Conversando com um Alien

Rayford Porciuncula estava atento a cada detalhe e observava já fazia uns cinco minutos aquela formação rochosa. Parecia possuir o formato de um humano, uma

cabeça grande e as pernas longas demais, sua altura era aproximadamente dois metros e meio. Também havia notado um buraco no chão com profundidade de um metro mais

ou menos, não era muito bom com questões geográficas. Embora fosse um cientista bem conceituado e se encontrava explorando a lua,

não dominava todas as ciências, como a maioria das pessoas pensavam ao seu respeito. Já beirava os 40 anos e finalmente estava realizando

um dos seus maiores sonhos, após um rigoroso treinamento físico. Pois, para ser um astronauta não basta apenas publicar artigos, trabalhar na NASA ou ser reconhecido

no mundo todo, é preciso passar por uma seleção e possuir , também, uma boa saúde física e mental. Talvez a última coisa fosse a mais importante, mas jamais atreveu-se

de transformar esse pensamento em palavras.

Rayford cansou de olhar aquela estrutura esquisita e começou a caminhar para explorar um pouco mais a lua. Depois de dar três passos deu um pulo quando ouviu

um barulho atrás de si, imediatamente girou o corpo e não acreditou no que estava enxergando. O braço direito daquela coisa havia se movido. Se aproximou e fitou

o que parecia ser a cabeça, não percebeu nenhuma alteração. Após uns minutos pensou ser alguma ilusão ótica, afinal de contas, estava na lua. Porém, um som profundo

e gutural soou de dentro daquela coisa:

- Olá, terráqueo, já vai embora? Rayford ficou sem palavras. Certamente estava ficando louco, não era possível uma coisa

desse tipo falar. Mas resolveu se comunicar para ver até onde iria:

- Como vai?

- Estou bem, pronunciou a voz.

- Você é fruto da minha imaginação ou é real? questionou Rayford.

- Sou real humano, se quiser pode tocar em mim. Rayford não gostava da ideia de ficar muito próximo.

- Quem é você e o que faz aqui? perguntou o homem.

- Não pronunciarei meu nome, pois não entenderia. Mas lhe digo que sou o que vocês chamam de extraterrestre, ou também de alien. O que faço aqui já é uma coisa

mais complicada, na verdade, não deveria nem estar conversando com você.

- E porque então está fazendo isso?

- bem, depois de ficar observando por um longo tempo os costumes, a cultura, o idioma e a escrita é natural que surja uma ponta de curiosidade para conhecer vocês.

- É verdade então que ficam vigiando a gente? que

possuem uma tecnologia mais avançada? questionou Rayford.

- Sim e não, terráqueo. Veja bem, estamos cientes da visão que os seres humanos tem sobre nós, seres fora da terra, e achamos cômicas as lendas e histórias que desenvolvem

sobre esse tema. Sim, nós vigiamos a sua sociedade e o modo que vivem, e sim temos uma tecnologia muito mais avançada que permite ficarmos escondidos e impedir

que descubram nossa existência.

- Muitos cientistas não acreditam no senso comum, alguns pensam que se existe um ser mais inteligente que nós já teria entrado em contato, ou deixado algum vestígio, comentou Rayford.

- Não acha ser uma preposição pensar que são os únicos seres dotados com uma inteligência?, perguntou aquela voz profunda.

- Sim, admitiu o homem.

- Pois bem, nós nunca entramos em contato com os terrestres porque temos medo que contaminem nossa raça.

- Como assim? falou Rayford confuso.

- É bem simples de

compreender, na verdade. Após anos de guerra, milhões de pessoas sendo mortas por causa da sua religião ou nação e homens subjulgando outros por causa da cor, o ser humano não

aprendeu nada. Continua praticando os mesmos erros, repetindo as mesmas histórias. Da onde eu venho terráqueo, os seres também erram, mas a diferença é que adquirimos

conhecimento com as falhas e evitamos o máximo possível de fazer de novo. Não escravizamos ninguém, não matamos nossos semelhantes. Não quero dizer que é perfeito,

mas sim que tentamos viver em harmonia e, por consequência, temos tempo para desenvolver a tecnologia e observar outros planetas.

Rayford se encontrava em um estado de perplexidade, ouvir o ponto de vista de uma outra pessoa. Ou melhor, de um outro ser era totalmente diferente.

- Foi bom conversar com você terráqueo, mas preciso fazer outras coisas. Obrigado pela conversa, foi um prazer ter tido um contato direto, e deixo um conselho: se

realmente querem desenvolver uma tecnologia quão boa igual do meu povo, só é preciso desenvolvê-la para o bem, ou seja, em vez de criarem cada vez mais armas comecem

a se esforçar mais para curar doenças terminais. Rayford piscou os olhos e o alien não estava mais ali, percebeu que o buraco havia se fechado e provavelmente era uma entrada.

Caminhou na direção da aeronave pensando em mil coisas, pretendia a partir de hoje ser uma outra pessoa.

Rhaniel Farias
Enviado por Rhaniel Farias em 20/04/2018
Reeditado em 20/04/2018
Código do texto: T6313707
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