A Borboleta e o Lírio

“Ao voar por sobre um jardim, uma borboleta avista um velho lírio entristecido por se sentir abandonado. Mas a interação e a amizade que irá crescer entre eles, os ajudarão a descobrir o verdadeiro sentido da vida."

A BORBOLETA E O LÍRIO

Borboleteando por sobre o jardim. Voa a borboletinha azul. Quando a fé avista um velho lírio, assim tão cabisbaixo. A borboletinha voou até ele e perguntou:

– O que foi, amigo lírio? Porque está assim tão triste?

O lírio respondeu:

– Sabe como é, amiga borboleta, a idade vai chegando... O néctar vai secando... O pólen vai se acabando... E assim, todos vão te abandonando...

– Não pense assim, amigo lírio. Não estou eu bem aqui? E alegre-se estamos na primavera! Olha quantas cores! O sol! As nuvens! A brisa refrescante! Não é tudo tão maravilhoso?!

De repente, paira ali perto um beija-flor. Beija uma flor aqui... Outra ali... Mas sem notar o velho lírio bateu asas e foi-se embora. Logo em seguida surgi uma abelhinha. Pousa em uma flor cá... Outra acolá... Mas, também sem notar o velho lírio bateu asas e foi-se embora.

– Não te disse! – choramingou o lírio – Parece que só temos valor quando jovens mesmo!

– O que é isso, amigo lírio! Você sabe como são os beija-flores. Vivem Sempre tão apressadinhos. Deveras! Precisam comer mais do que o seu próprio peso todo o santo dia! Por isso, não dão fé de nada não. E as abelhas, pior! Vivem sempre ocupadas trabalhando. Que não param um só segundo pra descansar! Quanto mais pra conversar! Eu no meu caso, gosto de viver sossegada... Conversando... Ouvido as histórias das flores. Principalmente das mais velhas! Pois para mim, a mais bela arte é a de se doar.

– Que bom, amiga borboleta, que você é diferente, e...

– Aliás! – interrompeu a borboletinha que era muita conversadeira. – Ainda não provei do seu néctar.

– Pois está servida, amiguinha, fique à vontade.

– Ah! Que delícia! – disse a borboletinha saboreando – Dizem que o néctar das flores são como o vinho. Quanto mais velho melhor.

Assim, a borboleta passou a ir todos os dias conversar com o lírio e saborear o seu delicioso néctar. Porém, em um certo dia, a borboleta não apareceu. E passou outro dia... E mais outro... E nada da borboletinha aparecer. O lírio ficou tão triste. Pois gostara tanto da borboletinha. “Decerto ela se esqueceu de mim também." Pensou o velho lírio.

Mas, Então em uma certa manhã. Quando os primeiros raios

de sol iluminavam as gotinhas de orvalho. Pra alegria do

velho lírio, olha só quem apareceu! A borboletinha! No entanto, não estava mais tão alegre, nem radiante como antes.

– Olá, amigo, lírio... des-culpa não ter vin-do an-tes... Te-nho an-da-do meio do-en-te... COF COF COF!

– Oh, amiga borboleta! – lamentou o velho lirío – E eu achando que você tinha me abandonado também. Que tolo fui eu.

A borboleta agradeceu muito ao lírio pelo néctar, que tantas forças lhe dera para depositar seus ovinhos. Ali, uma nova geração de borboletas surgirão para dar seguimento à vida... O lírio, por sua vez, agradeceu muito à borboletinha, por ela ter levado seu pólen para além dos campos. Polinizando novas flores. Ali, novos lírios se abrirão para enfeitar à vida...

Bem, o tempo passou... O inverno acabou... E a primavera por fim chegou. E os nossos amigos, a borboleta e o lírio?

Eles morreram juntos abraçados como prova de seu grande amor e amizade mas os novos lírios e borboletas que vieram, por intermédio deles, deram mais vida é cor àquela primavera.

Trecho extraído do livro A Borboleta e o Lírio

publicado na Amazon.com.br e Uiclap.com.br por João Terranova

joao.terranova@hotmail.com