irmão, não tinha disso. Sabendo que seu plano havia sido frustrado, resolveu provar por si mesmo que sabia antever e alimentar o clã e tornar-se o chefão da família. Ficou de butuca averiguando seu próximo prato do dia. Notou que um gambá estava à sua mira e observou que estava cansando e percebeu que seria uma ótima oportunidade de fazer um espetáculo para sua família mostrando o dom de antever seu “lanche” ainda vivo e ser dele antes que os outros o vissem. Chamou sua família e mostrou que tinha antevisto seu “lanche” e de sua família. Em pouco tempo, o gambá, se debruçou no chão. Todos comemoraram, menos Malubu que ficou desconfiado e pediu que todos afastassem-se um pouco, pois Malubu os havia conscientizado a não comer nem um bicho vivo. Foi dito e feito: o gambá estava apensas usando sua técnica de sobrevivência fingindo-se de morto e fugiu assim que percebeu a oportunidade. Ou seja, Olubu, não era nem um pouco perspicaz e ainda era maldoso, pois estava disposto a dilacerar o gambá vivo; por isso passou vergonha e pediu que seu irmão o ensinasse a ter a sabedoria dele. Malubu fez assim: o ajudou com humildade. E Olubu pôde enfim tornar-se perito em antever seu alimento antes que os outros clãs.

Moral da história: é necessário a perspicácia para antever as situações que envolvem nossa sobrevivência. Nota-se também que é preciso muitas vezes aceitarmos ser aprendizes.



Tire outras lições de vida. O texto é rico.
 
Poeta Antonio Ferreira
Enviado por Poeta Antonio Ferreira em 07/02/2018
Reeditado em 06/04/2021
Código do texto: T6247985
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