Introdução do Contregum Literário

Dizem os templários poços de águas artesanais, que um dia veio forte chuva e inundou a aldeia Borodô. Nessa rasa manhã, não houve caça, pois os homens não conseguiam ver os rastros de animais rasteiros sem se perder. Nos dias seguintes, a fome já anunciava as primeiras vítimas prematuras. Deu-se então que um aldeão, contrariando as leis do tempo e das luzes, saiu à caça de animais para alimentar seu seleto grupo de mortais, abrindo caminhos. Contava este grupo com cerca de seis pessoas. Este homem de quem falamos percorreu muitos lamaçais, abrindo caminhos, até encontrar a primeira chance de salvar da fome o seleto grupo de mortais. Mas suas costas não contavam de asas e ainda assim, pequeno era aquele animal para a sua repentina fome. Partiu em busca de mais chances, abrindo caminhos. Certamente, quando encontrou as serpentes pensou qual gosto poderia ter um animal se este rastejava; as mulheres no cio arrebentavam os quadris como aquelas cobras; às mulheres no cio, não era dado o direito de fazer os movimentos semelhantes aos das danças para a lua. Envergonhado, partiu o homem, mas sempre conferindo se nenhuma estava a seguí-lo, abrindo caminhos. Rejeição sempre causava perseguição...

Quando contam esta história, já sabem sorrir ao anunciar o final. Dizem que o homem da aldeia Borodô já estava quase morto quando um bicho, em quatro patas e de dentes afiados, porém entrelaçados com outra presa, pôs-lhe aos pés animal robusto suficiente para seu seleto grupo e ele se alimentarem. Fruto de uma morte em tocaia, o animal se chamava gato, ao matador foi dado o nome de cachorro, grande traidor da fauna por se deixar domesticar daquela forma. Contam, ao fim dessa lenda, que Ogum anda com um cachorro, mas este não é seu guia: é presa domesticada por Ogum que abre os caminhos.

- conto de introdução do livro Contregum Literário, ainda não publicado.