FÁBULAS RECONTADAS: "A SEMENTE ESMAGADA"

Naqueles dias, em certa comunidade, a infâmia, a opressão, a vilania, a ânsia de lucro sobre a miséria alheia, estavam corroendo a boa esperança de todos.

A maléfica situação chegou a ponto do próprio imperador ter que intervir.

Chegou de surpresa a essa comunidade e convocou toda a população a comparecer no pátio central da cidadela.

Do alto do púlpito, autoritário declarou que "era necessário encontrar uma liderança moral", para se retornar ao bom caminho.

Assim dito, o imperador ordenou que se distribuísse um vaso de terra para cada pessoa.

E disse: "Todos os vasos estão preenchidos em quantidade igual e igual boa terra.

Eu próprio entregarei uma semente para cada pessoa.

Ela devera ser semeada no vaso e cuidada dedicação, amor e afinco.

Os vasos deverão ser devolvidos daqui a três meses.

Aquele que apresentar-me a melhor boa planta da semente semeada, será coroado rei desta cidadela."

E assim foi feito.

Cada pessoa cidade levou para casa um vaso com terra e uma semente para semear e germinar.

Entretanto, os conspiradores da cidadela, os que lucravam com as maledicências, previram que algumas pessoas teriam mais condições de ganhar a graça do imperador.

E mesmo que assim não fosse, a escolha do novo rei estava fora de suas "autoridades"; dificilmente um deles ganharia o reinado.

Essa turba do mal resolveu solapar os planos.

Na calada da noite, na surdina, invadiram às casas casa, agrediram quem recebera o vaso, e esmagaram com as botas toda semente recebida, para que não germinasse.

E ameaçaram de morte quem ousasse contar o acontecido ao imperador.

O medo voltou à cidadela.

Calaram-se todos, amedrontados, considerando que o imperador iria embora da cidadela um dia, e desprotegidos, receberiam as retaliações.

Contudo um simples do povo, sábio na vivencia e na busca pela felicidade geral, honesto, verdadeiro e valente, ficou a remoer as ameaças.

Completado os três meses anunciado pelo imperador, o povo reuniu-se na praça central.

Todos levavam nas mãos um vaso com uma linda planta.

Menos àquele simples do povo;

aquele homem, sábio e valente anunciado acima.

Ele levava nas mãos o mesmo vaso que recebera do imperador há três meses.

Mas, para o espanto geral, sem planta alguma !

Os agentes do imperador deram início à cerimônia.

Em fila, cada pessoa levava ao imperador o vaso com plantas floridas.

Respeitosamente, reverenciavam o imperador e diziam:

"Fiz o máximo que puder".

O simples do povo levou o seu árido vaso sem planta e repetiu:

"Fiz o máximo que pude".

Perplexos todas as pessoas na praça temeram pela vida do homem simples.

"Como podia ele, devolver ao imperador um vaso vazio?"

Seria punido pela ofensa, com certeza.

E, escolhido o novo rei, ele seria perseguido pelo grupo da maldade; como lhes fora ameaçado.

Completada a entrega dos vasos, o imperador desceu do seu púlpito e foi até o homem simples.

Pegou-o com sua mão direita e levou-o ao altar.

E disse o imperador:

"Este é o escolhido para ser o rei;

a ele dou posse e a ele delego toda minha autoridade;

disponibilizando-lhe toda força militar para exercer o seu reinado ."

E continuou:

"Há três meses todos receberam um vaso com terra;

eu próprio entreguei uma semente a cada um;

e somente este homem simples - agora rei;

devolveu-me a verdade."

"Isso porque nenhuma semente poderia germinar, vez que torrei-as antes de entregar a vocês."

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A VERDADE PODE-SE REVELAR DE VÁRIAS MANEIRAS

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Obrigado pela leitura.

Fiquem com Deus.

Sajob, abril de 2015 + 3